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Entrevista à Gazeta do Povo

Às vésperas do julgamento, ex-agente penal fala sobre crime envolvendo tesoureiro do PT

Guaranho Marcelo Arruda
"Eu quero dizer para a família do Marcelo que eu sinto muito. Em nenhum momento eu quis atirar nele, que dirá matá-lo", disse Jorge Guaranho à Gazeta do Povo. (Foto: Reprodução/Google Meet)

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Mais de dois anos e meio depois da morte do guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu Marcelo Arruda, o ex-policial penal federal Jorge Guaranho enfrenta, nesta semana, o julgamento pelo crime no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), em Curitiba. Réu por homicídio duplamente qualificado, Guaranho concedeu entrevista à Gazeta do Povo, na qual classificou o ocorrido como uma “fatalidade infeliz”.

Na versão dele, não houve motivação política. Arruda foi morto em uma troca de tiros durante a festa de aniversário de 50 anos dele, em um salão de festas da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf), na cidade de Foz do Iguaçu (PR). O tema da festa de aniversário do ex-guarda municipal era o Partido dos Trabalhadores (PT).

Na denúncia, os promotores apontam que Guaranho chegou ao local e começou a discutir com Arruda por conta de uma “divergência político-partidária”. Tal ponto foi levado em conta no indiciamento e na oferta da denúncia, momento no qual o Ministério Público mudou uma das qualificadoras do crime de motivo torpe para motivo fútil.

“A motivação torpe prevê algum tipo de vantagem financeira, paga ou recompensa. Nosso entendimento é que o crime repugnante tem que ter, de alguma forma, essa vantagem. Já o motivo fútil é aquele flagrantemente desproporcional. A doutrina trata essa motivação como insignificante, no sentido de ser banal. Nós entendemos que em razão do antagonismo em relação à preferência político-partidária entre as partes, o crime foi cometido por motivo fútil”, apontou o promotor Tiago Lisboa Mendonça, à época da denúncia.

À reportagem da Gazeta do Povo, Guaranho disse que houve uma “discussão infantil” entre ambos e que nunca teve a intenção de atirar ou matar Marcelo Arruda. Ele contou sobre os problemas de saúde provocados pelos tiros disparados contra ele pelo ex-guarda municipal e pelo espancamento que sofreu no local.

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Confira a entrevista de Jorge Guaranho à Gazeta do Povo

Qual foi o motivo que levou o senhor a ir até o local onde estava sendo realizada a festa de aniversário de Marcelo Arruda?

Eu estava fazendo um favor como churrasqueiro em uma outra associação, que fica na mesma rua da Aresf. Eu fui convidado para ir fazer churrasco lá na Assemib [Associação dos Empregados da Itaipu Binacional – Brasil].

E o que levou o senhor a ir até a Aresf, onde estava ocorrendo a festa de aniversário do Marcelo? O que aconteceu nesse meio tempo?

Eu estava indo embora da Assemib para casa. Era cerca de 23h30, e o meu caminho para casa passava pela Aresf. Quando eu entrei lá, meu intuito era fazer uma espécie de ronda, a gente tinha esse costume porque havia muitos registros de furtos por lá. Com o barulho do carro e os faróis acesos eu poderia até espantar algum furto que estivesse ocorrendo. Há no processo alguns boletins de ocorrência que mostram esses registros de furtos.

Por parte da acusação há indicações de que você teria tido acesso pelo celular ao sistema interno de câmeras da associação, e que teria visto a festa de aniversário do Marcelo. Para o Ministério Público, isso teria motivado sua ida até lá.

Não é que eu tive acesso às imagens com o telefone. Eu estava atrás de um rapaz na Assemib e tive uma visualização da festa que estava ocorrendo na Aresf, realmente. Mas isso foi por volta de 20h30, mais ou menos. Eu não posso dizer que foi a minha única motivação, porque só passei lá [na festa de aniversário de Marcelo Arruda] quando estava indo embora para casa, eram 23h40.

O que aconteceu quando o senhor chegou à associação onde estava ocorrendo a festa?

