Os hospitais do Paraná dizem estar preparados para enfrentar a pandemia do coronavírus e não acreditam que o colapso no sistema de saúde, previsto pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta para o mês de abril atinja o estado. O que não significa que ele não virá, caso não sejam tomadas atitudes. O principal temor das três entidades que representam as administrações dos hospitais públicos, privados e filantrópicos do estado é com o risco de escassez de recursos para manter o atendimento por todo o período de crise.
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“O faturamento da maioria dos hospitais ocorre pela remuneração dos serviços que são prestados ao SUS e às operadoras de planos de saúde. Por isso, estamos pedindo para que eles mantenham, para os próximos meses a remuneração média dos últimos seis meses aos hospitais, uma vez que o perfil de atendimento vai mudar radicalmente e há risco de grande queda no fluxo financeiro dos hospitais”, aponta o presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Flaviano Ventorim. Ele explica que, para preparar os hospitais para receber os pacientes com Covid-19 e reservar leitos para possíveis internações, procedimentos como as cirurgias eletivas, de melhor remuneração para os hospitais, foram cancelados, o que deve reduzir a renda mensal das instituições.
Outro fator que eleva o risco de colapso financeiro nos hospitais é o aumento do custo de insumos e equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde. “Uma caixa de máscara, que custava R$ 5, hoje, está sendo vendida a R$ 200. Avental, luva, álcool, está tudo mais difícil de encontrar e com o preço muito elevado”, aponta o presidente da Associação dos Hospitais do Paraná (Ahopar), José Octávio da Silva Leme Neto. “Todos montaram seus estoques, o que mais preocupa hoje é máscaras e luvas, precisamos proteger os trabalhadores, que estão na linha de frente e, em 10 dias, consumimos o previsto para um mês”, conta, relatando, ainda casos de roubo de máscaras e álcool de dentro dos hospitais ou de mau uso e desperdício de alguns insumos. “Gente que achava que estaria mais protegida se usasse três máscaras ao mesmo tempo”, por exemplo.
O presidente da Femipa conta, ainda, que as instituições estão tendo problemas com o fornecimento de alguns insumos. “Por motivos variados, fornecedores internacionais não estão conseguindo nos entregar os produtos. Os governos da China e dos Estados Unidos, por exemplo, sequestraram toda a produção para o mercado interno, proibindo exportação. Alguns estados brasileiros já estão fazendo o mesmo. Tivemos reunião com o governo do estado, que prometeu interceder junto a algumas empresas para que elas alterem a sua linha de produção e passem a nos dar suporte nisso”.
Cirurgiões e residentes convocados para o combate à Covid-19
Outra preocupação das entidades que administram os hospitais é com a quantidade de profissionais disponíveis para o atendimento. “Estamos recrutando, dentro desta limitação financeira, médicos, enfermeiros, profissionais de atendimento”, conta o presidente da Femipa. “Temos um problema na distribuição de médicos que é o fato termos muitos cirurgiões. Os hospitais são cirúrgicos, 60% do atendimento é cirúrgico, mas a Covid-19 é uma doença exclusivamente clínica. Então, com a suspensão das cirurgias eletivas, estamos treinando os cirurgiões para que relembrem o atendimento clínico. Cirurgião cardíaco, ortopedista. Todos são médicos e todos estarão envolvidos nesta guerra contra o vírus”, acrescentou.
Ventorim também admitiu que os hospitais estão recrutando os médicos residentes para a linha de frente do atendimento de emergência. “Sabemos que temos uma legislação específica para a atuação dos residentes. Mas eles também são médicos e estão com a formação clínica fresca, bem atualizada. Tivemos uma reunião com o Conselho Regional de Medicina em que ficou claro que não podemos abrir mão destes profissionais nesta situação de guerra para a qual estamos nos preparando”, disse.
Para preservar a saúde dos profissionais de saúde e, com isso, conseguir mantê-los na ativa, os hospitais estão tomando uma série de precauções para tentar evitar contaminação, como a proibição de visitas a pacientes internados, a proibição de fotógrafos ou cinegrafistas em partos e a diminuição da circulação de profissionais administrativos no ambiente hospitalar. A compra, por parte do governo federal, de testes rápidos do coronavírus, a serem aplicados exclusivamente em profissionais de saúde foi celebrada pelo presidente da Federação dos Hospitais do Paraná, Rangel da Silva. “Os testes rápidos são muito importantes para o sistema de saúde, porque, hoje, um funcionário com resfriado precisa ser afastado por 14 dias do trabalho, pelo risco de ser Covid-19. Agora, com o teste rápido, se der negativo, não perdemos esse profissional”, comentou.
A Fehospar diz ter registrado um aumento significativo pelos pronto-atendimentos na última semana, “com pessoas com sintomas leves, querendo fazer o teste, mas nós só testamos quem precisa ser internado”, disse. “Aos poucos, com o isolamento domiciliar e a maciça divulgação de apelos para que não procurem o hospital quando se estiver com sintomas leves, o movimento foi normalizando”, disse. “É importante ficar em casa porque, além de se prevenir do vírus, evita-se acidentes e outros eventos que podem ocorrer nas ruas, diminuindo a necessidade de se ir a um hospital. Assim como é importante as pessoas tomarem a vacina contra a gripe para que, no caso de aparecerem sintomas, o diagnóstico de H1N1 seja descartado”, orienta.
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