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Deltan Dallagnol (Podemos) no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Deltan Dallagnol (Podemos) no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.| Foto: Divulgação / Câmara dos Deputados, Pablo Valadares

O dia seguinte à impugnação do registro da candidatura do ex-chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná e, agora, ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos) foi marcado por diversas manifestações favoráveis e contrárias à decisão unânime do TSE. Mas alguns membros da elite política do Estado ainda seguem sem se posicionar sobre o caso mais de 24 horas após o deputado federal mais votado das Eleições 2022 no Paraná ter perdido seu mandato na Justiça Eleitoral.

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É o caso do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), que, de acordo com a assessoria do Governo do Paraná, estava voltando ao país após uma viagem internacional. Procurada pela reportagem, a assessoria informou que o “governador não estava conectado” no voo de volta de Portugal, e que só poderia se manifestar no final da tarde desta quarta-feira, o que não ocorreu. Em suas redes sociais, o governador postou detalhes sobre os assuntos tratados durante a viagem, mas não fez nenhuma referência à cassação do mandato de Dallagnol.

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, também do PSD, foi outro que não comentou a decisão do TSE contra o ex-deputado. Nas redes sociais, Greca registrou fotos de frutas colhidas na chácara da família e visitas às obras da Linha Verde no Atuba, na capital do Paraná. Mas, assim como Ratinho Junior, não há menção sobre o caso de Dallagnol. De acordo com sua assessoria, o prefeito “não vai se manifestar”.

Eduardo Pimentel (PSD), vice-prefeito de Curitiba e secretário estadual das Cidades do governo de Ratinho Junior preferiu não enviar um posicionamento sobre o julgamento do TSE. Segundo sua assessoria, Pimentel esteve em Brasília participando de reuniões técnicas para tratar do contorno ferroviário de Curitiba. Por conta da sequência de reuniões, informou a assessoria, o vice-prefeito não enviaria nenhuma nota à imprensa.

Flávio Arns (PSB), ao contrário de seus pares paranaenses no Senado Federal, não se manifestou sobre a impugnação do registro de candidatura de Dallagnol. Procurado pela reportagem pela manhã, o senador informou, por meio de sua assessoria, que “iria se inteirar dos fatos”. Após novo contato feito no período da tarde não houve retorno.

"Inelegibilidade imaginária"

Em entrevista coletiva concedida durante a tarde desta quarta-feira na Câmara dos Deputados, Dallagnol afirmou que foi cassado pelo TSE por uma "inelegibilidade imaginária" e que a Corte Eleitoral inverteu a presunção de inocência.

"Eles me cassaram por uma inelegibilidade imaginária. A Lei da Ficha Limpa é clara: ficam inelegíveis membros do MP que saem na pendência de processos administrativos disciplinares. É clara, é objetiva. Existia algum processo administrativo disciplinar? Não, nenhum, zero. Mas eles construíram suposições", afirmou o parlamentar.

"José do Egito"

A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, deputada federal por São Paulo, postou em seus perfis no Twitter e no Instagram uma declaração na qual comparou a cassação do mandato de Dallagnol com a história de José do Egito, "personagem bíblico que foi vendido pelos seus irmãos como escravo".

Na postagem, Renata afirmou que "foi no momento mais difícil que José do Egito começou a ser honrado. Têm certas adversidades que a gente não entende o porquê, mas acredite: é na terra que nos oprime que Deus nos honra. É na nossa confiança que ele decreta a nossa vitória". A presidente do Podemos pediu ainda para Dallagnol aguentar "mais um pouco", porque "aquele menino que sofreu tantas injustiças se tornou Faraó do Egito".

Dallagnol recebeu apoio de aliados, parlamentares e membros da sociedade

Uma das primeiras manifestações contrárias à cassação do mandato de Dallagnol foi feita pelo ex-juiz juiz responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba e senador pelo União Brasil do Paraná, Sérgio Moro. Em nota publicada ainda na noite de terça-feira ele disse estar “estarrecido” com a decisão do TSE. “É com muita tristeza que recebo a informação da cassação do mandato de deputado federal do Deltan Dallagnol. Estou estarrecido por ver fora do Parlamento uma voz honesta na política que sempre esteve em busca de melhorias para o povo brasileiro. Perde a política. Minha solidariedade aos eleitores do Paraná e aos cidadãos do Brasil”, disse, no Twitter.

Também senador do Paraná, Oriovisto Guimarães (Podemos) confirmou que o partido fará questionamentos à Justiça sobre a impugnação da candidatura de Dallagnol. “Está correta a Justiça Eleitoral? Foi um julgamento justo? Na democracia, todos esses questionamentos devem ser feitos aos tribunais superiores. E o meu partido, o Podemos, os fará”, afirmou, em nota enviada à Gazeta do Povo.

Na Assembleia Legislativa do Paraná, parlamentares apoiadores da Operação Lava Jato criticaram a cassação, enquanto outros deputados, incluindo os de esquerda, defenderam a determinação do TSE e disseram que é preciso respeitar decisões judiciais. Movimento semelhante foi registrado na Câmara Municipal de Curitiba, onde vereadores aproveitaram seu tempo em plenário para repudiarem a perda do mandato de Dallagnol.

Vaga de Dallagnol não ficou com o Podemos

Durante a tarde desta quarta-feira (17), o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) foi oficialmente notificado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o indeferimento da candidatura de Deltan Dallagnol. A partir dessa notificação, a corte precisou recontar os votos que os paranaenses depositaram nas urnas em outubro de 2022. Isso porque, segundo determinação do TSE, os votos antes atribuídos a Dallagnol deveriam retornar ao Podemos.

A expectativa do partido é que Luiz Carlos Hauly assumisse a vaga deixada em aberto após a cassação de Dallagnol. Mas os 11.925 votos recebidos por ele não foram suficientes para cumprir a meta mínima de 10% do quociente eleitoral das últimas eleições, que segundo o TRE-PR foi de 201.288 votos – nas contas da Justiça Eleitoral, Hauly teve 8,2 mil votos a menos que mínimo necessário para ficar com a vaga.

Por conta desse detalhe, a vaga não ficou com o Podemos e sim com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O pastor Itamar Paim (PL) foi declarado eleito e deve ocupar a vaga de Dallagnol na Câmara dos Deputados. Natural de Paranaguá, Paim tem 46 anos, é casado e conseguiu 47.052 nas urnas no ano passado. Ele vai integrar a bancada de 100 deputados federais do PL em Brasília.

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