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O publicitário Carlos Rogério Florenzano morreu na noite desta quinta-feira (29), em Curitiba.
O publicitário Carlos Rogério Florenzano morreu na noite desta quinta-feira (29), em Curitiba.| Foto: Edson Silva/ Arquivos Gazeta do Povo

Primeiro aluno do Colégio Militar de Curitiba, trabalhador, autodidata, sorridente, amante do jornalismo, semeador da propaganda e apaixonado pela Gazeta do Povo. Carlos Rogério Florenzano trabalhou incansavelmente na comunicação paranaense, com destaque como publicitário nos principais jornais do estado.

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Nascido no Rio de Janeiro, no bairro Engenho Novo, Rogério Florenzano tinha mãe carioca e pai paulista. Veio morar em Curitiba aos três anos de idade com a família, no bairro Bacacheri. Filho de oficial da Aeronáutica e caçula de quatro irmãos, construiu toda a carreira na capital paranaense, onde formou família, com esposa e cinco filhos.

Rogério Florenzano estudou em um colégio militar em Belo Horizonte (MG), no colegial. Porém, depois de um ano, retornou para a capital paranaense e foi o primeiro aluno do Colégio Militar de Curitiba. Seu uniforme foi usado como modelo para a alfaiataria Jockey confeccionar as roupas para os estudantes.

Trajetória de Rogério Florenzano na comunicação

A trajetória na comunicação começou com um convite simples do irmão, Emílio Zola, para trabalhar no jornal Diário do Paraná, que se tornou seu primeiro emprego, em 1964. No ano seguinte, o irmão Emílio Zola indicou Rogério para trabalhar na Gazeta do Povo, época em que o jornal foi adquirido por Francisco Cunha Pereira Filho. Em 1° de agosto de 1965, começou a trabalhar nos classificados do jornal.

Logo após um ano, se tornou chefe do departamento de publicidade e propaganda da Gazeta do Povo. “Naquela época, tínhamos todas as dificuldades do mundo. A máquina de impressão, quando entrei, era uma máquina plana que imprimia página por página”, recordou Florenzano ao portal Memórias Paraná.

A dedicação do publicitário era vista por muitos que tinham contato com ele. Rogerio Mainardes, empresário e profissional de marketing, conheceu Florenzano em 1978. “Um entusiasmo fora do normal, a paixão dele pela Gazeta do Povo foi muito grande. Um dos melhores profissionais de vendas que eu conheci durante a minha trajetória”.

Mainardes atuava no Grupo Positivo e a empresa fazia anúncios no jornal. Por isso, durante 25 anos teve contato com o publicitário e, depois, por mais 8 anos como colega na Rede Paranaense de Comunicação (RPC). “Ele era capaz de fazer qualquer simulação e adaptação para atender o cliente e fazer com que a Gazeta do Povo fosse o instrumento do sucesso de venda da empresa”, contou.

“Fizemos inúmeros projetos, anunciando na Gazeta do Povo. O Rogério sempre foi um líder na área comercial e uma pessoa de visão muito grande, um homem que sabia ouvir e firme no propósito comercial”, relatou Mainardes.

39 anos de Gazeta do Povo 

Rogério Florenzano contou em entrevista ao portal Memórias Paraná que ele era o primeiro a chegar na redação e o último a sair. Sua dedicação e competência fizeram o publicitário permanecer durante 39 anos na Gazeta do Povo.

Rogério Florenzano e Dercio Almeida recebendo o Prêmio Top Of Mind pela Gazeta do Povo e Canal 12, em 2002.
Rogério Florenzano e Dercio Almeida recebendo o Prêmio Top Of Mind pela Gazeta do Povo e Canal 12, em 2002. | Luiz Costa/Arquivos Gazeta do Povo

O publicitário e jornalista José Dionísio Rodrigues trabalhou com Rogério Florenzano na Gazeta do Povo, entre os anos de 1968 e 1975. “Rogério era extremamente focado na comunicação e propaganda. Ele era um profissional entusiasmado com a área. Na área comercial, incentivou muitos empresários no Paraná a valorizarem suas marcas por meio de comunicação bem feita. Sempre sorridente e muito focado”, lembrou Rodrigues.

Para o presidente-executivo do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), Guilherme Cunha Pereira, o publicitário teve um papel fundamental na construção do jornal. “Rogério Florenzano, um indivíduo notável que deixou uma marca indelével em nossa empresa e em todos os corações que teve a oportunidade de tocar. Ele teve papel fundamental na estruturação da área comercial da nossa empresa. Sua visão, liderança e comprometimento foram elementos-chave para o crescimento e o sucesso que desfrutamos hoje", declarou.

A diretora da unidade Jornais do GRPCOM, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, também relembrou a convivência com o publicitário. “Desde pequena, o nome do Rogério Florenzano fez parte da minha vida e de toda nossa família. Ele e meu pai tiveram uma relação muito próxima por mais de 40 anos e eram dois apaixonados pela comunicação".

