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Atualmente é muito comum utilizarmos o termo sustentabilidade em diversos contextos, especialmente quando nos referimos ao meio ambiente e ao crescimento econômico. Quando afirmamos que algo é sustentável significa que pode ser sustentado ao longo do tempo. Nesse sentido, vale refletir o que torna a sociedade passível de se sustentar ao longo do tempo de forma saudável e humana. Famílias comprometidas e estáveis são essenciais para a sustentação de uma sociedade sadia.

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A família é o primeiro lugar onde a pessoa aprende a ser pessoa e a se relacionar com os demais. Famílias comprometidas e estáveis têm vínculos mais fortes: cria-se um ambiente propício para que haja a confiança necessária para um desenvolvimento mais humano de cada um dos seus membros e o respeito devido a dignidade inerente de cada pessoa. Nesse tipo de ambiente, as pessoas aprendem a se relacionar de forma saudável, o que as ajudará a desenvolver as habilidades necessárias para manter relações saudáveis em outros ambientes de convivência.

A instituição familiar é atualmente a grande desassistida dos sistemas jurídicos

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Também é no interior das famílias que se transmite a cultura de um povo. Se falamos em sustentabilidade social, econômica e ambiental, e não inserimos a cultura como fator operativo do conceito de sustentabilidade, acabamos por cair em abstrações de difícil resolução. É através da transmissão de uma cultura rica em valores de cidadania que se pode formar cidadãos aptos a realizarem a sua vida de forma sustentável e equilibrada: o que levará, naturalmente, a uma sociedade igualmente sustentável e equilibrada. A família é o habitat natural onde se transmitem os valores e a cultura de uma nação.

Mas o que fazer quando o panorama é desfavorável? A instituição familiar é atualmente a grande desassistida dos sistemas jurídicos. Em parte, porque os governos não se dão conta do potencial papel das famílias na resolução de boa parte dos problemas sociais (drogas, violência, abandono, educação, saúde, etc.), e em parte porque há uma grande dificuldade de se passar da retórica para a ação (muitos políticos reconhecem o papel social da família, mas não sabem como ajudá-la na prática).

O processo de empoderamento das famílias passa pela remoção de todas as barreiras a sua participação ativa na sociedade, especialmente com relação à moradia, à saúde e à educação. Quando as famílias não possuem o mínimo para a sua subsistência, elas deixam de olhar para a pessoa como meta, e passam a focar apenas no mínimo que lhes falta: comida, moradia e doenças. É essencial que os tomadores de decisão conheçam e utilizem uma perspectiva de família sempre que precisarem decidir sobre algum tema. Da mesma forma que se avalia qual será o impacto econômico ou ambiental de cada medida, é necessário refletir também sobre qual será o impacto sobre as famílias.

Leia também: Casamento e bem comum (artigo de Carlos Adriano Ferraz, publicado em 14 de outubro de 2018)

Nossas convicções: O valor da família

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A partir de uma perspectiva de família é importante que se realizem estudos para identificar as reais necessidades das famílias no Brasil. Tais estudos, baseados em evidências, ajudam a retirar o assunto família do campo ideológico e a considerá-lo como ponto de encontro para a criação de consensos. Alguns princípios norteadores são: a política ou programa deve ajudar e não substituir as famílias em suas responsabilidades; promover e reforçar o compromisso conjugal e parental; reconhecer a interdependência das relações familiares; empoderar as famílias através de programas; reconhecer a diversidade existente em cada família; e apoiar as famílias mais vulneráveis.

Não pode haver desenvolvimento sustentável sem um olhar atento sobre quem é o ser humano. A pessoa humana é tão autora de desagregação social quanto de desenvolvimento humanizado e sustentável. Cada ser humano agregará mais valor e humanidade às suas ações na medida em que tiver aprendido e crescido em um ambiente humanizado e rico em valores. Eis o ciclo virtuoso que todos desejamos para nosso Brasil.

Lígia Miranda de Oliveira Badauy é cientista política e especialista em Matrimônio e Educação Familiar.