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Em 2024, eleitores escolhem prefeitos, vice-prefeitos e vereadores
Em 2024, eleitores escolhem prefeitos, vice-prefeitos e vereadores| Foto: Divulgação/TSE

Estamos, mais uma vez, em ano eleitoral. A “festa da democracia brasileira” começa a ter seus contornos: pré-candidaturas, listas partidárias sendo montadas, legendas correndo atrás de candidatos… Tudo em conformidade com o roteiro, porém, você já parou para pensar como o momento pré-eleitoral organiza e até mesmo define uma ou mais eleições? Falo da teatralidade de certos candidatos e como eles colhem vantagens no pós-eleição, sendo, muitas vezes, vitoriosos sem sequer terem sido candidatos de fato.

Nesta época do ano, vemos, com frequência, o surgimento daquelas figuras que sempre aparecem numa eleição e, muitas vezes, nunca saem candidatas. O exemplo mais emblemático é o do jornalista e apresentador José Luiz Datena: ano após ano, Datena se coloca à disposição para participar do pleito, porém, sempre acaba desistindo. No caso do apresentador, talvez o que ocorra seja uma insegurança que o leva a desistir, porém, candidatos assim existem aos montes e, muitas vezes, a lógica é bem clara: a pessoa se coloca à disposição para chamar atenção da sociedade e dos grupos políticos, almejando um melhor encaixe no jogo eleitoral.

No jogo da política brasileira, as eleições sempre são um grande palco italiano onde a teatralidade dos políticos aflora e desfila.

Diversas vezes, o pré-candidato é um vereador que sabe que não ganhará como prefeito, mas almeja ser vice-prefeito. Em outros casos, a ideia é a troca de apoio, pois aqueles 2% ou 3% podem fazer diferença numa eleição apertada. O pré-candidato mostra seu potencial almejando que alguém o procure para que ele desista da candidatura própria em troca de uma participação na futura gestão. A grande questão aqui não é, necessariamente, participar da eleição diretamente, mas sim garantir frutos provenientes dela de forma direta ou indireta.

Além dos pré-candidatos que quase nunca saem candidatos, temos também os políticos que sempre saem e nunca ganham. A lógica é, basicamente, a mesma: muitas vezes o político sai candidato só para mostrar seu “poder de fogo” e, regularmente, trocando apoio no segundo turno. A ideia aqui é ter uma barganha maior, participando mais ativamente da gestão e montando uma estrutura futura para uma eleição futura. Um exemplo extremamente válido é o de Simone Tebet, do MDB, que saiu candidata à Presidência da República e hoje é ministra do Planejamento e Orçamento no governo Lula.

Ainda sobre esse ponto, muitos dos candidatos já são políticos em exercício, ocupando cadeiras na esfera estadual e federal, o que leva a questionar: qual o sentido da candidatura? A resposta é simples: reeleição! Além da estrutura política que pode ser montada através da barganha de cargos e participação na gestão, é válido ressaltar que a memória eleitoral é algo muito sensível, visto que parte significativa dos eleitores não lembra em quem votou nas últimas eleições. Dessa forma, o político que aparece no “meio do caminho” tem mais chance de ser lembrado. Um caso interessante é o do ex-prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, que perdeu sua reeleição para Rafael Greca em 2016, porém, foi o deputado federal mais votado em Curitiba no ano de 2018, com 80.307 votos.

No jogo da política brasileira, as eleições sempre são um grande palco italiano onde a teatralidade dos políticos aflora e desfila, porém, não podemos perder de vista os bastidores, pois é na coxia que o jogo acontece.

Pedro Felipe Silva é Cientista Político, com especialização em Políticas Públicas e acadêmico de Direito.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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