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Professor Josimar Fróes, prefeito de Piraquara
Professor Josimar Fróes, prefeito de Piraquara, pretende comprar doses de vacina para o município| Foto: Reprodução/Facebook

Empossado no dia 1º, o prefeito de Piraquara, Professor Josimar Fróes (PSD), quer começar a imunização da população da cidade contra a Covid-19 o mais cedo possível e diz ter dinheiro no orçamento para aquisição de doses. “Se preciso for, nós vamos disponibilizar recurso próprio para comprar, o quanto antes, a vacina”, diz. “Qual a garantia que a gente tem de quando a vacina do governo vai chegar aqui na ponta?”. Para ele, a vacina é, entre outras coisas, a "tábua de salvação da economia".

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Segundo ele, seu antecessor, Professor Marquinhos (PDT), deixou reservado um montante próximo de R$ 2 milhões para a aquisição de doses da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo.

Ex-vice-prefeito, Josimar foi eleito nas últimas eleições com 48,55% dos votos válidos e uma diferença de mais de 30 pontos porcentuais em relação ao segundo colocado, João Guilherme (Solidariedade), que obteve apoio de 18,21% dos votantes.

Na entrevista a seguir, ele fala sobre a gestão passada, na qual foi vice-prefeito, e sobre os planos para os próximos quatro anos:

O senhor, como então vice-prefeito, foi o candidato apoiado pelo prefeito Professor Marquinhos na eleição para a prefeitura. Foi eleito com uma diferença de mais de 30 pontos porcentuais em relação ao segundo colocado, o que indica uma boa aprovação da gestão anterior por parte da população. A que atribui esse resultado? Que balanço o senhor faz dos últimos quatro anos?

Eu acho que são vários fatores. O fato de a gestão anterior, do Professor Marquinhos, ter feito um bom trabalho, contribuiu muito para a nossa eleição. Ele já vinha de dois mandatos e concluiu o segundo com um número grande de obras espalhadas por toda a cidade. Com um investimento na saúde, na educação, mas com foco muito forte na infraestrutura. Uma revolução, na verdade. Piraquara já é uma cidade com 131 anos, com um território de 234 quilômetros quadrados, e tínhamos muito pouco asfalto, muito pouca infraestrutura. E a gestão, como um todo, a gente fazendo parte, como vice dele, conseguiu fazer uma revolução. Fizemos o maior programa de pavimentação da história de Piraquara. Foram mais de 100 quilômetros, com asfalto, TST [tratamento superficial triplo], paralelepípedo... Isso fez com que a gestão ganhasse um peso político-eleitoral, desencadeando a vitória na eleição.

Mas a gente também já vem de uma caminhada. Eu fui vereador no interior do Paraná, em São João do Ivaí, por dois mandatos, entre 1993 e 2000. Vim para Piraquara para trabalhar como professor do estado. Ingressei na política, em 2004, pelas mãos do Professor Marquinhos, que naquele ano estava montando um partido político para disputar as eleições e me convidou para ser candidato a vereador. Eu aceitei e fui o vereador mais votado. Em 2012, o Marquinhos se elege prefeito, e eu me elejo vereador novamente. Em 2015 e 2016 eu fui o presidente da Câmara Municipal. Em 2016, fui escolhido pelo grupo político como candidato a vice. Em 2018, fui candidato a deputado, pelo Podemos, e fui o candidato mais votado do município de Piraquara. Meu nome foi se fortalecendo. Em 2020, o grupo precisava de um nome preparado para ser o candidato, e acho que tudo isso contribuiu. Fui o nome do grupo, e, por ser um nome já conhecido, testado nas urnas, e aliado à aprovação da gestão, tivemos essa vitória. Tivemos aqui oito candidatos e o segundo tem que multiplicar por três o número de votos para dar quase dar a nossa votação. O Marquinhos saiu da gestão com uma aprovação de mais de 80%. Tudo isso é histórico no município.

O grande legado da última gestão foi então na área de infraestrutura?

