Primeiro político condenado pela Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ex-deputado Nelson Meurer (PP-PR) foi preso na quarta-feira (30) e levado para a Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná. Meurer foi sentenciado, em maio de 2018, a 13 anos, 9 meses e 10 dias de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa dele diz que irá tomar medidas legais para reverter a prisão.
Nelson Meurer é um político tradicional do Paraná, cuja principal base eleitoral é a cidade de Francisco Beltrão. Ele foi deputado federal por seis legislaturas consecutivas, desde 1994, somando mais de duas décadas na Câmara Federal. Não disputou a eleição de 2018 e estava sem mandato.
No pleito de 2014, Meurer declarou à Justiça Eleitoral possuir R$ 4.656.434,40. Entre seus bens, estavam veículos, embarcações, terreno rural, além de R$ 762.360,00 guardados em espécie. Também declarou ser um dos donos da Firma Agrícola Sudoeste Ltda, com sede em Francisco Beltrão.
Trajetória no PP
O ex-deputado está filiado ao PP desde a década de 90. Antes, pertencia à Arena, grupo que deu sustentação à ditadura militar.
O PP foi a legenda que indicou Paulo Roberto Costa, delator-chave da Lava Jato, para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras. Meurer era extremamente ligado a José Janene, o conhecido deputado federal pelo PP do Paraná, morto em 2010.
Em depoimento prestado por Meurer durante a ação penal no STF, o ex-parlamentar chega a defender o amigo, envolvido em escândalos de corrupção como o mensalão e o próprio petrolão: “Eu nunca deixei de considerar o Janene uma pessoa correta”, disse Meurer.
Apesar da proximidade, no mesmo depoimento, Meurer negou qualquer vínculo com o doleiro Alberto Youssef, que trabalhava com Janene. Já o depoimento de Youssef trouxe outra narrativa: o doleiro revelou que fez “várias entregas” de dinheiro ilícito a Meurer, inclusive pessoalmente. O ex-deputado negou ter recebido dinheiro de forma ilegal.
Como foi a atuação na Câmara
Ligado ao agronegócio, Meurer foi titular da comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara Federal na legislatura passada.
Ele votou contra a cassação do mandato de Eduardo Cunha por quebra de decoro; a favor da admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff; e contra o prosseguimento das denúncias contra Michel Temer (MDB).
A condenação e a defesa
No STF, o ex-deputado foi condenado – ainda no exercício do mandato – por solicitar e receber cerca de R$ 30 milhões do esquema de desvio de recursos da Petrobras revelado pela Lava Jato. Além desses recursos, Meurer também teria recebido R$ 4,5 milhões em transferências extraordinárias para financiar sua campanha à Câmara em 2010, segundo a denúncia.
O parlamentar é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um dos integrantes da cúpula do PP que ofereceram sustentação política a Paulo Roberto Costa no cargo de diretor de Abastecimento da Petrobras em troca de vantagens ilícitas.
Ao portal G1, a defesa do ex-deputado disse que respeita a decisão judicial e que irá tomar as medidas legais para reverter a prisão. Destacou ainda que existe um recurso que ainda precisa ser julgado pela 2ª turma do STF.
Filho também foi preso
Outros dois filhos do ex-deputado foram considerados culpados na mesma ação penal, mas apenas um deles foi preso com o pai na quarta-feira (30). Nelson Meurer Junior havia sido condenado a 4 anos, 9 meses e 18 dias de reclusão em regime semiaberto e também teve a prisão decretada pelo ministro do STF Edson Fachin.
Em sua decisão, o ministro afirmou que os embargos apresentados pela defesa da família buscavam rediscutir a causa que já havia sido julgada e, portanto, tinham “contornos protelatórios”.
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