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Reação

OEA exige recondução ao poder; EUA pedem calma

Folhapress

Washington - Apesar de, ao menos oficialmente, terem sido surpreendidos pela volta de Manuel Zelaya a Honduras, os EUA evitaram condenar o ato, pediram calma a ambas as partes e disseram que o hondurenho era o líder constitucional do país.

Posição mais assertiva foi adotada pelo Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), que aprovou por unanimidade ontem resolução em que pede que o líder deposto seja reconduzido ao poder.

"O conselho exige das autoridades de facto (o regime golpista) plenas garantias para a vida e a integridade física do presidente Zelaya, (...), assim como seu retorno à Presidência da República’’, começa o texto. "O conselho exorta igualmente à assinatura imediata do Acordo de San José. E pede a todos os setores da sociedade hondurenha que atuem com responsabilidade e prudência.’’

Pelo plano, urdido pelo presidente de Costa Rica, Óscar Arias, com o apoio da OEA e dos EUA, Zelaya é reinstalado na Presidência; ambos os lados são anistiados; e Zelaya passa o governo para quem for eleito no pleito de novembro.

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, deve viajar hoje para Tegucigalpa, onde tentará reunir-se com Zelaya e Micheletti.

      Venezuela - Oitenta e cinco dias depois de ter sido preso e expulso de Honduras, o presidente deposto Manuel Ze­­laya voltou clandestinamente on­­tem a Tegucigalpa, onde se refugiou na embaixada brasileira. Com a notícia, alguns milhares de simpatizantes saíram às ruas da capital, onde entraram em confronto com a polícia.

      "Viajei durante 15 horas, superando muitos obstáculos porque havia bloqueios, muita perseguição. Graças ao presidente Lula, temos proteção na embaixada do Brasil’’, disse Zelaya, que antes tentara por duas vezes, sem sucesso, regressar a Honduras.

      Segundo a reportagem apurou, a chegada d e Zelaya ocorreu sem aviso prévio. Pela manhã, a sua mulher, Xiomara Castro, chegou à representação brasileira acompanhada de uma deputada. Ao único diplomata brasileiro em Honduras explicou que seu marido estava do lado de fora e queria se refugiar ali. A entrada do presidente deposto só foi autorizada após consulta ao Itamaraty.

      Ao entrar no prédio da embaixada, Zelaya disse querer ficar sob a proteção do Brasil enquanto tenta criar um "diálogo nacional de reconciliação’’.

      O presidente deposto preferiu ficar na embaixada em vez de ir à residência oficial. Ele foi alojado no escritório do embaixador, que conta com um banheiro privado.

      A chegada de Zelaya a Tegu­­cigalpa foi noticiada primeiro pelo canal venezuelano Telesur, controlado pelo governo Hugo Chávez, o principal aliado do presidente deposto. A informação inicial de que ele estava na representação da ONU levou manifestantes e policiais ao local, provocando pequenos confrontos.

      Minutos depois do anúncio, o próprio Chávez apareceu na Te­­lesur conversando com Zelaya por telefone. Demonstrando co­­nhecimento prévio dos planos do aliado, disse que ele viajou "du­­rante dois dias por terra, cruzando montanhas, rios, arriscando a sua vida’’.

      Informado de que Zelaya não havia se refugiado no escritório da ONU, Micheletti chegou a dizer, em entrevista, que o presidente deposto não estava em Honduras, mas "tranquilo numa suíte de um hotel na Nicarágua (país onde vivia desde a deposição)’’.

      Com a nova informação, logo confirmada, de que Zelaya estava na embaixada brasileira, o governo golpista decretou toque de recolher.

      Ao mesmo tempo, alguns mi­­lhares de simpatizantes se reuniram nas imediações da embaixada brasileira. Zelaya saudou seus seguidores, pedindo "calma’’.

      No final da tarde, Micheletti fez um pronunciamento dizendo que a presença de Zelaya "não muda a nossa realidade’’.

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