Olha, foi uma fatalidade infeliz no final. Tem reportagens na imprensa que disseram que eu cheguei gritando. Não interessa o que, dizem que eu cheguei gritando. Mas eu cheguei em silêncio. Eu cheguei calado lá. Manobrei o carro e estacionei em uma área comum do clube, perto do salão de festas. O Marcelo foi chamado por um amigo dele, e parou do lado do meu carro. Foi quando ele ouviu o som, e reclamou da música para mim.

Ele reclamou da música que estava tocando no som do seu carro?

Isso, só que a música estava bem baixinha, tanto é que nem o amigo dele ouviu a música. A maioria das pessoas confirmaram que estava baixa. Mas principalmente o rapaz que estava ali perto, ele não ouviu a música.

Que música era, você se lembra?

A música era uma canção sobre o Bolsonaro. Mas ninguém ouviu, nem o amigo dele. Só que como o Marcelo chegou muito perto do carro, ele ouviu a música. E foi quando ele me xingou, falou um palavrão por causa dessa música Entendeu? Eu me incomodei pelo palavrão, o que me levou a falar para ele sobre Bolsonaro.

Começou uma infantilidade da minha parte e da parte dele. Ele falou que o Bolsonaro tinha que estar na cadeia, eu retruquei falando mais do Bolsonaro. Disseram que xinguei de volta com vários palavrões, mas não. A própria testemunha que estava mais próxima confirmou que eu só falei de Bolsonaro. Nesse momento o Marcelo, não sei por que, colocou a mão no canteiro, pegou terra e pedras e jogou no carro.

Onde estavam o senhor, sua esposa...

E meu filho, que era um bebê de dois meses. Ele veio, jogou as pedras em mim e veio para me dar um soco. Ele avançou até mim, isso está bem claro nas imagens. Quando ele veio me dar um soco, eu saquei rápido minha arma e apontei para ele. O Marcelo então recuou, e eu guardei a minha arma. O que falam é que eu cheguei atirando nele, e não foi assim.

Entre esse primeiro atrito entre vocês e os tiros, o senhor foi para casa e depois voltou à Aresf.

Exatamente. Quando ele jogou as pedras em mim e veio me dar um soco, eu apontei a arma para ele, porque pegou em mim. Eu não tinha visto que tinha acertado no meu filho nem na minha esposa, porque eles estavam no banco traseiro. Eu estava sozinho no banco dianteiro. E eu queria falar com ele sobre essa agressão sofrida.

Quando ele recuou, eu guardei minha arma. Ele andou pelo meu lado esquerdo e foi para trás do meu carro. Aí a porta do meu carro abriu, eu não tinha visão muito clara. Quando a porta foi aberta, eu arranquei com o carro dali. E por mim tinha acabado.

No meio do caminho para casa, meu filho estava chorando e gritando. Eu pergunto para minha esposa o porquê daquilo, e ela falou que uma pedra pegou nele. Quando eu olhei, estava vermelho aqui [apontando o rosto, logo abaixo de um dos olhos]. Não estava sangrando, mas estava vermelho.

Eu o deixei em casa, que estava mais perto do que a Aresf, e voltei para cobrar uma explicação do Marcelo sobre por que ele tinha feito aquilo. Esse é o motivo da volta. Tem uma ida e uma volta. Então foi isso. E aí quando eu cheguei lá de volta, ele estava apontando uma arma. Desliguei meu carro, e quando abri a porta ele estava com uma arma apontando para mim. Como eu iria imaginar que ao voltar lá eu iria encontrar o Marcelo apontando uma arma para mim? Em seguida, por ser treinado, eu saquei minha arma.

E a imprensa divulgou que eu cheguei atirando, saí do carro atirando. Eu saquei minha arma, mas não atirei. Eu nem sequer apontei para ele. Na imagem parece que tudo é muito rápido, mas levou um tempo, em certo aspecto. Eu fiquei apontando para o chão. Quando eu percebi que realmente ele estava andando para a minha direção é que eu comecei a querer apontar. Mas me afastei, para trás do meu carro, e somente aí eu apontei para ele, mas não atirei.

Dei comando para o Marcelo baixar a arma, mas ele continuou vindo, continuou vindo, até o ponto que era... Instintivamente, eu precisava atirar ou iria morrer. Mas eu não pensei, foi tudo uma sequência de momentos, e aí aconteceu essa fatalidade.