"Não tenho dúvidas que os excepcionais resultados comerciais da Gazeta do Povo são graças ao trabalho, relacionamento e criatividade dele. Além disso, Rogério era um excepcional ser humano, pai de família e amigo para qualquer hora. Vai fazer falta”, disse a diretora da unidade Jornais do GRPCOM.

Rogério Florenzano participou da mudança no formato de jornais do Grupo Paulo Pimentel 

Após se aposentar na Gazeta do Povo, em 2004, Rogério Florenzano continuou trabalhando na comunicação publicitária. Ele participou da mudança de formato do jornal do standard para o formato berliner. “Com muita honra fui para o Grupo Paulo Pimentel. Fizemos muitas coisas. Doutor Paulo era uma pessoa inovadora, tinha uma bela sede, boas máquinas, uma bela redação, dois belos jornais. A Tribuna talvez fosse meu maior concorrente na época de Gazeta. Era um ambiente delicioso”, disse Rogério Florenzano ao portal Memórias Paraná.

À reportagem da Gazeta do Povo, Paulo Pimentel relembrou do grande amigo que construiu ao longo dos anos. “Minha história começa, até com competição, entre os nossos jornais. Mas sempre nos reuníamos. Ele era competente, afável e um grande diretor comercial nosso e da Gazeta do Povo”.

“Esforçado, foi notável seu tempo como publicitário. Ele tinha seu divertimento, caminhões que ele comprava e viajava. É com tristeza que eu registro a morte desse amigo”, lamentou Pimentel. “Época como competidor e outras como colega, mas sempre como grande amigo”, complementou.

Rogério Florenzano permaneceu no Grupo Paulo Pimentel até os jornais serem vendidos. Rafael Tavares, diretor de jornalismo da Tribuna do Paraná, lembra com saudade do amigo. “Rogério foi, seguramente, o profissional de propaganda mais importante da história dos jornais paranaenses. Deixou importante legado como diretor comercial da Tribuna”, afirmou. “Ele foi um dos responsáveis por trazer inovações comerciais para a Tribuna e O Estado, além de participar do início da reformulação e reposicionamento dos jornais naquela época”, completou.

Depois da passagem pelo Grupo Paulo Pimentel, Rogério Florenzano iniciou a rede Diários do Paraná, onde atuou por pouco tempo. Por fim, ele criou a empresa Redepar, que representava vários jornais do Paraná na venda de publicidade.

Simplicidade, determinação e inovação eram marcas do publicitário 

Como o publicitário trabalhou durante muitos anos na comunicação, ele vivenciou diversas mudanças na área. No ano 2000, a Gazeta do Povo passava por um novo ciclo. O publicitário e empresário Julio Sampaio contou que, na época, estava “saindo uma geração e vindo outra”.

Sampaio prestou consultoria para o jornal, à época, e também atuou na empresa por dois anos. Trabalhando com Florenzano, ele evidenciou que, apesar das constantes mudanças, Rogério se adaptava muito bem. “Chamava a atenção o espírito inovador [do Rogério]. A resiliência e a inovação. Ele tinha um olhar otimista de buscar inovação, era muito criativo em ver caminhos novos e lidava muito bem com mudanças. Na época, muitos funcionários antigos saíram, mas ele permaneceu. Ele conseguiu se reinventar e se adequar”, destacou.

A alegria do publicitário também era algo marcante, relembrou Sampaio. “A positividade, a alegria e um olhar otimista eram características que chamavam atenção”.

Apesar da determinação e constante busca por inovação, Sergio Reis, o ex-diretor do Banco Bamerindus e ex- secretário de Comunicação do Estado de São Paulo, afirmou que a simplicidade era a marca de Rogério Florenzano.  “A Gazeta do Povo era o principal jornal. Era fácil ficar muito orgulhoso com as funções e virar uma pessoa vaidosa, mas ele sempre foi uma pessoa simples, afável e nunca vi ninguém falar mal do Rogério. Ele foi uma ótima pessoa”, contou Sergio Reis, que trabalhou por mais de 30 anos com Florenzano, pois o banco em que trabalhava fazia propaganda no jornal.

“Guardo do Rogério a melhor das imagens, ele nunca foi vaidoso. Ele sempre se manteve simples e companheiro. O Rogério era aquela pessoa que a gente gostava de dar risada juntos”, contou.

O publicitário Carlos Rogério Florenzano morreu na noite desta quinta-feira (29), em Curitiba. Deixa a esposa Marcia Florenzano, cinco filhos e netos. "Tenho uma família muito feliz (...) devo a minha vida profissional a minha família e a minha esposa e é assim que eu quero terminar", afirmou o publicitário em depoimento, em 2015.

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