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Pessoa andando de bicicleta na beira de um lago com muitas nuvens no céu
Pessoa andando de bicicleta na beira de um lago com muitas nuvens no céu| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo Gazeta do Povo

Chegamos ao fim de maio com mais de 25 mil pessoas mortas pela covid-19 no Brasil. A pandemia do novo coronavírus mostrou-se muito mais séria do que uma “gripezinha”. E tem mostrado a importância da valorização do Sistema Único de Saúde (SUS), dos servidores públicos, do fortalecimento da educação, da pesquisa nas universidades e muito mais.

Também deixa claro que as nossas relações urbanas nunca mais serão as mesmas durante e após a pandemia. Cidades no mundo todo estão agindo com seriedade para repensar a mobilidade urbana, e as bicicletas têm aparecido com destaque nesta nova realidade que se anuncia.

Bogotá aumentou sua malha cicloviária, com ciclovias temporárias. Iniciativas semelhantes são tomadas na Cidade do México, Nova York, Berlim, Londres, Milão, Seattle e em outras cidades.

Chega a ser óbvio! Durante a pandemia é necessário evitarmos locais de aglomeração e o transporte coletivo favorece possibilidades de contágio. Estimular o aumento do fluxo de automóveis tampouco é desejável.

A criação de ciclovias temporárias conectando áreas de interesse e eixos estratégicos da cidade – com espaço amplo para evitar contatos físicos e com sinalização própria para garantir a segurança no trânsito – é a proposta de muitos prefeitos mundo afora.

Além disso, essas estruturas temporárias são uma oportunidade para testar possibilidades permanentes de rotas e conexões que servirão à mobilidade de trabalhadores para que não se exponham em ônibus, trens ou terminais lotados.

Também servirão como alternativa ao estímulo às atividades físicas, tão importantes para a manutenção da saúde individual e a promoção do bem-estar.

Investir na consolidação da bicicleta no cotidiano das cidades traz benefícios à economia, à mobilidade, à segurança pública, ao meio ambiente e, especialmente, para a saúde.

Esses exemplos podem ser seguidos por Curitiba e por várias outras cidades do Paraná e do Brasil, mas pouco tem sido feito.

Nós elaboramos, logo no início da pandemia, um Plano de Contingência em Prol da Mobilidade Urbana contra a Covid-19, destacando a importância da bicicleta como meio de transporte e alternativa de deslocamento em meio à crise da pandemia. O plano foi encaminhado para todos os prefeitos paranaenses. Também conseguimos incluir as bicicletarias na lista de serviços essenciais, tanto no decreto estadual como nos decretos municipais de Curitiba e Maringá.

Porém, medidas mais abrangentes e visionárias devem ser adotadas para reduzir o uso do transporte público e garantir a segurança para que mais ciclistas circulem em nossas cidades. Seguimos pressionando prefeituras e o governo do Estado para aplicar estas normativas.

Precisamos oferecer alternativas e possibilidades para ampliar a infraestrutura cicloviária dos municípios. Transformar faixas de ruas em ciclovias temporárias para que mais pessoas possam pedalar com conforto e fluidez. É preciso implantar nos terminais de ônibus pontos de distribuição de materiais informativos e de limpeza, reparo de bicicletas e uso de torneiras para lavar as mãos. Também é hora de reconhecer como são úteis e importantes os ciclistas que fazem entregas e que carecem de condições dignas de trabalho e de circulação.

O momento exige ação! Estamos diante de uma oportunidade de transformar paradigmas urbanos, de reduzir desigualdades e, ainda, lembrando da campanha do Maio Amarelo, mês da luta pela redução de mortes no trânsito, de garantir investimentos para, de uma vez só, reduzir o contágio da Covid-19, amenizando a pressão no sistema de saúde pública e de aumentar a participação da bicicleta nas viagens urbanas.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e infectologistas, o distanciamento social ainda é a principal recomendação para evitar o contágio. Mas, com todas as angústias e pesares da tragédia que nos acomete, é importante pensarmos em saídas possíveis e necessárias para o enfrentamento do problema. Muitas cidades, organismos e entidades internacionais já sinalizaram que a bicicleta é e será uma dessas alternativas. O que estamos esperando para começar a usá-la da melhor forma possível?

Goura é filósofo, deputado estadual e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa.

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