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Quem é professor sério e comprometido com o seu trabalho sabe que o sucesso para o exercício do magistério não se realiza sem articulações vigorosas, assentadas em bases firmes. Esta certeza é, dia após dia, auferida pela experiência dos alunos exigentes e dos professores dedicados. É assim que a teoria e a prática mostram a existência de quatro pilares formando uma estrutura inabalável: a formação docente, as condições de trabalho, um projeto educativo pautado nas especificidades dos escolares e, principalmente, na parceria entusiasmada entre professor, comunidade escolar e a família dos alunos.

Esta reflexão, infelizmente, por uma questão de espaço enfatizará a formação docente. No entanto, não basta apenas contarmos com uma boa formação teórica para auferir sucesso no exercício do magistério. É preciso estabelecer uma articulação firme entre os demais pilares para entender a razão do sucesso ou insucesso.

Até hoje recordo minhas primeiras professoras, cujos nomes aqui indicados marcam a dívida e o orgulho que tenho por ter sido uma de suas alunas: Aurélia, Noêmia, Celina e a inesquecível Tomásia. A professora Celina foi regente por duas séries consecutivas – e dela conservo não apenas a lembrança ativa em sala de aula, mas também o amor ilimitado à profissão que, mais tarde, igualmente, abracei. Essas mulheres eram exemplares professoras e serviram de modelo para mim.

Não é nada fácil aliar as condições ideais para o exercício do magistério, mas não é impossível ser um bom profissional do ensino. É preciso, em primeiro lugar, assumir a condição de professor e desejar ardentemente compartilhar com os demais um saber, um conhecimento específico. É esse desejo que faz muitos jovens optarem pela carreira docente e nela encontrarem sentido para suas vidas. Pois bem, assumido o desejo, é necessário investir seriamente nos estudos e manter essa chama de aprendiz permanente, caso contrário o desejo se transformará em uma carga de sofrimento, de múltiplas insatisfações.

É preciso entusiasmo para o trabalho – e não há professor envolvido sem a exata compreensão das suas funções, das suas responsabilidades de docente, de mediador dos conhecimentos às crianças, aos jovens e também aos universitários.

Não bastam, entretanto, apenas desejo e preparo. É necessário que as condições de trabalho sejam favoráveis para o exercício das atividades. A remuneração condigna, o tratamento respeitoso da sociedade, o prestígio da família dos escolares, são igualmente importantes. Esses fatores vão se unindo a uma opção de vida e são componentes que fazem desse professor um sujeito ativo, assertivo e importante à sociedade.

Não há quem duvide da importância da figura do professor. Sem nenhuma idéia quixotesca, para mim ele é o pastor das pequenas ovelhas da sociedade; ele as conduz pelos caminhos dos conhecimentos e os defende das tempestades advindas por esses vagalhões antiéticos, expressões mais do que vivas da degenerescência do ser humano.

Animado e apoiado nos pilares mencionados, o professor bem formado teoricamente é capaz de empreender um projeto de trabalho educativo que arregimenta soluções aos problemas da educação. É ele que opera em sala de aula e rege um pressuposto concerto de ideais, métodos e conteúdos. Encorajado pela rotina escolar, entrecortada por dias nem sempre fáceis, o professor perceberá o seu papel pró-ativo e investirá no alcance certeiro da sua profissão: a formação educativa de seus alunos.

Na sociedade atual nem todos os professores conseguem honrar a profissão escolhida. Alguns porque optaram equivocadamente; outros porque são operários mal pagos. Para sobreviver, a maioria, saltita entre uma escola e outra – e muitas vezes entre uma revenda de produtos para conseguir pagar as contas. Este profissional do ensino é um operário descontente, pois vive dentro de um quadro de instabilidades, de pouco caso, tanto daqueles que com ele convivem, quanto dos que encimados nos palanques eleitorais ou nas salas e gabinetes de Brasília. Ele e toda a sociedade esperam um sistema que priorize a qualidade e não as controvertidas situações vividas na escola brasileira, apoiadas na abnegação e na improvisação de metodologias.

Doralice Araújo é professora.

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