Morreu nesta quinta-feira (11), aos 86 anos, René Ariel Dotti, um dos mais reconhecidos nomes do Direito no país. O curitibano construiu uma sólida carreira, destacando-se como jurista e criminalista de expressão nacional que influenciou, também, várias gerações de advogados em sua atuação como docente da Universidade Federal do Paraná, onde se formou. Ao longo de sua história, lutou pelos direitos humanos e pela liberdade de expressão – em especial nos anos da ditadura militar.
Dotti foi vítima de uma parada cardiorrespiratória. O falecimento foi confirmado por seu escritório de advocacia (leia a nota). Ele deixa a esposa, duas filhas e quatro netos.
Trajetória dedicada à defesa dos Direitos Humanos e liberdade de expressão
René Dotti nasceu em 15 de novembro de 1934. Filho de um decorador de paredes e de uma costureira, o curitibano chegou a tentar, na juventude, a carreira teatral e na imprensa. No jornalismo, chegou a trabalhar no Diário do Paraná. Mais tarde, já consagrado, escreveu uma série de colunas para a Gazeta do Povo (relembre aqui).
Como advogado, dedicou sua trajetória, em boa parte, à luta pelos direitos humanos e pela liberdade de expressão. Na ditadura militar, defendeu políticos, sindicalistas e jornalistas, muitas vezes sem cobrar honorários. "Eu promovi a defesa de jornalistas do [jornal] Última Hora, que se instalou no estado nos anos 1960 e tinha uma orientação muito agressiva em relação aos padrões provincianos da cidade e do estado. Tinham reportagens muito importantes, muito corajosas, o que lhe valeu a perseguição do regime militar", relembrou em 2013, em um vídeo gravado para a Gazeta do Povo.
Dotti teve papel fundamental também na redação da Legislação brasileira. Foi coautor do anteprojeto de reforma da Parte Geral do Código Penal (Lei n.º 7.209/84); coautor do anteprojeto da Lei de Execução Penal do Brasil (Lei n.º 7.210/84); membro da Comissão para elaboração do Anteprojeto do Código Penal, instituída pelo Ministro da Justiça (Portaria n.º 1.265/97); entre diversas outras participações.
A capacidade argumentativa, conhecimento técnico e respeito jurídico levaram o advogado a assumir alguns dos casos mais relevantes das histórias paranaense e brasileira. Professor Dotti atuou como advogado da Petrobrás na ação contra Lula no caso do triplex do Guarujá -- o caso jurídico de maior repercussão no país em anos recentes.
Dotti também atuou na defesa do ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (no conhecido caso envolvendo o acidente de trânsito que culminou em duas mortes), assim como na defesa da ex-secretária de Estado e ex-primeira dama do Paraná Fernanda Richa (em denúncia de corrupção).
Confira a nota de pesar de seu escritório de advocacia
A Dotti e Advogados comunica, com profundo pesar, o falecimento de seu fundador, professor René Ariel Dotti, 86 anos, ocorrido nesta quinta-feira (11), em sua residência.
Nascido em Curitiba no Dia da República, a 15 de novembro de 1934,
Dotti formou-se em Direito pela UFPR e começou a atuar na advocacia nos anos 50. Destacou-se na luta contra a ditadura militar, defendendo jornalistas, sindicalistas, professores, estudantes e tantos quantos foram perseguidos pelo regime. Por quase seis décadas, Dotti contribuiu com o ensino jurídico, com diversos livros e pareceres.
Dotti deixa a esposa Rosarita, as filhas Rogéria e Cláudia, e os netos Gabriel, Pedro, Lucas e Henrique, além de uma legião de admiradores na área do Direito e em todas as esferas da sociedade.
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