Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
TRE-PR

Clã Boca Aberta: ex-deputado federal, mulher e filho são condenados à inelegibilidade até 2030

Família Boca Aberta
Nova condenação estende inelegibilidade de ex-deputado Boca Aberta. (Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados)

Ouça este conteúdo

O ex-deputado federal Emerson Petriv, o Boca Aberta (Solidariedade), sua esposa e ex-vereadora de Londrina (PR), Marly de Fátima Ribeiro, a Mara Boca Aberta, e o filho do casal e ex-deputado estadual pelo Paraná, Matheus Viniccius Petriv, o Boca Aberta Jr. foram condenados à inelegibilidade até 2030. A decisão por unanimidade foi proferida na noite de terça-feira (27) pelo plenário do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). O ex-deputado já era considerado inelegível pela Justiça Eleitoral até este ano. Ele teve a diplomação como deputado federal cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2021.

Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp

De acordo com ação apresentada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) e pelo vereador João Bettega (União Brasil), de Curitiba, nas eleições de 2022, já cassado e inelegível, Boca Aberta simulou e apresentou uma candidatura inexistente ao Senado, com o objetivo de alavancar as candidaturas à deputada federal da esposa e a deputado estadual do filho. De acordo com a acusação, Boca Aberta teria utilizado recursos da candidatura da esposa à Câmara dos Deputados para divulgar sua candidatura fantasiosa ao Senado. 

Mesmo não tendo sido escolhido candidato pelo seu então partido na época, o Agir, e com o registro da candidatura negado pela Justiça Eleitoral, Boa Aberta continuou em campanha ao Senado junto com a mulher e o filho, o que teria, segundo a ação, sido feito para ajudar a alavancar o nome dos dois familiares, que também concorreram com o nome de urna de Boca Aberta. Em todo material gráfico de campanha e na internet, os três eram apresentados juntos como candidatos, com destaques para o ex-deputado. 

A estratégia não funcionou. Nas eleições de 2022, Boca Aberta Jr. não foi reeleito para uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná, onde havia entrado como o deputado mais jovem da história nas eleições de 2018. Mara Boca Aberta também não conseguiu a vaga como deputada federal. Nas eleições do ano passado, ela tentou a reeleição ao cargo de vereadora de Londrina, mas também ficou de fora da Câmara na maior cidade do interior do Paraná, base eleitoral da família.

Relator aponta desinformação com impacto no eleitorado por "candidatura fake" de Boca Aberta

Na avaliação do desembargador Luiz Osório Moraes Panza, relator do caso, aponta que os integrantes da família estiveram envolvidos na divulgação da falsa candidatura com uso de dinheiro público. "Toda essa sequência de fatos revela a inequívoca ciência e participação dos três investigados na divulgação da candidatura fake de Boca Aberta, no emprego de recursos públicos para aludida divulgação, gerando desinformação com impacto no eleitorado", afirma o relator em seu voto. Ele foi seguido por unanimidade pelos outros desembargadores do TRE-PR. 

O ex-deputado federal cotesta a decisão e argumenta que foi autorizado a seguir com a campannha ao Senado em 2022. Nas eleições municipais do ano passado, ele também tentou lançar a candidatura a prefeito de Ibiporã (PR), na região metropolitana de Londrina.

“Eu tive uma decisão judicial da própria Justiça Eleitoral do Paraná em 2022, que me autorizou a fazer campanha, enquanto eu recorria e meu caso era analisado”, afirma Boca Aberta à Gazeta do Povo. “Agora vem o TRE com uma decisão mandrake, fake news, contra minha família. Eles mesmos disseram que eu podia fazer campanha até uma decisão final”, diz. O ex-deputado afirma que a família vai recorrer. 

Segundo o advogado que apresentou a denúncia, Arthur Rollo, Boca Aberta buscou de de forma ilegal, eleger a esposa e o filho e a condenação deve "prevenir condutas ilegais nas próximas eleições". "Ele inovou na forma de enganar os eleitores e de abusar do poder econômico, porque lançou uma candidatura falsa ao Senado, mesmo sem ter sido escolhido na convenção de seu partido e após seu pedido de registro dessa falsa candidatura não ter sido sequer conhecido pela Justiça Eleitoral”, afirma Rollo.

Histórico de ex-deputado federal é marcado por polêmicas no Paraná

Boca Aberta foi eleito em 2018 como deputado federal. Em 2021, porém, ele perdeu o mandato após ser considerado inelegível. Ele foi vereador por Londrina, mas foi cassado por quebra do decoro parlamentar em 2017, quando ficou inelegível até 2025.

Em maio deste ano, o ex-deputado recebeu voz de prisão por parte do vereador Santão (PL), em Londrina, após uma confusão em frente à Câmara da cidade. Em 2023, Boca Aberta foi preso por porte ilegal de arma e depois liberado para responder em liberdade. Em 2022, ele agrediu o ex-deputado estadual de São Paulo Arthur do Val durante uma manifestação do grupo MBL em Londrina. No ano passado, o político paranaense foi condenado pelo juiz Guilherme Henrique Giacomino Ferreira, do 4º Juizado Especial Cível de Londrina, a gravar um vídeo com um pedido de desculpas e pagar R$ 3 mil de indenização a do Val. Na ocasião, o ex-deputado não informou se iria recorrer. 

Em 2021, ele chegou a cumprir 22 dias de prisão por perturbação do sossego a que foi condenado por invadir uma unidade de saúde, em 2017, quando realizava blitz nos serviços de saúde da cidade para tentar flagrar falta de pessoal ou profissionais negligenciando o trabalho. Quando ainda era deputado federal, Boca Aberta protocolou uma proposta que prevê a amputação das mãos de políticos condenados pelos crimes de abuso de poder econômico, improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.

Boca Aberta e o filho ainda foram condenados a pagar a multa de um salário mínimo cada por litigância de má-fé, por expedientes usados no processo para retardar a decisão judicial. Agora, a família pode recorrer da nova condenação no TSE.

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.