Música de João Lopes virou sinônimo de paranismo, após campanha nos anos 80| Foto: Arquivo pessoal
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O nome da cidade pode remeter ao estado onde estão as maiores estrelas de Hollywood, nos Estados Unidos, mas foi a Califórnia do interior do Paraná que trouxe ao mundo um artista que soube entender a alma paranaense como ninguém. João Lopes da Silva estreou neste mundo em 25 de maio de 1950, filho de Lázaro e Maria Aparecida. Faleceu uma semana antes de completar 70 anos, em 18 de maio, após longa luta contra um câncer.

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Viveu a infância ao lado de seis irmãos em Rolândia, mas, aos 18 anos, um chamado do Exército trouxe aquele que sempre quis voltar ao interior para a capital do Estado. Adepto do movimento hippie, embora tivesse raízes bem fincadas na terra onde “tudo que se planta dá”, permitiu-se explorar o país em muitas viagens. A música surgiu naturalmente. Autodidata, nunca fez aulas de violão, um dos instrumentos que dominou com maestria.

Conheceu a esposa e parceira musical Carmem Carolina em 1978 e pouco depois juntaram as escovas de dente. Ela o acompanhou durante a vida toda, seja cantando ao seu lado ou na criação dos três filhos: Julia, Raul e Ciro. Pai amoroso, acordava às 5h30 para preparar o café da manhã das crianças e levá-las à escola. Apesar da aparência e do jeito de “descolado”, estava longe de ser um pai liberal.

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Embaixador Pé Vermelho

O primeiro disco foi lançado em 1981. Lançou outros cinco com sua temática favorita: as terras vermelhas e a natureza do lugar onde vivia.

A história da música “Bicho do Paraná” só não é mais conhecida do que a música em si. Durante uma temporada no Rio de Janeiro, João Lopes foi intimado por um empresário para cortar os longos cabelos e aparar a barba, como forma de se adaptar ao mercado local. Bateu o pé e a resposta virou versos: “não sou gato de Ipanema, sou bicho do Paraná”.

Virou praticamente um hino ecoado pelos quatro cantos do estado. “Bicho do Paraná” ficou mais famosa ainda quando passou a integrar uma campanha da RPC TV (então TV Paranaense) nos anos 80 e ganhou projeção nacional ao ser usada pelo extinto Banco Bamerindus, também paranaense, em uma de suas campanhas, em 1985.

Nunca voltou à sua terra natal, mas buscou um mato para viver. Na chácara em que a família vive até hoje, na Região Metropolitana de Curitiba, plantou cada uma das árvores frutíferas que hoje formam um bosque. Fazia questão de transmitir sua ligação com a natureza para os filhos. “A primeira lembrança que eu tenho de espiritualidade foi quando eu era pequena e ele levava a gente ao Parque Barigüi para andar de bicicleta. Quando entrava no bosque, ele fazia a gente abraçar as árvores para sentir o amor de Deus”, conta a filha Julia Gandara Lopes da Silva.

Outra característica que não passava despercebida era a generosidade. Chegava a tirar a própria roupa do corpo para dar a quem precisava.

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Não chegou a aproveitar plenamente os frutos que suas árvores começaram a dar. Mas deixa esse patrimônio incalculável à esposa, três filhos e quatro netos (um a caminho).