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Curitiba: eleição para prefeitura em 2024 pode ter frente ampla com herdeiros políticos, “fator Moro” e aliança na esquerda.
Curitiba: eleição para prefeitura em 2024 pode ter frente ampla com herdeiros políticos, “fator Moro” e aliança na esquerda.| Foto: Everson Bressan/Arquivo

Curitiba (PR) pode ter uma eleição municipal com característica única no país por causa da possibilidade de um pleito suplementar ao Senado, caso o ex-juiz Sergio Moro (União-PR) seja cassado pelo Tribunal de Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). O processo contra Moro entrou na fase de depoimentos na semana passada. A eventual nova disputa pelo Senado, antes ou até mesmo durante o primeiro turno das eleições 2024, pode mudar o rumo de algumas candidaturas e alianças políticas na capital do Paraná.

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Enquanto esse cenário continua indefinido, a construção de uma frente ampla em apoio a Eduardo Pimentel (PSD), vice-prefeito de Rafael Greca (PSD) e pré-candidato do governador Ratinho Junior (PSD), é dada como certa com a sinalização das siglas que compõem a base aliada do atual governo. Além de Pimentel colocar o próprio nome na disputa, a candidatura independe das incertezas diante do resultado do julgamento de Moro, pois o objetivo do pré-candidato é continuar na gestão do Executivo na capital.

“Tenho vontade de fazer uma grande frente ampla de trabalho na cidade de Curitiba, focando principalmente nos partidos da base de apoio do governador Ratinho Junior. Tenho conversado com todos esses partidos. É uma etapa natural da política, quando os partidos se fortalecem, colocam chapas de vereadores e nomes de pré-candidatos. Ainda não há nenhuma coligação fechada, pois esse trabalho ficará para o final do primeiro semestre do ano que vem, no tempo político certo. Mas sim, tenho interesse em fazer uma grande frente ampla para a próxima eleição”, disse Pimentel à reportagem da Gazeta do Povo.

O principal partido que aguarda uma definição sobre o processo de cassação do senador Sergio Moro é o Partido Liberal, que já confirmou o nome de Paulo Martins (PL) como pré-candidato à prefeitura de Curitiba. O cenário pode mudar caso Martins volte a disputar uma vaga ao Senado pelo Paraná, porque ele é um dos favoritos ao posto se Moro perder o mandato.

O candidato do PL perdeu a eleição de 2022 para o ex-juiz da Lava Jato em uma disputa apertada pela cadeira de senador. Enquanto Moro venceu com 1,9 milhão de votos, ou 33,5% dos votos válidos, Martins teve a preferência de 1,6 milhão de eleitores, o que representou 29,1% dos votos válidos.

“A candidatura [a prefeito] pode prosperar, se não ocorrer a decisão da Justiça pela cassação do Moro e eleições para o Senado. Neste caso, o Paulo Martins é a principal opção do partido. Assim, partiríamos para o apoio a alguma outra candidatura à prefeitura de Curitiba, indicando vice ou até uma chapa com outro nome do próprio PL”, comentou o presidente da legenda no Paraná, o deputado federal Fernando Giacobo. Procurado pela reportagem, Martins respondeu que não conseguiu espaço na agenda para entrevista até a publicação deste texto.

Se o cenário for confirmado, o PL também pode vir a integrar a frente ampla em torno do pré-candidato Eduardo Pimentel. O aliado de Ratinho Junior pode ser beneficiado pela proximidade do governador ao bolsonarismo nas eleições de 2022, quando apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pimentel tem o apoio confirmado pelo presidente estadual do Republicanos, Marcelo Almeida. O Podemos também sinaliza que deve fazer parte da coligação de centro-direita. “Os líderes do partido em Curitiba e os vereadores têm uma proximidade com o vice-prefeito Eduardo Pimentel. Particularmente, tenho admiração pela forma como ele enxerga a política. A tendência é de caminhada com ele e estamos evoluindo nas conversas”, revelou o presidente estadual do Podemos, Gustavo Castro.

Quem pode ocupar a vaga de vice na chapa de Eduardo Pimentel, que é neto do ex-governador paranaense Paulo Pimentel, é a deputada estadual Maria Victoria (PP), presidente estadual do Progressistas, filha da ex-governadora Cida Borghetti e do secretário de Indústria, Comércio e Serviços do Estado do Paraná, Ricardo Barros, ex-ministro da Saúde no governo Michel Temer.

Questionada pela Gazeta do Povo, a herdeira do clã Barros, pré-candidata à prefeitura de Curitiba, não confirmou a chapa com Pimentel, mas lembrou da proximidade histórica entre o Progressistas e o atual prefeito e o vice da capital paranaense. “O PP sempre teve uma ótima relação com o prefeito Rafael Greca e com o vice Eduardo Pimentel. Lembrando que, em 2016, fomos o primeiro e único partido a anunciar apoio à chapa Greca-Pimentel no 2º turno. A nossa votação do 1º turno, cerca de 50 mil votos, foi praticamente a diferença que garantiu a vitória do prefeito Rafael Greca”, respondeu.

Já Pimentel desconversou sobre o assunto e disse que o nome do vice na chapa será a última coisa a ser definida. Ele respondeu que avalia Maria Victoria como um “bom nome” pelo importante trabalho que realiza no estado.