Foi feito um investimento pesado em infraestrutura. Sem esquecer de todas as outras áreas, como a educação, a saúde, a geração de empregos, o apoio ao micro e pequeno empreendedor... Mas tudo isso somado à grande quantidade de obras. Nós tínhamos ruas aqui que, em época de chuvarada, a água cobria os carros, no meio da cidade. Era uma vergonha total. Muitos prefeitos passaram por aqui e não encararam o problema. Tínhamos um sistema de saneamento aqui da década de 1960. Manilhas muito pequenas, que não suportavam mais o volume de águas das chuvas. Nós rasgamos a cidade como um todo, colocando galerias em que pode caminhar uma pessoa dentro. O investimento foi muito grande mesmo. A cidade merecia.

Nossa proposta é de dar continuidade em tudo o que o governo anterior fez, junto com nossa participação. Nosso slogan de campanha foi “Piraquara não pode parar”. Mas queremos mais. Além de não parar, queremos avançar. Onde não deu tempo de a gestão anterior chegar, nós queremos chegar. Já temos obras, agora em janeiro, acontecendo. Já temos licitações acontecendo. Nessa primeira semana, para você ter uma ideia, nós já estamos asfaltando ruas no bairro Vila Fuck. São ruas que, por muitos e muitos anos, ficaram esquecidas, e que, já na primeira semana, nós estamos asfaltando. Nosso objetivo é asfaltar 100% desse bairro e levar esse tipo de trabalho para toda a cidade. É uma cidade importante da região metropolitana. Temos hoje mais de 120 mil habitantes. Estamos crescendo a uma taxa de 0,8% ao ano na densidade demográfica. É uma cidade que merece seu destaque no estado do Paraná. Nomeamos um bom grupo de secretários, muitos dos quais já estavam na gestão, pessoas sérias, comprometidas, experimentadas, que têm um histórico de trabalho voltado à gestão pública. Pessoas técnicas, que têm conhecimento do que estão fazendo.

Então os investimentos em infraestrutura devem continuar sendo prioritários na sua gestão?

Nós temos 55 propostas de trabalho dentro do plano de governo. É um plano abrangente. É claro que queremos dar continuidade ao maior programa de pavimentação do município. Queremos avançar, porque Piraquara é muito grande e tem bairros que não conseguimos chegar ainda. Queremos asfaltar 100% dos bairros, dar infraestrutura para toda a cidade, deixá-la cada vez mais bonita. Mas, nesse primeiro momento, o nosso foco, que a gente dorme e levanta pensando, é a vacina contra a Covid. Tanto é que o Marquinhos, quando saiu, deixou um recurso perto de R$ 2 milhões, que ainda vamos complementar agora, com o objetivo de comprar 50 mil doses da vacina. Já estamos em contato com o Instituto Butantan. Nosso foco número um é a compra da vacina, para imunizar de maneira urgente o grupo da linha de frente, os nossos profissionais da saúde, que estão no combate e cansados, exaustos, expostos à pandemia, e também o grupo de risco. E de maneira seguida estender para toda a população.

Então o município deve adquirir doses por conta própria?

O governo federal fala em dia 20. Mas até chegar aqui na ponta, a gente teme que demore muito. E nós temos todo um cuidado com o retorno às aulas, com nossos professores. Nós precisamos, além de vacinar a linha de frente, temos que ter um olhar diferenciado com os professores, porque temos o retorno do calendário escolar. Isso tudo nos preocupa. Por isso estamos nos adiantando, já mantendo contato com o Butantan, com o objetivo de comprar a vacina e já ir imunizando. Qual a garantia que a gente tem de quando a vacina do governo estadual vai chegar aqui na ponta? O nosso território nacional é muito grande. Toda essa questão logística é preocupante. Para você ter uma ideia, eu já autorizei a compra de quatro refrigeradores especiais para o armazenamento da vacina. Estamos investindo pesado. Estamos vendo agora o aluguel de outro equipamento gigantesco, que mantém a vacina a 70 graus negativos. É um investimento alto, porque só vamos usar neste momento, mas vai dar para alugar. Nós estamos acompanhando tudo. Vi que o governador esteve na Fiocruz, no Rio de Janeiro, mas estamos voltados aqui para o nosso município. E, se preciso for, nós vamos disponibilizar recurso próprio para comprar, o quanto antes, a vacina.

