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Após surto no Noroeste, cadeia bilionária do frango reforça proteção contra a Covid-19
| Foto: Divulgação Assessoria de Comunicação C.Vale

A morte da funcionária de um abatedouro de frangos no Noroeste do Paraná, em abril, acendeu o alerta para que os frigoríficos do setor redobrassem a atenção a fim de proteger a bilionária cadeia produtiva de aves. O estado lidera com folga a produção brasileira, respondendo pelo abate de 2,4 milhões de cabeças de frango por dia, o que representa cerca de 4 milhões de toneladas ao ano, ou 29% de toda produção. Órgãos orientam medidas de proteção, mas fiscalização ocorre apenas de maneira pontual. A produção segue em ritmo normal.

O óbito da mulher de 40 anos foi confirmado no dia 14 de abril e na ocasião, de acordo com a Secretaria de Agricultura de Paranavaí, outras cinco pessoas da mesma unidade tinham sido diagnosticadas com a Covid-19. Ainda segundo a secretaria, havia um possível surto do vírus acontecendo na empresa e, inclusive, outros falecimentos podem estar diretamente ligados à unidade, mas não há confirmação dos dados. A unidade possui cerca de 1.800 funcionários e abate por dia de 120 mil a 130 mil frangos e, no mês, cerca de dois milhões de aves. A companhia paralisou as atividades entre os dias 9 e 22 de abril a fim de impedir um contágio ainda maior. Paranavaí faz parte da região que mais apresenta contágio por coronavírus em todo o estado, registrando até o dia 15 de maio 64 casos e cinco mortes. O município tem aproximadamente 110 mil habitantes.

A GTFoods foi procurada por diversas vezes pela reportagem para esclarecer o números exato de colaboradores infectados pela Covid-19, assim como os óbitos relacionados, além de explicar as medidas que estão sendo tomadas para que mais casos não apareçam na empresa, mas preferiu não se pronunciar.

Fiscalização

Diante do risco de propagação do coronavírus nos frigoríficos - que concentram grande fluxo de pessoas nos quadros de funcionários - a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná esclareceu, por meio da assessoria de comunicação, que a fiscalização das medidas de segurança tomadas pelas empresas cabe à Vigilância Sanitária dos municípios ou regionais de saúde; ou ainda a órgãos ligados à defesa do trabalhador. Porém, disse que foi emitida uma “Nota Orientativa específica alertando para que os frigoríficos elaborem plano de contingência para a prevenção da Covid-19”.

No início de maio o Ministério Público do Trabalho (MPT) no município de Maringá, em conjunto com o Projeto Nacional de Frigoríficos do MPT, firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o grupo GTFoods para garantir a proteção de todos os trabalhadores. Com isso, a empresa se comprometeu a adotar medidas de controle efetivas para evitar a exposição dos trabalhadores ao risco de contágio da Covid-19, como a adoção de sistemas de escalas de trabalho para reduzir aglomerações, bem como afastamento de todos os trabalhadores que tenham tido contato com qualquer colega contaminado e o fornecimento de máscaras. A unidade já retomou a produção. Em todo o Brasil, o Ministério Público do Trabalho investiga o controle do coronavírus em 61 frigoríficos de 11 estados.

Em nota, o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) esclareceu que está acompanhando constantemente, junto aos seus associados e entidades do setor, as atividades nas plantas do estado e as atualizações de protocolos e recomendações de órgãos como Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde. Além disso, esclareceu que os índices de produção e venda seguem normais no setor desde o início da pandemia e até mesmo após o caso do surto do vírus na empresa do Noroeste. Conforme números do Sindicato, em março, de 2019, foram 460 milhões de frangos abatidos no Paraná, enquanto em março de 2020, a quantia foi de 507 milhões. Abril de 2019 contou com o abate de 612 milhões, e no mesmo mês, mas neste ano, 669 milhões. A única alteração na cadeia foi que as vendas antes direcionadas aos restaurantes, agora são voltadas aos supermercados.

Cuidados redobrados

A fim de garantir que o setor não sofra qualquer impacto com a pandemia do coronavírus, e que os funcionários sigam trabalhando sem riscos, muitas empresas vêm adotando medidas preventivas. A C. Vale - Cooperativa Agroindustrial , por exemplo, responsável pelo abate 610.000 aves por dia no Paraná, montou uma “força-tarefa” de peso para garantir que o vírus não chegue nas unidades do complexo industrial.

A empresa de Palotina conta com mais de dez mil colaboradores, sendo que desses, aproximadamente, 5.200 atuam no setor de abate de aves. No início de março, foi montado um comitê de risco e contingência para a Covid-19 com profissionais de diferentes áreas para que soluções de prevenções fossem realizadas.

Joberson de Lima, gerente do Departamento de Recursos Humanos da C.Vale é o coordenador do comitê e explica algumas das medidas da empresa.

“Instalamos duas tendas de atendimento ambulatorial na área externa. Lá é feita a aferição de temperatura de 100%, dos funcionários antes que iniciem o turno de trabalho, além de contarmos com três médicas para atendimento. Ao entrar pelas catracas, todos passam por um túnel sanitizante em que um produto de desinfecção é borrifado. Entre os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) na produção, estão uma touca ninja e escudo de acrílico”, detalhou.

Aferição de temperatura é uma das medidas adotadas para reduzir o risco de contágio do coronavírus na indústria de abate de frangos. Foto: Assessoria de Comunicação C.Vale.
Aferição de temperatura é uma das medidas adotadas para reduzir o risco de contágio do coronavírus na indústria de abate de frangos. Foto: Assessoria de Comunicação C.Vale.| Imprensa C.Vale

A produção não sofreu nenhum impacto desde o início da pandemia e a indústria não contabilizou nenhum caso da doença entre os colaboradores.

Palotina tem pouco mais de 30 mil habitantes e a C.Vale é a maior empregadora da região. Por isso, a importância de conter o vírus em um local de extrema concentração de pessoas. Além das ações internas - que também contam com higienização constante dos ambientes e instalação de placas de acrílico no refeitório para distanciar os funcionários - a empresa patrocinou a higienização dos ônibus públicos. A cidade tem o registro de apenas três casos de Covid-19, de acordo com a Sesa, sendo dois deles já considerados recuperados.

Pensando nos reflexos dos casos já confirmados, Lima acredita que os registros em Paranavaí não interferiram na imagem dos frigoríficos paranaenses.

“De forma alguma prejudicou o setor. Somos uma indústria muito forte, consolidada e respeitada. Foi algo pontual e que será superado”, finalizou.

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