Ônibus escolares sofrem com falta de pavimentação na PR-405.| Foto: Divulgação/Fundepar
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Problema no motor, suspensão quebrada e pneus furados em áreas remotas fazem parte do cotidiano de cerca de 400 alunos que utilizam o transporte escolar no município de Guaraqueçaba, no litoral do Estado. Veículos com bastante rodagem, já desgastados, sofrem de maneira rotineira com a falta de pavimentação da PR-405, ocasionando perdas aos alunos, que se ausentam das aulas, e ao poder público, que contabiliza prejuízos com manutenção e até mesmo com o gasto excessivo de combustível.

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A administração municipal possui uma frota de nove ônibus que percorrem aproximadamente 400 km por dia em nove linhas em comunidades afastadas do centro urbano. Alguns desses veículos, surrados pelo tempo e pelo trabalho árduo, já estão com seus 8 ou 10 anos e quebram com frequência. Em março desse ano, como foi mostrado pela Gazeta do Povo, quatro veículos quebraram no mesmo dia.

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“Quando isso acontece os professores articulam atividades extras para amenizar o prejuízo pedagógico. Mas, independente de os alunos terem esse conteúdo a mais, é uma perda grande porque o lugar de aluno é na escola, não em casa”, diz o secretario municipal de educação, Sidney Leandro de Oliveira França, 42.

Em algumas situações os ônibus ficam parados por até uma semana, devido à dificuldade em encontrar peças para repor as danificadas. “As vezes conseguimos encontrar alguma coisa na região, mas, dependendo do estrago, a empresa responsável pela manutenção tem que ir buscar peças em Curitiba e isso atrasa muito o conserto”, explica o secretário.

Gastos elevados com manutenção e combustível

Além dos gastos com manutenção, os problemas na malha rodoviária aumentam o consumo de combustível desses veículos. Um percurso que poderia ser feito em 20 minutos em uma estrada pavimentada, segundo a gestão municipal, chega a ser feito em até uma hora e meia. “A maneira mais eficaz para rodar todos os dias com segurança e contemplar os 200 dias letivos dos alunos é a pavimentação da rodovia”, defende França.

Esses gastos aumentaram neste ano com a inclusão da 6º aula para o Ensino Médio. Segundo a secretaria municipal de educação, os ônibus precisam dobrar a rota para atender os alunos que permanecem na escola por mais tempo. O município transporta diariamente 320 alunos da rede estadual e 60 da rede municipal.

Somados os custos com manutenção e combustível da frota escolar, o município de Guaraqueçaba gasta em média por ano mais de R$ 1,2 milhão. “A sexta aula está trazendo um transtorno grande porque aumenta o desgaste dos veículos e o consumo de combustível e esses recursos poderiam ser investidos em outras áreas carentes do município”, reclama Sidney, que aponta como solução o aumento dos repasses para manutenção e combustível, a ampliação da frota escolar, e a pavimentação da rodovia.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Governo alega repasse extra para garantir o transporte escolar

Um desses itens, no entanto, o governo diz que já foi atendido. De acordo com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), o município, que recebe mensalmente R$ 95 mil para o transporte escolar, começou a receber, em abril, uma ajuda de custo extra de R$ 300 mil, que será paga em oito parcelas. O montante seria para cobrir os gastos com a 6º aula. Segundo o órgão estadual, esse valor é calculado com base no orçamento enviado pela administração municipal.

Com essa verba extra, o repasse feito pelo governo estadual a Guaraqueçaba supera R$ 1,4 milhão. “Mas o nosso município é atípico. Quando a estrada está boa, o consumo de combustível é menor. Na maioria das vezes a estrada está horrível, usa-se uma marcha mais pesada, demora mais o para fazer o trajeto e isso aumenta o consumo. Não temos como prever quando vai gastar mais ou menos”, destaca Sidney.

Sobre o aumento da frota escolar para o município, o instituto de desenvolvimento educacional informou que existe a previsão para a entrega de mais um ônibus ainda neste ano, por meio de emenda parlamentar. Não há uma data definida.

Pavimentação depende de licenças ambientais

A pavimentação da PR- 405, talvez a principal demanda, ainda vai demorar. Um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) foi contratado pelo governo do estado. Segundo o Departamento de Estrada e Rodagem do Paraná (DER), essa etapa é obrigatória para obter as licenças ambientais, para, enfim, licitar os projetos para execução da obra. “Atualmente, o DER/PR e a empresa contratada estão em tratativas com órgão ambientais e Ministério Público visando um consenso quanto a todas as demandas que deverão ser contempladas nesse estudo”, explica o departamento.

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Enquanto a solução não vem, o Palácio Iguaçu adota medidas paliativas, os “serviços de conformação do leito da rodovia” feitos pelo DER. Segundo o governo estadual, uma empresa foi contratada para executar obras de reparos e melhorias na malha rodoviária da PR- 405. Porém, ainda não existe uma data oficial para o início dos trabalho. A assinatura de contrato e início da ordem de serviço dependem de documentos que a empresa ainda não apresentou. O valor do contrato é superior a R$ 6,3 milhões no período de dois anos.