Piraquara completa agora, dia 29 de janeiro, 131 anos. Eu já determinei que o dinheiro que nós gastaríamos nas festividades do município nós vamos economizar, com o objetivo de comprar vacina para o nosso povo. Aqui nós teríamos, pela história, uma grande festa, uma grande cavalgada, que acontecia todos os anos. Não vamos ter nada disso, com o objetivo único de economizar recurso e comprar vacina para imunizar a nossa gente.

Já há um planejamento para a volta às aulas presenciais na cidade?

Nossa secretária de educação, junto com sua equipe, já está preparando esse novo calendário letivo. É claro que tudo depende da vacina, mas existe um trabalho sendo feito. Temos a comissão da Covid, dentro da secretaria da educação, que está monitorando isso, dia a dia, reunida, se preparando. Existe todo um plano de volta, com todos os cuidados necessários com nossos professores, nossas crianças. Desde o ano passado a gente vem acompanhando, monitorando. Ninguém sabe como será, mas estamos tomando todas as medidas preventivas. Mas não tem uma data específica. A gente quer que volte o quanto antes, mas como vai voltar neste momento? Só com a vacina. O pai não vai liberar o filho para ir para a escola, o professor não vai querer ir para a escola trabalhar.... Enquanto não tiver a vacina, todo mundo imunizado, acho difícil voltar. É um novo momento. Estamos falando sobre suposições, planos, sobre o que a gente gostaria, mas é ninguém viveu isso.

Em relação à economia, quanto a pandemia afetou as finanças de Piraquara? Como o município está lidando com a queda na arrecadação?

A gente tem feito todo o esforço possível, no sentido de fazer mais com menos. Temos conversado com nossos secretários para poder economizar. Piraquara está no grupo do G100, que são os cem municípios com menor arrecadação do Brasil. Então nossa arrecadação é bastante deficitária frente aos grandes problemas que enfrentamos. Temos vizinhos como Araucária e São José dos Pinhais, que têm arrecadação muito maior do que a nossa, e temos a grande responsabilidade do fornecimento de água para a capital. Deveríamos ser mais reconhecidos, ter uma compensação. Porque nós não somos pagos por preservar, enquanto Araucária, São José e os outros municípios são pagos para poluir. Então existe um desequilíbrio muito grande na arrecadação. Para fazer frente a todo esse momento, estamos adotando as medidas caseiras, que, neste primeiro momento, é estar economizando.

A vacina vai fazer com que as pessoas voltem a sair de casa, voltem para o comércio, vão gastar, vão consumir. E a roda da economia gira. O empreendedor vai poder contratar, vai poder empregar, vai poder investir. Nesse momento, está todo mundo sofrendo, do micro e pequeno ao médio e grande. A gente está muito preocupado com isso, porque as pessoas ficam em casa, não consomem. A economia tem de ser retomada o quanto antes. E a vacina, sem dúvida alguma, é a tábua de salvação.

Além da vacina, que medidas a prefeitura está tomando para essa retomada?

Nós temos a secretaria do desenvolvimento econômico, a equipe que cuida do fomento. Nesse ano da pandemia, nós liberamos perto de R$ 2 milhões para o micro e pequeno empreendedor. É uma maneira de a prefeitura estar ajudando o comércio a passar por esse momento difícil. Nós temos campanhas voltadas para o consumo, para a valorização interna do comércio. Porque é o comerciante que está aqui na ponta que paga os impostos, que emprega. Nós temos um olhar diferenciado para o comerciante, sim. É claro que não fazemos tudo o que gostaríamos e nem tudo o que fazemos é sempre suficiente, mas temos nos preocupado.

