Na retomada pós-pandemia, Foz do Iguaçu quer aproveitar a forte presença da comunidade islâmica na tríplice fronteira - só no lado brasileiro são mais de 25 mil imigrantes e descendentes - para impulsionar o fluxo de turistas do oriente médio e de outros países muçulmanos.
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A cidade do Oeste do Paraná se encaminha para ser o primeiro destino turístico do país com certificado halal reconhecido. No último dia 12 o governador Ratinho Jr. assinou na Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, um protocolo de intenções para adequar a estrutura turística de Foz do Iguaçu aos preceitos dos seguidores do Islã. Certificadores de alimentos halal que já atuam no Brasil garantem que as adaptações são simples e baratas, com grande potencial de retorno econômico.
‘Halal’ é uma palavra árabe que significa ‘permitido, autorizado pelo islamismo’ e a certificação assegura o cumprimento de normas e procedimentos que respeitam a religião.
Entre esses procedimentos está, por exemplo, a disponibilização nos hotéis de espaços reservados e sinalizados para a prática de orações voltadas para Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos, e a oferta de uma cópia do Alcorão, o livro sagrado do Islã, nas acomodações.
Além disso, há aspectos também relacionados à alimentação. A carne servida ao povo árabe tem que ser procedente de animais abatidos de acordo com as normas halal, em abatedouros certificados. E o consumo de carne suína é proibido.
Nesta quinta e sexta-feira, representantes da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e da Certificadora do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina (Cdial) cumpriram um roteiro de reuniões em Foz do Iguaçu com o poder público, entidades privadas e lideranças locais para dar início ao trabalho que vai culminar com a certificação.
“Foz do Iguaçu tem todas as condições, como poucas cidades do Brasil, para atingir a excelência em serviços de atendimento ao turista muçulmano”, destaca Ali Saifi, CEO da Cdial Halal. Segundo ele, a cidade já tem a segunda maior comunidade muçulmana do Brasil e, por isso, já conhece, segue e respeita várias tradições dessa população. Cerca de 8% da população de Foz do Iguaçu tem origem árabe e a cidade já tem duas mesquitas.
Turismo halal tem pouco investimento e alto retorno
De acordo com Saifi, serão necessárias pequenas adaptações que não vão demandar grandes investimentos para adequar a estrutura atual. Para isso, a Cdial, em parceria com a prefeitura de Foz do Iguaçu, a Associação Comercial e o Sindicato de Hotéis oferecerá cursos para capacitar os profissionais que atuam no turismo. Um grupo de trabalho já foi formado e a intenção é que dentro de um ano os estabelecimentos possam ser certificados com o selo halal.
Adequar a estrutura turística para receber os muçulmanos abre uma perspectiva de uma importante fonte de receita para Foz do Iguaçu. Em todo o mundo são cerca de 2 bilhões de muçulmanos, quase um quarto da população mundial. “É um povo que viaja bastante, faz viagens longas e tem um gasto médio de US$ 3 mil em cada viagem, enquanto o turista não árabe gasta cerca de U$ 1,8 mil por viagem”, afirma Saifi.
“A cidade tem total interesse. Já recebemos aqui turistas de várias nacionalidades, culturas e religiões e queremos mostrar nossa capacidade de receber bem”, destaca o secretário municipal de Turismo, Paulo Angeli.
Maioria dos requisitos do turismo halal já são atendidos em Foz
O presidente do Sindicato dos Hotéis de Foz do Iguaçu, Neuso Morello Rafain, diz que 80% das demandas do turismo halal, a rede hoteleira de Foz já atende. “Faltam apenas 20%”, observa. “Nossos hotéis já são acostumados a receber muçulmanos como hóspedes, bem como realizar eventos, confraternizações e festas para atender a comunidade árabe que mora em Foz do Iguaçu e no Paraguai”.
Com 180 hotéis e 35 mil leitos , o setor vê a certificação como uma possibilidade de impulso econômico e recuperação do setor, um dos mais afetados pela crise provocada pela pandemia de Covid-19.
“O turismo religioso ainda é pouco explorado em Foz do Iguaçu”, diz Faisal Ismail, presidente da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi). Segundo ele, a certificação abre um novo braço para a cidade, que poderá ser mais divulgada como destino turístico para os países islâmicos.
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