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Agente municipal de trânsito de Cascavel.
Agente municipal de trânsito de Cascavel.| Foto: Divulgação / Transitar

Assim como Curitiba e Londrina, Cascavel também implantou medidas de segurança no trânsito alinhadas com o Programa Visão Zero, no qual nenhuma morte no trânsito é considerada aceitável. E, nesta Semana Nacional do Trânsito, a cidade anunciou os resultados das medidas com a quebra de um recorde: a meta de redução nos óbitos no trânsito prevista para ser atingida em uma década foi batida em dois anos.

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O Visão Zero é um movimento global iniciado na Suécia em 1997 que trabalha com a premissa de que mortes e feridos nas ruas e estradas são inaceitáveis e evitáveis. A iniciativa se baseia em um sistema que reconhece a segurança no trânsito como resultado das relações não só entre motoristas e pedestres, mas também com agentes públicos que projetam e fiscalizam as vias.

Em Cascavel, o trabalho coordenado entre diversos setores do trânsito é considerado por Simoni Soares, presidente da Autarquia Municipal de Trânsito de Cascavel (Transitar), como o responsável pelos bons números atingidos na cidade. Em entrevista à Gazeta do Povo, ela deu mais detalhes sobre a mudança na forma como as ocorrências de trânsito passaram a ser tratadas em Cascavel.

Excesso de velocidade é a causa de 90% das mortes no trânsito em Cascavel

De acordo com Simoni, a adoção de estatísticas de trânsito no planejamento urbano da cidade trouxe informações que antes estavam passando despercebidas pelas autoridades. A presença de equipamentos de monitoramento, como câmeras e radares, por exemplo, já não era por si só um fator que inibisse os motoristas a excederem os limites de velocidade – causa primária de 90% dos óbitos no trânsito em Cascavel.

Segundo a presidente da Transitar, 85% dos cruzamentos onde foram registradas ocorrências graves envolvendo mortes e excesso de velocidade tinham sinalização indicativa, semáforos e radares. “Não chamamos mais de acidentes, porque acidente é algo que não pode ser previsto. Nesses casos, são pessoas que deliberadamente ultrapassam esses limites, mesmo com as placas e os radares”, explicou.

Desde 2020, a autarquia passou a discutir esses dados em um comitê multissetorial formado por agentes das polícias rodoviárias Estadual e Federal, Polícia Militar e serviços de saúde como Samu e Siate. A partir dessa análise, explicou a presidente da Transitar, foi possível desenvolver estratégias direcionadas não só de ações educativas, mas também de fiscalizações efetivas voltadas às infrações mais comuns.

Resultado esperado para 2030 foi atingido em 2022

O resultado, destacou Simoni, foi uma redução significativa no número de mortes no trânsito. Segundo ela, em anos anteriores a cidade chegou a registrar 42 mortes de pedestres, motoristas ou motociclistas nos oito primeiros meses. O período de janeiro a agosto de 2020 era, até então, o de menos mortes no trânsito, com 15 ocorrências. Mas nos oito primeiros meses de 2022 esse número caiu a 8.

“É uma redução pela metade, algo que estava previsto para ocorrer em 2030, mas ainda são oito vidas perdidas, mortes que poderiam ter sido evitadas. A ideia por trás dessas ações é entender que há sim a possibilidade de que ocorra falha humana no trânsito. Mas precisamos trabalhar com ações efetivas para que essas falhas, quando ocorrerem, não resultem em feridos graves nem em mortes”, avaliou.

Falta de uso do cinto aumentou quase 200%

Uma das infrações que mais cresceram nos últimos anos, disse a presidente da Transitar, foi a falta de uso de cinto de segurança – as notificações saltaram de 572 entre janeiro e agosto de 2021 para 1.692 no mesmo período de 2022, um aumento de 195%. A falta de uso da cadeirinha para as crianças também aparece entre as ocorrências com alta nos registros da autarquia, com 181 notificações nos oito primeiros meses de 2022 contra 106 no mesmo período do ano passado.

Nestes casos, disse Simoni, além da aplicação da multa – grave ou gravíssima de acordo com a legislação – os condutores são alertados de uma forma bastante direta sobre o risco que eles e os passageiros, em especial as crianças, estão correndo ao andar sem o acessório de proteção. “Nós não romantizamos a falta de cinto, muito menos a falta de cadeirinha. Eu participo dessas ações e faço questão de dizer aos pais ou às mães que se eles baterem o carro e a criança vier a falecer, esses pais e essas mães serão os responsáveis por essa morte. E se assim nós conseguirmos fazer com que pelo menos um desses condutores mude de postura e passe a usar o cinto ou a cadeirinha, posso considerar que o nosso trabalho já deu certo”, comentou.

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