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Lula ao lado do ditador chinês, Xi Jinping, e presidentes dos países amigos do Brics, em foto oficial após a reunião do grupo, em Johannesburgo.
Lula ao lado do ditador chinês, Xi Jinping, e presidentes dos países amigos do Brics, em foto oficial após a reunião do grupo, em Johannesburgo.| Foto: Ricardo Stuckert/PT/Secom

A China avança nas fragilidades dos Estados Unidos e se posiciona estrategicamente na construção de relações internacionais estruturadas em seu poder econômico e orientadas ao enfraquecimento norte-americano.

Ao longo dos últimos trinta anos, a China desenvolveu políticas industriais e educacionais que, amparadas pelo neototalitarismo, sustentaram a pujança de seu crescimento. E mais recentemente, por influência e articulação chinesa, a expansão dos BRICS ganhou tração e se materializou. De todo modo, é preciso apurar o potencial econômico intrarregional do grupo, que é fortemente orientado ao setor primário.

Em um grupo com países tão heterogêneos, de regimes totalitários, autocráticos, teocráticos e democráticos, é evidente que haverá desafios de sinergia.

É notável o impacto geopolítico e a curiosa relação que será estabelecida pela nova composição dos BRICS com as potências ocidentais, lideradas pelo G7. Ao mesmo tempo, em um grupo com países tão heterogêneos, e não estamos falando apenas de diversidade de superfície, mas de regimes totalitários, autocráticos, teocráticos e democráticos, é evidente que haverá desafios de sinergia.

O caminho passa pela observação de aspectos comuns entre os membros e pelo desenvolvimento de estratégias que objetivamente os impulsione para além de suas diferenças. É possível, também, que o grupo construa alternativas ao domínio dos Estados Unidos no sistema financeiro internacional e que gerencie os pagamentos oriundos do comércio intrarregional em suas moedas. Esse movimento fortaleceria, principalmente, o processo de internacionalização da moeda chinesa, em andamento desde 2009 e, além disso, a figura do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) dos BRICS.

O comportamento dos Estados Unidos no conflito do Iêmen e a repercussão das violações aos Direitos Humanos por parte da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, também tem colocado em perspectiva a necessidade de diversificação de alianças na península Árabe. Integrar os BRICS é, portanto, estratégico aos países do Golfo e comunica a disposição de manterem suas influências regionais sem se curvarem a determinações exógenas.

O Irã, por sua vez, lida com sanções internacionais desde 1979 e enfrenta forte oposição na região, inclusive, por parte da Arábia Saudita. Mesmo assim, sob influência econômica da China, que investe bilhões naquele país, os persas têm estreitado suas relações diplomáticas com os árabes e cooperado em temas de comum interesse, inclusive para os chineses.

Para o Brasil, a ampliação de seu potencial geopolítico e a construção de uma conjuntura internacional favorável à sua participação como membro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), pode justificar seu empenho na expansão dos BRICS. A Rússia, por sua vez, se move em forte contraponto às sanções impostas pelos países ocidentais e ao sistema de freios e contrapesos estabelecidos pelos Estados Unidos e seus aliados, em função da invasão à Ucrânia. E a China, como principal articuladora do enfraquecimento dos Estados Unidos e da construção de uma nova ordem global, fortalece sua influência arregimentando países postos à margem pelo ocidente.

Kaio Cézar de Melo é mestrando em Administração e diretor executivo das empresas Braver e Plucky.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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