Imagem ilustrativa.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo
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O Dia Mundial do Meio Ambiente comemorado nesta semana teve como foco a busca por soluções para a poluição plástica. A questão está diretamente ligada a um dos problemas ecológicos mais preocupantes, que é o referente à água, pois já há mais de 150 milhões de toneladas desse material nos oceanos, volume que pode triplicar até 2040, segundo estimativas contidas em artigo publicado em 2020 pela National Geographic.

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Não apenas os plásticos, mas numerosas outras substâncias oriundas de esgotos e efluentes não tratados, ou até tratados, mas que por falha de uma legislação ambiental adequada contaminam os oceanos, mananciais hídricos superficiais e subterrâneos, ameaçam o abastecimento de um recurso que tende à escassez. Segundo a Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reuso de Água (ALADYR), 97,5% de todas as águas existentes no planeta são salgadas e apenas 2,5%, doces. Somente 0,007% estão disponíveis para o consumo humano e, hoje, a Terra tem aproximadamente a mesma quantidade de água de quatro bilhões de anos atrás, para suprir uma população que já ultrapassa a oito bilhões de habitantes.

A gravidade da poluição, que coloca em risco o abastecimento de água, a saúde pública e o meio ambiente, enfatiza a necessidade da correta gestão de efluentes urbanos.

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O relatório Situação da Água Potável no Mundo, produzido e divulgado no final de 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Banco Mundial (Bird), mostra que a universalização do acesso à água ainda está distante. Um quarto da população mundial, o equivalente hoje a dois bilhões de pessoas, não tem o fornecimento regular e adequado. A carência, em linhas gerais, deve-se à falta de investimentos em infraestrutura de saneamento básico, a poluição, que reduz a oferta de água potável, e ao desperdício.

A contaminação dos mananciais ocorre quando lagos, rios e as águas subterrâneas, e os oceanos são depositários de vários tipos de substâncias químicas fora de sua composição original, que modificam suas propriedades tornando-as insalubres, prejudiciais à vida e, portanto, inúteis para a pesca, agricultura, recreação e consumo.

Há, ainda, os contaminantes emergentes, definidos pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) como produtos químicos ou materiais que apresentam risco potencial à saúde humana ou ao meio ambiente e para os quais ainda faltam requisitos legais e regulamentação como poluentes. É o caso de microplásticos, de alguns produtos químicos como o polifluoroalquil, produtos de higiene pessoal, farmacêuticos, drogas, fertilizantes, pesticidas, solventes, entre outros.

A gravidade da poluição, que coloca em risco o abastecimento de água, a saúde pública e o meio ambiente, enfatiza a necessidade da correta gestão de efluentes urbanos e industriais para se promover a descontaminação. Em nosso país, entretanto, segundo o Instituto Trata Brasil, as estatísticas nesse sentido são preocupantes: apenas 51% dos esgotos são tratados e 44,2% da população, ou 100 milhões de pessoas, não têm acesso a coleta. Além disso, 35 milhões de habitantes sofrem com falta de água potável. Como resultado direto da precariedade do saneamento básico, tivemos 130 mil internações hospitalares em 2021 devido a doenças de veiculação hídrica.

Os números demonstram a premência dos investimentos na universalização dos serviços de água e esgoto, estimados em mais de R$ 800 bilhões até 2033 pela Associação e Sindicato das Operadoras Privadas de Saneamento (Abcon/Sindcon). Outra vertente fundamental é ampliar o volume de empresas que tratam seus efluentes e principalmente realizam o reúso deste recurso tratado em seus processos produtivos, de limpeza, sistemas de resfriamento entre outros, num processo de economia circular, que minimiza o lançamento de contaminantes nos corpos receptores, reduz o consumo de água nobre da concessionária pública ou captação de um local que serve de abastecimento humano, gerando com tudo isso elevados ganhos econômicos e ecológicos e sociais.

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É crescente o compromisso das empresas no sentido de evitar que sua atividade prejudique o meio ambiente, contamine e degrade o solo e cause danos à saúde pública. Quantas mais forem as organizações que exercitarem essa responsabilidade, menor será o desperdício de água, maior será a oferta e melhor será a qualidade dos rios, lagos, mares e do solo. Sem água não há futuro para a humanidade.

Diogo Taranto, engenheiro e especialista em Gestão e Tecnologias Ambientais, é diretor de desenvolvimento de negócios do Grupo Opersan.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]