
Ouça este conteúdo
O vereador Renato Freitas (PT) teve seu mandato cassado pela Câmara Municipal de Curitiba. A decisão foi confirmada nesta sexta-feira (5), com a votação em segundo turno do projeto de resolução elaborado pelo Conselho de Ética da Casa, que considerou que o vereador quebrou o decoro parlamentar por ter perturbado culto religioso e realizado manifestação política no interior da Igreja do Rosário, durante manifestação contra o racismo realizada em 5 de fevereiro. No segundo turno, o parecer pela cassação foi aprovado por 23 votos a 7, com uma abstenção.
RECEBA notícias de Curitiba e do Paraná pelo WhatsApp
Com o resultado da votação desta sexta-feira, Freitas perde o mandato, devendo a Câmara publicar a decisão em Diário Oficial e, na sequência, convocar a primeira suplente do PT, Ana Júlia Ribeiro, que chegou a ser empossada por um dia em junho, após a primeira cassação de Freitas, antes de a Justiça tornar sem efeito o resultado das sessões que o cassaram anteriormente.
Durante a sessão especial desta sexta-feira, a defesa de Freitas voltou a apresentar questão de ordem alegando a decadência processual do caso por já ter sido ultrapassado o prazo de 90 dias para a conclusão do processo ético disciplinar. Mais uma vez, a questão de ordem foi negada de ofício pelo presidente da Câmara, Tico Kuzma (Pros). Os advogados de Freitas interpelaram recurso ao plenário e adiantaram que levarão, novamente, o caso à Justiça.
Nesta sexta-feira, pela primeira vez nas quatro sessões em que foi julgado, Renato Freitas utilizou seu direito à palavra. O vereador disse que está sendo vítima de perseguição política por quebrar paradigmas dentro da Câmara Municipal, por representar os negros, os pobres e a periferia e por adotar uma “postura disruptiva” no exercício de seu mandato. “Antes de mim, outros vieram, depois de mim, outros virão”, disse. "Fui à igreja, cristão que sou, à casa de Deus, à casa do povo. Entrei porque me senti acolhido, pedi por vidas negras. Onde está meu crime?", questionou.
Alguns vereadores, manifestaram, na sessão, estarem desconfortáveis em ter que votar pela cassação, dizendo entender que a pena deveria ser menos rigorosa, como uma suspensão de mandato. Mas a opção encaminhada pelo Conselho de Ética era ou a cassação, ou o arquivamento do processo. Freitas criticou “a hipocrisia de quem vota pela cassação, mas tece elogios à absolvição”.
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
5 de fevereiro
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Durante protestos contra o racismo, em repúdio ao assassinato do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, na frente da Igreja do Rosário, no Centro Histórico de Curitiba, manifestantes invadem a igreja e Renato Freitas discursa dentro do templo religioso.