Há a troca de tiros, o senhor é baleado, ele é baleado. Depois disso, os convidados da festa vêm e te agridem no salão.

Agridem é um eufemismo, porque eles me espancaram violentamente. Em média, nós temos um cálculo de algo entre 24 a 28 pancadas na cabeça, só na cabeça. Não foi uma agressão, eles queriam me matar. É o que eu senti no momento. Tentaram me matar, foi um espancamento cruel e violento mesmo.

Vocês tiveram algum retorno da Polícia Civil sobre a investigação que foi aberta sobre esse caso?

[O advogado Samir Matar Assad responde] O Jorge foi alvejado e recebeu 9 tiros antes desse espancamento pelos convidados da festa, caído, com tiro na cabeça. Esse processo caminhou por vias tortas e hoje está no Juizado Especial como vias de fato. O Ministério Público do Estado do Paraná entendeu que não teria como individualizar as lesões, apesar de o vídeo permitir a identificação de cada um dos agressores.

Jorge sobreviveu por Deus, apesar de ter sido uma tentativa de homicídio. E eu não estou dizendo que eles não teriam a violenta emoção, com tudo que aconteceu ali com o amigo deles sendo atingido. Não estou dizendo que justifique, mas se explica.

Mas o entendimento do MP nesse sentido é um verdadeiro absurdo. São dois pesos e duas medidas. Eles sequer foram indiciados nesse processo, nunca foram ouvidos. É um processo que é praticamente um “faz-de-conta”. Transpuseram os depoimentos do processo do Jorge para esse sem sequer ouvir esses agressores. Alguns deles vão ser ouvidos no júri, mas no processo que investigou essas agressões eles não foram ouvidos.

Houve conotação política em todo esse caso?

É uma coisa que eu sempre quis falar. Eu queria dizer para as pessoas que são tanto do Partido dos Trabalhadores, ou que gostam da esquerda, que sejam familiarizados com essa política da esquerda: quero dizer para essas pessoas não se sentirem ofendidas sobre essas informações de que uma pessoa morreu unicamente porque ela era do PT.

É como se fosse um palestino que invadiu Israel e matou um israelense, ou então uma pessoa que matou um negro porque é negro. Infelizmente o Marcelo faleceu naquele dia não por questão política, por essa idiotice, essa briga que ocorre. Se ele se sentiu ofendido, provocado, não era motivo para ele agredir a minha família. Foi uma discussão infantil entre eu e ele, boba, sem palavrão, sem nada, boba. Teve uma agressão física de parte do Marcelo, e depois ele me apontou uma arma e veio para cima de mim.

O Marcelo não faleceu porque ele era de um ou outro partido político. Ele faleceu, infelizmente, e chegou a esse ponto de eu quase ter morrido também, por conta de uma agressão física e de ele ter apontado uma arma para mim. É isso que eu quero dizer para as pessoas.

Essa discussão com base na política é a base da acusação, inclusive com o uso de perícias de leitura labial baseada nas imagens das câmeras de segurança.

É bom você falar de leitura labial, porque a perícia da Polícia Civil disse que é impossível a leitura labial naquele vídeo, impossível. Mas isso é a perícia oficial. Essa perícia que está dizendo que eu falei "a e mais b" é uma perícia particular contratada pela acusação. Eles disseram que leram, mas a Polícia Civil disse que era impossível.

O senhor foi agredido e internado com um quadro de saúde extremamente grave. Depois foi transferido para o Complexo Médico Penal, em Pinhais.

De início eles tinham dito que não poderiam me receber por causa da minha condição de saúde. Eu vim para casa para me tratar, e em casa eu estava recebendo fisioterapia pelo plano de saúde. Depois de menos de dois dias, a Secretaria de Segurança disse que o CMP podia me receber sim, e aí eu fui.

E como que foi esse período lá no CMP?

