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Porto de Paranaguá espera aumento de 200% no escoamento em ritmo acelerado
Porto de Paranaguá espera aumento de 200% no escoamento em ritmo acelerado| Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

A falta de armazéns para estocagem de quase metade do que foi colhido na safra recorde de 2022/23 e a chegada do novo ciclo pressionam a agricultura paranaense a realizar o escoamento de milhões de toneladas de soja nos próximos 90 dias até o Porto de Paranaguá sob o risco de perder a produção. A nova regra no setor é vender e escoar a soja o mais rápido possível.

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Para abrir espaço nos silos e armazéns de olho no próximo cultivo que já está no campo, muitos produtores rurais e cerealistas resolveram intensificar a comercialização, considerando também que a valorização do cereal não veio e a saca segue cotada em cerca de R$ 130. A expectativa era por uma reação nos preços e a repetição do cenário com a saca a quase R$ 170, valor de mercado do produto no mesmo período de 2022.

“Muitos produtores estavam esperando uma possível valorização que não veio, não no ritmo do ano passado e retrasado. Esperavam o melhor momento mas como precisam dos estoques para safra em aproximadamente 90 dias quando toneladas de soja começam a ser colhidas, não restou outra alternativa senão vender o que estava guardado”, avalia o analista de mercado e economista Rui São Pedro.

Por todo o estado, muitas unidades recebedoras de grãos tiveram que improvisar a estocagem ou investir em silos bolsas, mesmo assim, não há mais para onde expandir o armazenamento. “Essa tem sido uma reivindicação antiga e neste ano fomos ao Ministério da Agricultura pedir mais verbas no financiamento agrícola para construção de armazéns, uma deficiência grave que temos e que precisa ser resolvida para trazer mais segurança no campo”, reivindica o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara.

Essa intensificação no movimento das exportações já é observada nos portos do Paraná, principalmente em Paranaguá, que devem embarcar mais de 3,6 milhões de toneladas da oleaginosa somente de outubro a dezembro de 2023. “O volume, se confirmado, representará um crescimento de 203% em relação ao mesmo período de 2022 quando foram embarcados 1,2 milhão de toneladas de soja”, compara o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

Dilvo Grolli, que é presidente da Cotriguaçu, cooperativa central que reúne algumas das maiores do Brasil no segmento e com sede em Cascavel, no Oeste no Paraná, constata que penas 45% da produção de soja haviam sido comercializados até agosto, volume inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Segundo Grolli, há pouco mais de um mês, os silos e os armazéns paranaenses seguiam com mais de 10 milhões de toneladas, diante de uma produção que foi de 22,5 milhões de toneladas na safra passada. A produção estadual foi de 80% maior que o registrado no período 2021/22, quando o Paraná passou por uma seca histórica e colheu 12,45 milhões de toneladas.

“Temos um déficit histórico em armazenagem que soma de 110 a 120 milhões de toneladas [no Brasil] e por isso, para abrir espaço para novas safras, é preciso comercializar. Porém, muito dessa deficiência de estocagem ocorre em função do nosso aumento de produção. Só de 2021 a 2023, aumentamos 70 milhões de toneladas em produção”, analisa Grolli.

Em 2021, o Brasil colheu 251 milhões de toneladas de grãos, no ciclo 2022/2023, encerrado no meio deste ano com um total de 320 milhões de toneladas. “De janeiro a agosto de 2023 foram exportadas 10,1 milhões toneladas de soja, 10% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. Atualmente, a movimentação de soja representa 25% da movimentação geral dos portos paranaenses”, acrescenta.

O Paraná é o segundo maior produtor do cereal do Brasil, atrás apenas do estado do Mato Grosso que no ciclo passado produziu pouco mais de 45 milhões de toneladas. Em todo o território nacional, o grão rendeu 154,6 milhões de toneladas e deu ao Brasil o título de maior produtor de soja do mundo.

Outro segmento que movimento o mercado é o transporte do farelo de soja. “A empresa pública deve movimentar 1,4 milhão de toneladas do produto de outubro a dezembro, 72% a mais que no mesmo período do ano passado”, projeta o diretor-presidente da Portos do Paraná.

Porto de Paranaguá está mais preparado, avalia administração

Do ponto de vista da logística, o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, analisa que o cenário de ampliação de transporte sofre influência de uma série de fatores, entre eles, o crescimento do próprio calado, que é a profundidade em que os navios carregados podem ficar submersos na água. “Esta mudança proporcionou mais segurança logística e atraiu navios de maior porte ao Litoral do Estado”, avaliou.

A atuação dos dois Corredores de Exportação, Leste e Oeste também contribuem para esses números. No primeiro semestre deste ano, o Corredor Leste do Porto de Paranaguá, por exemplo, registrou a maior movimentação de cargas em meio século.

Agora, a grande expectativa está na construção do novo Moegão, que promete uma dinâmica diferenciada e mais eficiência no recebimento de cargas por trens, o que deve ampliar o transporte pelo modal ferroviário. Atualmente apenas 15% do que chega ao Porto de Paranaguá é escoado pela linha férrea, quando a nova estrutura passar a operar, em 2026, a expectativa é que o transporte de cargas por trem passe a representar 50% do volume.

Plantio da soja se intensifica no Paraná

As estimativas de área e de produção indicam que o Paraná deverá se manter como o segundo maior produtor de soja do Brasil. Os produtores iniciaram o cultivo em 10 de setembro com uma área de 5,8 milhões de hectares destinada ao cereal, mas a expectativa de produção é menor em relação ao registrado na safra de 2022/23 e deve chegar, segundo estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral), a 21,9 milhões de toneladas.

“A safra passada foi excelente, tudo contribuiu, mesmo assim temos tudo para ter novamente uma safra cheia e assim esperamos que ocorra, mas é claro, dependemos dos fatores climáticos. Neste ano, temos a influência do El Niño que no Sul provoca um aumento de chuvas, vamos observar e torcer que as condições sejam favoráveis e colaborem com os resultados lá na frente”, projeta o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara.

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