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"Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou". Eis a boa-nova anunciada por Jesus, sublinhada por João Evangelista e retomada recentemente pelo Papa Bento XVI, em sua encíclica Deus Caritas est. O contexto do diálogo de Jesus com os discípulos é de despedida, tendo no horizonte o mistério da cruz e a continuidade da missão. . A cena evoca a realidade de tantos pais e mães que, na iminência da partida, reúnem os filhos e, com emoção, transmitem-lhes as últimas recomendações de vida. Quantos filhos não ouviram e guardaram com carinho as palavras: "Permaneçam unidos, querendo sempre bem uns aos outros". Assim como a união dos irmãos eterniza a recomendações dos pais, a comunidade eclesial é o lugar por excelência da vivência do mandamento do amor deixado por Jesus.

A partir desse mandamento, o cristão encontra o caminho do seu viver e da prática do amor. "Na comunidade dos fiéis, nós experimentamos o amor de Deus, sentimos sua presença e aprendemos deste modo também a reconhecê-la na nossa vida cotidiana. Ele amou-nos por primeiro, e continua a ser o primeiro a nos amar, por isso também nós podemos responder com o amor. Deus não nos ordena um sentimento que não possamos suscitar em nós próprios. Ele nos ama, faz-nos viver e experimentar o seu amor, e desta antecipação de Deus pode, como resposta, despontar também em nós o amor (Bento XVI, Deus Caritas est, nº 17). Os discípulos, na qualidade de escolhidos e de amigos de Jesus, vinculados à sua pessoa e missão, devem amar como Ele amou.

"Não existe maior amigo do que dar a vida pelos amigos". Fazer de sua vida um dom total de amor, sem limites nem condições. A cruz é a expressão máxima da vida vivida no serviço aos outros. Aquele que aceita o discipulado participa do destino do Mestre, vive com Ele uma relação tão íntima que chega a dar a vida pelos amigos. Na perspectiva do mandamento do amor, a missão da comunidade dos discípulos missionários adquire nova dimensão. O discípulo é chamado ao serviço e também enviado para ser missionário do Reino. "Eu não chamo vocês de empregados": a comunidade dos discípulos não se caracteriza como um grupo de assalariados, de contratados para executar as ordens do seu senhor.

É a comunidade dos amigos que livre e corresponsavelmente, cheia de alegria e entusiasmo, colabora na tarefa comum. " Eu os escolhi e destinei para ir e dar fruto,e para que o fruto de vocês permaneça". O fruto revela a identidade e a natureza de uma árvore. Identificados com Cristo e como pessoas adultas, livres e responsáveis, os discípulos produzirão os frutos do amor, animados por seu Espírito. O amor, por natureza, é gratuidade. Não é mera exigência. Os discípulos serão uma presença significativa, à medida que se dispuserem a amar aqueles pelos quais Deus tem particular afeição.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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