Confiante na absolvição de Sergio Moro, o pré-candidato do União Brasil, o deputado estadual Ney Leprevost (União-PR) espera costurar com o governador Ratinho Junior, presidente estadual do PSD, uma aliança diferente do que a tendência de frente ampla com Pimentel na cabeça da chapa à prefeitura de Curitiba. Leprevost argumenta que seu nome aparece à frente nas sondagens de voto com o eleitor, em relação ao pré-candidato do PSD, e descarta a possibilidade de ser vice em uma chapa com o partido do governador.

“De todos os candidatos do União Brasil nas capitais, eu sou o que está em melhor colocação nas pesquisas. Estamos abertos para coligações. Em conversa pessoal com o governador Ratinho Junior, que é nosso aliado político, há alguns meses eu disse que estou disposto a abrir a vice-prefeitura para um nome escolhido pelo PSD. Até o mês de março, que é o prazo para mudança de partido, vamos esperar a avaliação do governador para decisão sobre o lançamento de um nome do partido dele ou se irá caminhar conosco, aliados fiéis indicando um vice da sua confiança” , afirma Leprevost.

Quem também lançou o próprio nome como pré-candidato é o ex-prefeito de Curitiba e ex-governador Beto Richa (PSDB-PR), presidente estadual tucano. Um dos desafios de Richa é emplacar a candidatura e conquistar aliados enquanto responde processos na área criminal, desde 2018, no âmbito das operações Rádio Patrulha, Integração e Quadro Negro, por susposto desvio de dinheiro público. Recentemente, o tucano foi absolvido das acusações da operação Piloto por falta de provas.

“Temos uma federação com o Cidadania que facilita a formação da chapa e o fortalecimento de dois partidos respeitados. Nas maiores cidades do Paraná, estimulamos candidaturas próprias, sim, pois um partido que quer crescer tem que disputar as eleições”, disse Richa.

Mesmo se Deltan não for candidato, Novo terá chapa para prefeitura

O presidente estadual do Novo, Lucas Santos, confirmou a pré-candidatura do ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol (Novo-PR), apesar da possibilidade de um novo julgamento envolvendo o nome do ex-deputado federal, que teve o registro de candidatura cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Ele considera seriamente a possibilidade de concorrer à prefeitura de Curitiba porque não quer que a cidade caia nas mãos de pessoas envolvidas em escândalos de corrupção”, ressalta Santos.

O presidente do Novo considera que o julgamento com base na possibilidade de Deltan responder a um processo disciplinar, que supostamente, teria motivado a saída do Ministério Público Federal (MPF), não obedeceu critérios técnicos, sendo na opinião dele, “um julgamento político”. Mesmo assim, ele esclarece que o pré-candidato segue elegível, pois a decisão do TSE não tem validade para as futuras eleições.

No entanto, o Novo trabalha com um plano B, caso a candidatura de Dallagnol seja considerada de risco com efeitos na chapa do partido, que tem o objetivo de eleger vereadores na capital paranaense. O principal nome seria o de Fernanda Dallagnol, esposa do ex-procurador da Lava Jato, que também se filiou ao Novo, recentemente. “O nome dela vem sendo avaliado internamente pelo partido”, confirma.

Ainda no campo da direita, a jornalista Cristina Graeml confirmou que foi procurada por partidos para uma candidatura com representação, principalmente da direita com valores conservadores. Mas ela ainda não é pré-candidata à Prefeitura de Curitiba, pois não está filiada a nenhum partido.

Partidos de esquerda articulam coalizão para enfrentar direita na eleição de 2024 em Curitiba

O ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci (PSB) aparece como um dos nomes mais lembrados nas pesquisas eleitorais e pode receber o apoio de partidos de esquerda em uma aliança com objetivo de levar a oposição paranaense para o segundo turno na capital.

A coligação seguiria a tendência de aliança federal que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem como vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e apoio de outras siglas, como o PDT. “O PSB tem uma definição muito clara de disputa em cinco capitais do Brasil e Curitiba é uma dessas prioridades por causa da liderança nas pesquisas, assim como Recife”, afirma Ducci.

Questionado sobre a articulação da chapa de esquerda, ele respondeu que é preciso respeitar a possibilidade de cada partido viabilizar suas candidaturas, neste momento muito antecipado em relação ao início da campanha eleitoral. “O PT tem três pré-candidatos e o PDT também tem pré-candidato. Temos feito reuniões buscando uma unidade lá na frente. Próximo das convenções, verificar os nomes com mais condições de vencer as eleições para composição entre os partidos”, comenta o ex-prefeito.

O presidente estadual petista Arilson Chiorato (PT) confirmou que os deputados Zeca Dirceu, Carol Dartora e o advogado Felipe Mongruel são pré-candidatos à prefeitura de Curitiba. Chiorato avalia que sem uma coalizão entre os partidos, a esquerda pode ficar de fora da disputa do segundo turno. A frente teria PT, PV, Rede, PCdoB, PSB, PDT e PSOL. “O objetivo é ter uma candidatura única justamente para tentar enfrentar a direita. Na minha avaliação, separados, todos ficam de fora das eleições para prefeitura de Curitiba”, analisa.

Pré-candidato, o deputado estadual Goura (PDT) também confirma a tendência de candidatura única para fazer frente aos concorrentes de direita e aos candidatos mais alinhados ao bolsonarismo. “Estamos dialogando com vários partidos de centro-esquerda, pensando em uma proposta de união que vai se concretizar mais adiante.”

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