Resumindo, eu não ando mais, tenho que usar duas muletas para poder me locomover bem, porque eu não ando. Tomei um tiro no cérebro, ele entrou e tá aqui dentro, um projétil dentro do meu cérebro. Tem um aqui também mais para o lado de fora [mostrando a lateral esquerda da cabeça]. É como se fosse um AVC. Eu tenho dificuldade, minha memória não funciona direito mais por causa do tiro na cabeça. O tiro e, claro, o espancamento também agravou meu quadro. E não fui tratado.

Não tem uma única consulta, uma, que me levaram ao neurologista, ortopedista, fonoaudiólogo. Nada. Zero. Por dois anos e um mês que eu fiquei no Complexo Médico Penal, nada. Não sei se não quiseram ou se não havia mesmo condições. Eu acho que foi uma união de uma coisa com a outra. Está faltando uma parte do osso da minha mandíbula, e foi colocada uma placa de forma emergencial. Eu estou com um buraco, vai precisar fazer um enxerto para completar esse preenchimento. Estou praticamente sem dentes em boa parte da minha boca, e isso foi por causa do espancamento.

Para não falar que eu não tive tratamento nenhum no CMP, um médico que estava preso lá me fez um favor de retirar um projétil do meu corpo. Nós fomos no setor de saúde, e como ele estava com o CRM ativo pode fazer o procedimento. Mas ele era um preso. Eu não estou me vitimizando, estou contando o que aconteceu. O neurologista me disse que provavelmente eu nunca mais vou andar sem muletas. Estou com movimentos limitados nas pernas e nos braços. A minha cognição não é mais a mesma. Eu era concurseiro, estudava Medicina no Paraguai. Agora eu não consigo mais me concentrar. Para ler os Salmos, ler a Bíblia, eu preciso ler e reler várias vezes porque eu não consigo mais gravar, minha memória não é mais como era antes.

E quando o senhor sai do CMP e vai para a prisão em Foz do Iguaçu, sofre um acidente.

Sim. Em casa e no CMP me deram uma cadeira de banho. Na cadeia de Foz, o ambiente era tão insalubre que não tinha nem torneira. Se eu precisasse de água tinha que pegar do chuveiro. E o registro do chuveiro não era nem na parede, era no cano, lá em cima. Eu fui me apoiar para tomar banho, mas não tive forças nas pernas e caí, quebrando o braço.

Os médicos disseram que não era caso para cirurgia, e colocaram uma tala de gesso. Dias depois eu fui pegar água do chuveiro e me desequilibrei. Eu caí de novo, e machuquei o braço que estava quebrado. Avisei o pessoal, disse que estava com muita dor, mas não me levaram no hospital nessa segunda queda.

Quando eu fui pela primeira vez o médico pediu um retorno, mas não me levaram nem nesse retorno. Só depois de dias eu fui internado no Hospital Municipal, me colocaram junto com presos perigosíssimos, um inclusive autor de roubos a bancos. Além disso, não permitiram que minha esposa fosse me visitar, nem por um dia.

Eu fiquei enclausurado, sem direito a um banho de sol sequer. Depois da cirurgia, voltei para a cela. Menos de 12 horas depois eu fui transferido de viatura para Curitiba. Sem nenhum remédio para dor, uma aspirina, nada. Não sei qual foi o motivo de tudo isso. E eu vejo pessoas comentando que eu não poderia ter ido para prisão domiciliar. Eu não posso ser obrigado a ficar com dor o tempo todo, ser torturado com essa dor. Eu não sei o que é a presunção de inocência. Eu sempre fui culpado, desde o começo, condenado antes do julgamento. E eu não posso me defender. É preciso muito controle, porque é algo que me dá muita indignação. As pessoas dizem que querem Justiça, mas isso não é Justiça.

Depois desses episódios, sua defesa conseguiu um habeas corpus e a conversão para a prisão domiciliar.

É, essa prisão domiciliar veio na hora que Deus providenciou. Eu ouvi dizerem que estavam colocando um marginal louco em casa, para colocar a sociedade em risco. Mas o desembargador que concedeu a medida entendeu que não, que era para o tratamento da minha saúde. Se eu fosse um assassino, um psicopata, como pessoas estavam descrevendo, eu não tinha conseguido a prisão domiciliar.

