Aluno de colégio cívico-militar Gabriel Scheuneman fala durante lançamento do programa, no final de setembro| Foto: Geraldo Bubniak / AEN
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Os colégios cívico-militares vão continuar a ser comandados por professores da Secretaria de Estado da Educação (Seed), o modelo é diferente das escolas militares tradicionais e quem fala em militarização do ensino paranaense está divulgando fake news. Convidado do último podcast Pequeno Expediente, o diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Gláucio Dias, rebateu as principais críticas feitas ao projeto das escolas cívico-militares, aprovado em outubro pela Assembleia Legislativa e que já iniciou sua implantação, com a adesão de 186 colégios ao novo sistema.

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“A comunidade sabe que não é um colégio militar. A gente colocou com muita clareza. Vai ter um foco maior na disciplina, na formação de valores, algumas disciplinas a mais, mas nunca se vendeu a ideia de que seria como um colégio militar”, disse o diretor. “O colégio militar tem um outro DNA, que é formar o aluno para a carreira militar e não é esse o foco dos cívico-militares. No colégio militar, todo o corpo pedagógico, diretoria do colégio, comando, fica na mão dos militares. No colégio cívico-militar não. Isso derruba a fake news de que haveria militarização das escolas. Isso é uma grande mentira. O diretor cívico-militar é subordinado ao diretor geral da escola e este diretor é um professor do quadro da secretaria de estado da educação”, acrescentou, citando, ainda, que, no colégio militar há teste de seleção para o ingresso de alunos, o que é proibido no sistema cívico-militar.

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Gláucio Dias também negou que o projeto tenha sido implantando às pressas e sem a devida discussão com as comunidades escolares dos colégios que acabaram aderindo ao novo sistema. “Temos mais de 150 pedidos de escolas protocolados aqui na Secretaria, tivemos um amplo debate da sociedade durante a tramitação da lei, por todo o mês de outubro, centenas de matérias jornalísticas sobre essa discussão. Foi uma ampla divulgação. Foram mais de 600 notícias veiculadas. Foi muito eficiente a divulgação e a prova concreta disso é que atingimos o quórum mínimo (50% mais um) de participantes na votação em 211 colégios, só em cinco colégios que não. Houve um amplo processo, teve campanhas pelo voto sim e voto não, houve uma grande mobilização e foi um processo democrático. Mais de 74 mil pessoas votaram, mostrando que foi um processo bastante democrático”, disse.

Apesar de a lei ter sido regulamentada em 26 de outubro e a votação nas escolas ter iniciado no dia seguinte, o diretor da Secretaria de Educação disse que nenhum pai foi pego de surpresa. “A secretaria já vinha há semanas divulgando esse assunto aos pais. Houve ampla campanha de divulgação. Enviamos material nos e-mails dos pais. No sistema das aulas remotas por conta da pandemia, também mandamos informações às comunidades desta escola. E as famílias do Paraná já conhecem esse modelo desde quando o Paraná entrou no programa nacional. Já é um assunto bem maturado na nossa rede. Independente de ter sido rápido, já era um tema de conhecimento da comunidade escolar. E a prova disso foi que atingimos o quórum em quase todas as escolas”, concluiu.

A APP Sindicato, que representa professores e funcionários da rede pública de ensino, tem se manifestado reiteradamente contra o modelo de colégios cívico-militares. Em carta às mães, pais e responsáveis, no final de outubro, o sindicato pediu à comunidade "que não se deixe enganar por propagandas oficiais que escondem as verdadeiras intenções da militarização das escolas". Na avaliação da APP, "o colégio militar é para formar soldados; escola pública é para formar cidadãos(ãs) humanizados(as), livres, plurais, diversos(as) e emancipados(as)".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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