7 de fevereiro
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Os vereadores Éder Borges (PSD), Pier Petruziello (PTB) e Pastor Marciano Alves (Republicanos) protocolaram representações por quebra de decoro contra Renato Freitas, após o petista participar do protesto dentro da igreja.
9 de fevereiro
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Durante a sessão plenária da Câmara, o vereador se manifestou publicamente pela primeira vez, pedindo desculpas “às pessoas que se sentiram profundamente ofendidas” com a situação.
10 de fevereiro
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Mesa Diretora da Câmara admite representações contra Freitas e encaminha o caso ao Conselho de Ética.
14 de fevereiro
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Corregedoria da Câmara vê materialidade nas denúncias contra Freitas e recomenda abertura de processo ético disciplinar.
17 de fevereiro
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Conselho de Ética abre processo contra Renato Freitas. Sidnei Toaldo (Patriota) é eleito relator do caso.
23 de fevereiro
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Conselho de Ética notifica Renato Freitas sobre a abertura do processe e prazos começam a correr.
18 de março
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Renato Freitas apresenta defesa prévia, dizendo que não invadiu igreja, entrou, após a missa, porque a porta estava aberta; não interrompeu nem atrapalhou a missa; não fez manifestação política dentro da igreja e não liderou as manifestações.
21 de março
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Após análise da defesa prévia, Conselho de Ética decide prosseguir com processo.
12 de abril
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Fase de instrução do processo é concluída com o depoimento de Renato Freitas.
25 de abril
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Vazam áudios do vereador Marcio Barros (PSD), membro do Conselho de Ética, antecipando voto pela cassação de Freitas, afirmando que outros três membros do Conselho também já teriam decidido pela cassação e sugerindo pressão sobre a vereadora Noêmia Rocha (MDB), que estaria indecisa. Defesa de Freitas pede suspeição de Barros e anulação do processo.
27 de abril
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Márcio Barros pede desligamento do Conselho de Ética. Conselho de Ética nega anulação do processo.
29 de abril
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Renato Freitas protocola alegações finais junto ao Conselho de Ética, reafirmando não ter invadido a igreja, não ter liderado o movimento e não ter interrompido a missa.
06 de maio
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Relator Sdinei Toaldo apresenta relatório pela cassação do mandato de Renato Freitas. Apesar de descartar, em seu relatório, a acusação de invasão de igreja, o relator considera que Freitas atrapalhou culto religioso e realizou manifestação política no interior da igreja. Vereadora Maria Letícia (PV) pede vista do relatório.
9 de maio
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Renato Freitas recebe email com ofensas racistas em seu endereço oficial da Câmara. No remetente constava o endereço eletrônico oficial do vereador Sidnei Toaldo.
10 de maio
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Com cinco votos favoráveis ao relatório de Sidnei Toaldo, o Conselho de Ética delibera pela cassação do mandato do vereador Renato Freitas. Maria Letícia votou pelo arquivamento do caso e Dalton Borba pela suspensão do vereador.
11 de maio
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Corregedoria da Câmara abre sindicância para investigar origem do email racista recebido por Freitas.
17 de maio
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Presidente da Câmara, Tico Kuzma (Pros) convoca sessão extraordinária para o dia 19 de maio para votação do projeto de resolução que determina a perda de mandato de Renato Freitas.
19 de maio
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Horas antes da sessão extraordinária de julgamento de Freitas, liminar da juíza Patricia de Almeida Gomes Bergonse suspende a realização da sessão até que seja concluída a sindicância sobre o email racista. Para a juíza, se comprovado que o email tivesse sido disparado por Sidnei Toaldo, o processo estaria passível de nulidade.
1º de junho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Corregedoria da Câmara conclui sindicância sobre email racista, confirmando a veracidade da mensagem eletrônica, mas descartando que ela tenha sido enviada por Sidnei Toaldo ou qualquer membro de seu gabinete. Segundo a sindicância, o email foi enviado de um servidor europeu capaz se simular qualquer endereço eletrônico como remetente. O resultado da sindicância é compartilhado com o Tribunal de Justiça, que pede mais detalhes.
20 de junho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
A juíza Patrícia Bergonse revoga a liminar que impedia a realização de julgamento de Freitas, após o recebimento de informações complementares sobre a sindicância nos e-mails por parte da Câmara.
21 de junho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Com 25 votos favoráveis, 7 contrários e 2 abstenções, plenário da Câmara aprova, em primeiro turno a resolução do Conselho de Ética que determina a perda de mandato de Renato Freitas. Alegando o descumprimento de prazos de notificação, vereador e sua defesa não comparecem à sessão.

22 de junho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Mais uma vez sem a presença de Renato Freitas e de seus advogados, plenário da Câmara cassa o mandato de Freitas após aprovar, em segundo turno, o projeto de resolução. Freitas recorre à Justiça.
30 de junho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Juíza Patrícia Bergonse indefere pedido de liminar de Freitas em Mandado de Segurança contra a cassação de seu mandato pela Câmara. A magistrada não concordou com o argumento da defesa de que prazos de convocação, intimação e notificação teriam sido desrespeitados. Câmara convoca a suplente de Freitas, Ana Julia Ribeiro (PT) para tomar posse.
04 de julho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Ana Julia toma posse dizendo que manterá em trâmite todos os projetos e requerimentos de Freitas, “na certeza de que ele voltará”.

05 de julho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Liminar da desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima suspende os efeitos da sessão de cassação de Freitas, considerando que houve descumprimento de prazos, devolvendo o mandato ao vereador.
06 de julho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
A Câmara Municipal de Curitiba comunica que Renato Freitas voltará ao cargo no dia seguinte. Com isso, a suplente Ana Júlia Ribeiro deixa a Casa. Uma nova sessão, em dois turnos, é marcada para agosto para mais uma vez julgar o petista pela quebra de decoro parlamentar.
11 de julho
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Câmara marca as sessões especiais do processo de cassação de Renato Freitas para os dias 4 e 5 de agosto, às 9 horas.
4 de agosto
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Na primeira votação, os vereadores decidiram novamente cassar o mandato de Renato Freitas.
5 de agosto
Confira a a linha do tempo do caso Renato Freitas
Em segundo turno, Câmara confirma cassação de Renato Freitas.





