Comissão especial da Reforma da Previdência.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil se encaminha para fechar um período de 40 anos com duas décadas perdidas. Apesar de ainda termos de contabilizar os anos de 2019 e 2020, mas já com base na expectativa dos economistas, não está difícil de se esperar que teremos mais uma década decepcionante, com um crescimento pífio, ao redor de 9% – praticamente metade do que crescemos na década de 1980, conhecida como a "década perdida", quando o crescimento foi pouco superior a 18%.

CARREGANDO :)

Esta constatação foi divulgada num recente estudo publicado pela Goldman Sachs (a mesma que criou o termo "Brics", em 2001) chamado Brazil: Two lost decades in forty years – Could it lose half a century?, no qual se comparara o crescimento do PIB no Brasil em três períodos de 40 anos consecutivos (1900-1940, 1940-1980 e 1980-2020). Sabemos que em um período tão longo, e em momentos históricos tão distintos, não é tão simples utilizar o PIB como métrica de avaliação de desenvolvimento econômico, mas estes resultados são, sem dúvida, uma provocação para avaliarmos o que queremos do Brasil no futuro.

Precisamos pressionar o Congresso para aprovar a Nova Previdência

Publicidade

Entre 1900 e 1940, o PIB brasileiro cresceu 461%, com crescimentos superiores a 50% em cada uma de suas décadas. Já entre 1940 e 1980, o crescimento do PIB foi ainda maior e chegou a 1.436%, o que dá uma média de crescimento anual de 7%. Estamos próximos de fechar o terceiro período de 40 anos, de 1980 a 2020, quando não devemos chegar a 140% de crescimento do PIB, tendo ainda, na última década deste período (2010-2020), um desempenho que foi a metade do resultado da década de 1980.

Não concordo plenamente com a comparação simplista do PIB entre os períodos apontados no estudo – aliás, preciso fazer justiça e mencionar que os autores também fazem várias ressalvas a este conceito –, mas é difícil ficar indiferente às constatações divulgadas, especialmente em se tratando do Brasil, o país onde vivemos e que queremos deixar do melhor jeito possível para nossos filhos e netos.

Já está mais que na hora de a sociedade brasileira se mobilizar para virarmos a mesa e fazermos as coisas mudarem de fato. Entendo que as mudanças já começaram com o combate à corrupção que vimos nos últimos anos, e cuja continuação precisamos apoiar. Precisamos, contudo, pressionar o Congresso para aprovar a Nova Previdência (notem que já mudei e, intencionalmente, não a chamei de "reforma da Previdência"). Não que a ela sozinha vá resolver todos os problemas e gargalos do país. Mas, sem ela, não conseguiremos nem sequer sobreviver economicamente em pouco tempo. Precisamos nos mobilizar e esclarecer às pessoas ao nosso redor que, eventualmente, ainda não estejam convencidas da necessidade da aprovação da Nova Previdência, e garantir que a maioria da população pressione o Congresso para aprovar uma Previdência viável para o Brasil.

Opinião da Gazeta: A reforma da Previdência não aceita mais desperdício de tempo (editorial de 13 de junho de 2019)

Leia também: As emendas à reforma da Previdência (artigo de 3 de junho de 2019)

Publicidade

Aprovada a Nova Previdência, partiremos para novos aperfeiçoamentos para garantir a segurança jurídica e a viabilidade econômica de se investir no Brasil. Entre eles, podemos mencionar a reforma tributária, que também é urgente; a reforma política e a redução do Estado, entre tantas outras ações que podemos discutir para buscar a melhoria do ambiente de negócios no Brasil. Eu já comecei a minha parte. Além de ser um otimista contumaz com o futuro do Brasil, tenho procurado esclarecer as pessoas ao meu redor sobre a importância da aprovação da Nova Previdência para garantirmos a viabilidade do país no futuro próximo. Ela será um grande passo para que a recuperação econômica aconteça de fato, além de ser um marco importante para as demais mudanças que precisaremos promover para que o Brasil se torne realmente um país atrativo ao mundo dos negócios.

Jorge Sukarie é vice-presidente do conselho da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes).