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Professor Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Professor Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).| Foto: Reprodução / YouTube / Supremo Tribunal Federal

O reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor Ricardo Marcelo Fonseca, afirmou que as universidades públicas têm sido alvo de ataques de desinformação, violência simbólica e fake news. Um destes ataques, exemplificou o reitor, foi o que ele chamou de “invasões” promovidas por membros do Movimento Brasil Livre (MBL) a universidades federais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

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As falas foram proferidas durante um seminário promovido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (14), contra a desinformação e em defesa da democracia. Sem citar textualmente o MBL, Fonseca afirmou que há em curso “uma campanha em nível nacional feito por um grupo bastante conhecido, conservador, que tem inserção no congresso nacional” para “invadir as universidades públicas para mostrar a ‘vagabundagem’ que acontece lá dentro”.

“Eles chegam geralmente em espaços de convivência estudantil, em centros acadêmicos de cursos de Ciências Humanas, onde há formas de expressão como grafites nas paredes. Eles fazem, a partir daquela fala do moralismo administrativo, que estão ali em defesa do patrimônio público, como se fossem fiscais da moralidade e do dinheiro público, sem que ninguém os tivesse incumbido disso”, alegou o reitor da UFPR.

"Eu quero a polícia longe do meu campus", diz reitor da UFPR

A fala de Fonseca se refere à ação do grupo “Inimigos Públicos” do MBL realizada no último dia 1º de setembro na UFPR, em Curitiba. João Bettega, Matheus Faustino e Gabriel Costenaro, porta-vozes do MBL, foram acuados e agredidos por estudantes no Centro Acadêmico do curso de História. Dias depois, a UFPR deu uma outra versão para a ação, relatando supostas agressões dos integrantes do MBL a uma funcionária terceirizada da universidade.

De acordo com o reitor da UFPR, este tipo de ação tem gerado uma “sensação de vulnerabilidade” entre a comunidade universitária. Isso porque, apontou Fonseca, após as “invasões” vem a distribuição de vídeos editados sobre as ações, que circulam em nível nacional impulsionados “por uma milícia digital organizada”.

“As universidades são representadas [nestes vídeos] com as piores cores possíveis, com elementos de discursos de ódio, violência, ataque às instituições. Isso tem um potencial de violência física com o qual não temos como lidar, quando chegam invasores com intenções violentas. Nós temos seguranças patrimoniais, e não seguranças pessoais, e nem queremos ter. Eu quero a polícia longe do meu campus, inclusive. Em outras palavras, nós temos que começar a refletir diante dessa situação tão nova em que esse uso instrumental da suposta liberdade de expressão é tão distorcido para o ataque às instituições”, completou.

O MBL foi procurado pela Gazeta do Povo, mas não houve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

Universidades precisam "desmontar bombas de desinformação"

Os ataques citados pelo reitor da UFPR são consequência direta, afirma Fonseca, de uma campanha intensa de produção de fake news contra as universidades. De acordo com ele, as instituições de ensino superior precisam “desmontar as bombas de desinformação”. Um desses casos, ressaltou, é a ideia de que as universidades federais têm um orçamento maior do que o necessário.

“Nos acusam de sermos superfinanciados, por exemplo, de termos bilhões e bilhões à nossa disposição, um dinheiro que vai pelo ralo. Aproximadamente 90% a 95% do orçamento nominal das universidades é orçamento que nem passa pela universidade e nem está no controle dos gestores. Serve para pagar vencimentos, aposentadorias e pensões de inativos. Se pegar o montante bruto e o montante que as universidades realmente usam para o custeio e investimento, nós vamos ver uma distância muito grande”, alegou.

Outra acusação que, para o reitor da Universidade Federal do Paraná, não tem fundamento foi feita pelo ex-ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro (PL) Abraham Weintraub. Fonseca também não citou o nome do ex-ministro, mas afirmou que “a partir da Esplanada dos Ministérios se dizia que as universidades eram lugares de balbúrdia”.

“Se dizia que as universidades eram inúteis, ou que a gente não precisa de tanta gente formada as universidades. Se dizia que as universidades eram um local de produção extensiva de maconha ou de drogas sintéticas, sem nenhum reflexo, absolutamente nenhum reflexo, com a realidade”, apontou.

Reitor da UFPR voltou a criticar operações contra reitores de universidades federais

Por fim, Fonseca também voltou a criticar as ações realizadas contra reitores de universidades federais entre os anos de 2016 e 2017. Durante o período, as administrações das universidades federais de Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná foram colocadas sob suspeita de fraudes e corrupção. Em dezembro de 2017, ele publicou um texto no qual afirmava que "as universidades brasileiras estão sob ataque".

A imprensa, alegou o reitor da UFPR durante o seminário do STF, deu ampla cobertura midiática a casos de corrupção que, segundo ele, não foram totalmente comprovados. O desfecho mais grave, disse, ocorreu no caso do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), encontrado morto depois de cair do sexto andar de um shopping em Florianópolis.

“O padrão [dessas operações foi] sempre absolutamente o mesmo, com ampla cobertura midiática, ampla repressão ostensiva, prisões e neste caso, com um dado adicional. O reitor foi preso e levado a um presídio, passou por revista íntima. O final dessa história específica de Santa Catarina é trágico, todo conhecemos. O que temos em comum em todas essas operações é o fato de que em todas elas ou da montanha nasceu um rato, os desvios se existentes eram imensamente menores do que os propalados pela imprensa, ou alguns desvios não foram apurados, como no caso da UFSC”, disse.

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