• Carregando...

O setor produtivo deve não apenas estar pronto para cooperar com o poder público, apresentando críticas e sugestões que contribuam para o desenvolvimento do país, como também para apoiar medidas corretas que conduzam a este objetivo comum. A decisão do governo federal de excluir por decreto as áreas privativas inseridas nas poligonais dos portos organizados (portos públicos), a fim de destravar os investimentos em Terminais de Uso Privado (TUPs), enquadra-se no rol de acertos recentes, no que diz respeito ao importante segmento de logística portuária.

Pelo que foi divulgado até o momento, o decreto inaugural de exclusão será relativo apenas à poligonal do Porto de Paranaguá, no Paraná. Mas tudo leva a crer – e é esta a expectativa de players e investidores do setor – que a medida seja estendida a outras regiões do país, com previsível sucesso. Válido é lembrar que, apenas em Paranaguá, o fim das dúvidas envolvendo esta questão permitirá a concretização de mais de R$ 4 bilhões em investimentos em terminais privados, no curto prazo.

Empreendedores seguem investindo no setor de logística portuária porque sabem que há demanda a ser atendida

Como sabemos, os portos públicos estão atrelados a regime jurídico específico, distinto dos terminais privativos, e a abrangência desses pelas poligonais gera grande grau de incertezas, adiando a efetivação de projetos já definidos e indispensáveis para o aumento da oferta de serviços portuários. De início, o governo vinha procurando delimitar as áreas dos portos por meio de consultas e audiências públicas, mas, devido à dificuldade de uma definição técnica, optou – acertadamente – por fazê-lo mediante decreto.

Cabe lembrar que a nova Lei dos Portos (Lei 12.815/2013) não impõe as audiências públicas, tendo sido essas apenas uma preocupação adicional com o intuito de ampliar o debate. Com o precedente de Paranaguá, a expectativa agora é que os decretos das poligonais sejam adotados para outros portos, em todo o país. O setor de logística portuária vive um momento de grande dinamismo, não obstante o período de retração na economia.

O setor é decisivo porque é pelos portos que passa mais de 95% de nosso comércio exterior. Grande parte dos terminais nacionais apresentou bom desempenho em 2015, superando não apenas a recessão, mas também os obstáculos estruturais que a nova leva de investimentos vem destravando. Houve registros de números positivos, com aumento de movimentação em Santos (diferentes terminais), Rio Grande (RS) e Itapoá (SC), entre outros.

Os investimentos seguem sendo anunciados, abrangendo desde novas instalações até obras de dragagem e alargamento dos canais de acesso, que são capitais para a garantia da eficiência da logística portuária. Há novos projetos em evolução de norte a sul, a começar pelos terminais do Pará, como Vila do Conde, Outeiro e Santarém, até o extremo sul, passando por Suape (PE), Vitória e Sepetiba (RJ).

Empreendedores seguem apostando e investindo no setor de logística portuária porque sabem que ainda há grande demanda a ser atendida, e porque acreditam que o país, apesar de uma conjuntura desfavorável, mantém a sua indissociável vocação para o crescimento. A aposta do setor privado será tão maior quanto maiores forem os acertos por parte do poder público. A opção pelos decretos, na definição das poligonais dos portos, desde que seja feita com critérios técnicos e transparentes, constitui um grande estímulo a este círculo virtuoso.

Roberto Lopes é diretor de Investimentos e Operações da Logz – Logística Brasil S.A.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]