Eu nunca quis atirar, tem que ter muita má fé para dizer que eu quis sair do carro atirando contra o Marcelo. O que essas pessoas têm para acusar outra de tirar uma vida, que é sagrada? Eu sempre fui cristão, e como as pessoas podem me acusar de tirar uma vida por algo tão banal? Isso é uma covardia. Amigos com quem eu conversei sobre o caso me perguntaram por que eu demorei tanto para atirar. É porque eu não queria atirar. Eles falam que eu me coloquei em risco, mas eu pedi pelo amor de Deus para o Marcelo largar a arma dele. E aí aconteceu essa fatalidade.

Essa história foi parar em retrospectiva na televisão, em documentário, mas nunca contaram a história inteira. Meu filho foi machucado. E vai ter gente dizendo que não foi tão ferido assim. Mas para um pai, é como se ele tivesse tomado um tapa na cara. Isso me ofendeu, e eu fui lá atrás de explicações.

O senhor confirma que voltou para cobrar explicações de Marcelo Arruda?

Eu nunca fui lá para matar o Marcelo porque ele era petista, por causa disso ou daquilo. Eu nunca tive problema com petistas. Mas vem toda essa injustiça, essa polarização. Falam sobre essa coisa de eu ser bolsonarista. Eu nunca votei no Bolsonaro. Em 2018 eu estava no começo da faculdade e poderia ter feito meu voto em trânsito. Mas eu achei o processo muito trabalhoso e acabei não fazendo. Era época de provas, e eu não votei para presidente naquele ano, nem no primeiro nem no segundo turno.

Aqui em Foz do Iguaçu houve várias passeatas da direita, uma das maiores concentrações no Paraná. Nunca fui em nenhuma. Moro perto do Gramadão, onde tem a concentração desse tipo de manifestação, eu nunca fui. Uma vez levei minha mãe e voltei para casa.

Eu tenho meu posicionamento político, e na época era até mais atuante. Mas é só. É como torcer para um time de futebol, você quer que ele ganhe. Ninguém torce para algo e quer que perca, não faz sentido. Eu tinha minha predileção, e ponto, como qualquer outra pessoa. Agora dizer que eu cheguei a ponto de matar uma pessoa por causa disso é uma injustiça. Disseram que eu provoquei o Marcelo. Se ele se sentiu provocado, por que me agrediu? Falaram que eu invadi a festa dele. Eu não invadi a festa. Sabendo ou não que estava tendo a festa dele lá na Aresf, eu estava em uma área comum do clube. Ele alugou o salão de festas, e não o clube todo. Eu respeitei o espaço dele. Eu tinha o direito de estar lá em um espaço comum como sócio.

Eles podem ter entendido que eu fui lá para provocar, mas não foi isso. Estar lá em uma área comum era meu direito. Houve um testemunho durante o processo no qual perguntaram que uma vez que havia festa lá, se era proibido ir até aquele local. Essa testemunha disse que não é algo comum, mas que não era proibido.

O senhor tem alguma declaração para a família do Marcelo?

Eu quero dizer para a família do Marcelo que eu sinto muito, sinto de verdade. Eu mesmo cresci sem pai, sei a falta que um pai faz em uma família. Eles podem não me perdoar, porque a morte do Marcelo vai sempre estar ligada a mim. Mas eu quero que eles saibam, do fundo do meu coração, que em nenhum momento eu quis atirar no Marcelo, que dirá matá-lo. Eu atirei para baixo, e infelizmente ele morreu devido a uma hemorragia. Então eu quero que eles saibam disso, eu nunca quis matar o Marcelo. Nunca foi essa a minha intenção.

E, mais uma vez, para as pessoas que se sentiram tocadas por isso, que nunca houve nenhuma questão política. Essa é a mensagem que eu quero deixar para a sociedade. Eu ouvi conversas de que eu tenho que ser condenado para passar um recado para que ninguém se sinta livre para matar outra pessoa por política.

No meu julgamento a defesa vai mostrar ao júri que não houve nada por questão política. Caso o júri me absolva, não vai ser um recado para ninguém. Quem matar por causa de política tem que ser preso, sim. E é assim por outras questões, como eu já falei. Mas essa é a mensagem que eu quero deixar, o Marcelo não faleceu por questões políticas.

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