Além da crise econômica e sanitária, a região metropolitana tem enfrentado uma crise hídrica desde o ano passado, e Piraquara concentra parte dos reservatórios que abastecem toda a Grande Curitiba e que estão em baixa. O que o município tem feito para enfrentar esse problema?

Nós temos aqui os reservatórios Piraquara I, Piraquara II, temos a nascente do Rio Iguaçu, mais de 1.200 nascentes catalogadas. Então o que temos feito? Primeiro, uma fiscalização com relação às matas, à nossa Mata Atlântica, às nossas nascentes. Nós sofremos muito com a questão das invasões. Tem o invasor que usa as pessoas humildes. Ele vai lá, invade uma grande área, pica em lotes e vai negociando com as pessoas menos favorecidas. O que ocorre, muitas vezes, é um crime ambiental. Então estamos com uma equipe de fiscalização, sempre de olho em tudo isso, com essa responsabilidade da manutenção do nosso fornecimento de água para Curitiba e região. A gente sabe da nossa responsabilidade. Eu até digo que isso é uma grande missão de Piraquara, uma coisa muito maior. É uma coisa divina, que foi dada pelo Criador nessa região tão bonita aqui do Paraná. Nossas serras, nossa mata atlântica, nossa água. A gente sabe da responsabilidade que temos e estamos fazendo o nosso dever de casa. Nessa crise hídrica, Piraquara foi importantíssima no abastecimento. Os nossos reservatórios, por mais que tenham baixado, não ficaram no zero. Sempre ficaram em torno de 26% ou 27%, graças a todo esse cuidado que temos tido com nossas matas, que tem contribuído para a manutenção dos reservatórios. E não foi uma coisa fácil. Foi a maior crise hídrica, segundo os pesquisadores, dos últimos 50 anos. Aliada à crise hídrica, a questão da economia em baixa e a Covid. Tudo isso foi um desafio muito grande.

Piraquara é considerada também uma das cidades mais violentas da região e não dispõe de uma guarda municipal. O que o município tem feito em relação à segurança pública?

Com relação à segurança pública, nós temos aqui o BPGd [Batalhão de Polícia Militar de Guarda]. Temos dezenas de soldados, viaturas, no Centro da cidade. É uma parceria muito forte com a PM, que tem nos ajudado muito no combate à violência em Piraquara. Aliado a isso, temos agora a vinda do Bope [Batalhão de Operações Policiais Especiais]. Já separamos aqui o espaço e vamos melhorar, ampliar, para receber a equipe do Bope. Essas parcerias nos dão uma certa tranquilidade na segurança à população. Nós também compramos um imóvel na região do Guarituba Redondo, que é considerada uma das regiões mais violentas do município, segundo base de dados da PM, e instalamos ali a 1ª Companhia da Polícia Militar. É um efetivo com mais de 50 homens, que também vai nos ajudar. Outra coisa: estamos implantando câmeras em todos os prédios públicos e algumas vias públicas. É um sistema de monitoramento 24 horas, que será controlado pelo Desp [Departamento de Segurança Pública e Patrimonial], que conta com mais de 120 profissionais, que nos ajudam na segurança. Esse sistema de câmeras será monitorado pelo Desp e pela 1ª Companhia. Então estamos bem focados na segurança pública da cidade. Até gostaríamos de implantar a Guarda Municipal, mas o município, neste momento, não tem orçamento para isso. Os nossos adversários prometeram, mas eles não sabiam do que estavam falando, porque o custo é muito grande. Precisaríamos ter perto de 80 homens, mas você tem que multiplicar por três, porque a escala tem de ser 24 horas. Teríamos que ter um concurso público para 240 funcionários, e tudo isso depois vai para a folha. Quem sabe com o tempo, com parcerias com o governo do estado e governo federal, a gente consiga implantar a Guarda Municipal, mas hoje não temos condições.

Conteúdo editado por:Carlos Coelho
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