A produção de tecido animal em laboratório tem se tornado tendência mundial| Foto: Lucas Scherer/Embrapa
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Com um investimento que já chega a US$ 2,8 bilhões e a participação de 156 empresas mundo afora, a carne cultivada em laboratório, considerada o “alimento do futuro”, é obtida por multiplicação celular e não envolve animais abatidos. Para o deputado federal Tião Medeiros (PP-PR), apesar da aparência inovadora e tecnológica, a proteína cultivada surge como uma ameaça aos países com grandes rebanhos, como o Brasil.

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O alerta de Medeiros, presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, se estende, ainda, ao sucesso retumbante da pecuária, tida como um dos pilares econômicos do país: é responsável por 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Por consequência, o mercado de carne cultivada em laboratório pode afetar os empregos, exportações e arrecadação de tributos.

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“A carne cultivada em laboratório tem sido saudada como a próxima grande revolução alimentar. Mas em países com grandes rebanhos, como o Brasil, essa ‘revolução’ pode ser mais uma ameaça do que uma oportunidade. A carne cultivada, sendo altamente automatizada, oferece muito menos oportunidades de emprego, especialmente para aqueles em comunidades rurais”, destacou o parlamentar.

Medeiros aponta para outras preocupações: consequências para a saúde humana e efeitos ao meio ambiente. Segundo ele, a carne cultivada pode conter hormônios, aditivos e outros componentes que ainda não foram totalmente estudados. “Quanto à saúde humana, ainda há muitas incógnitas sobre os efeitos a longo prazo do consumo de carne cultivada. Embora promovida como uma alternativa, o risco para a saúde pública é real e não deve ser ignorado”, destacou o deputado.

Projeto de Lei 4.616/2023

Diante das incertezas, Tião Medeiros apresentou o projeto de lei 4.616/2023 que proíbe no país a pesquisa privada, a produção e a comercialização de carne animal (bovina, suína, aves, entre outros), cultivada em laboratório. De acordo com o texto da proposta, as empresas que violarem a lei teriam que pagar multas entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões, além de terem todos os produtos, maquinários, amostras e materiais genéticos de pesquisa destruídos.

“A produção de carne cultivada é altamente centralizada e dependente de tecnologia avançada, tornando os países dependentes de um pequeno número de grandes empresas. Isso coloca em risco a segurança alimentar e a independência de nações inteiras”, explicou.

Embrapa segue com as pesquisas sobre carne de laboratório

Apesar da proposição do deputado Tião Medeiros, o Brasil tem levado adiante a pesquisa, inclusive pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que trabalha no desenvolvimento de um frango cultivado em laboratório.

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A JBS, por exemplo, uma das empresas mais emblemáticas do ramo, já investiu mais de US$ 100 milhões no desenvolvimento de proteína cultivada. Inclusive com a criação de um centro de pesquisa em Florianópolis (SC), com investimento de US$ 22 milhões apenas na unidade no Sul do país.

Mesmo com os investimentos e pesquisas, Tião Medeiros reforça que a carne do futuro ainda possui dúvidas que geram preocupação sobre a segurança e o impacto ambiental. Na opinião do parlamentar, não se pode ignorar que o que foi descoberto, até agora, não é o suficiente para validar o novo tipo de proteína.

A carne cultivada ainda não foi submetida ao mesmo rigoroso escrutínio e regulamentação que a carne convencional. Além disso, não podemos ignorar o impacto ambiental. Embora seja, frequentemente, promovida como uma alternativa mais "verde", ainda está fora de conhecimento seu verdadeiro impacto ambiental. Alguns estudos sugerem que a produção de carne cultivada pode ser ainda mais prejudicial ao meio ambiente do que a pecuária tradicional”, completou o deputado.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]