Beto Richa e Flavio Arns passaram de um bate-papo cordial a um debate quente no estúdio da Gazeta do Povo.| Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo

O tom de parceria durou pouco mais da metade do reencontro entre o ex-governador Beto Richa (PSDB) e seu ex-vice, Flavio Arns (Rede) , no debate promovido pela Gazeta do Povo nesta terça-feira (28). Os dois são agora concorrentes ao Senado e iniciaram um bate-papo amigável, mas que enveredou para insinuações e acusações sutis quando Educação Especial e Operação Quadro Negro - temas polêmicos da última gestão de Richa – vieram à tona.

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Vice-governador e secretário da Educação na 1ª gestão de Beto Richa, entre 2011 e 2014, Flavio Arns voltou a defender a Educação como prioridade entre seus projetos e, portanto, relembrou de seu trabalho em frente à Secretaria de Estado da Educação (Seed). Em dado momento, disparou que, enquanto respondia pela secretaria, evitou ao máximo a recriação da Fundepar, autarquia recriada em 2014 para administrar toda a rede física escolar, e epicentro da Operação Quadro Negro, cujas investigações apontam desvios de recursos em obras de escolas estaduais que se aproximam dos R$ 30 milhões.

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“Várias tentativas [de recriar a Fundepar] foram feitas e por pessoas muito próximas a você [Richa]. E nós dissemos em hipótese alguma. Queríamos ter o controle da área da construção, da área da merenda, da área dos materiais. E, tão logo a gente saiu, a Fundepar foi recriada. ”, lembrou Arns.

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No debate, o candidato da Rede afirmou ainda ter ficado surpreso com o fato de o governador ter indicado Maurício Fanini para o cargo. Do outro lado, Richa incluiu na conversa que veio de Arns a indicação de Jaime Sunye para a superintendência da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (Sude). “Tomei atitudes tão logo soube das irregularidades ali cometidas. Todos os suspeitos foram demitidos e os envolvidos estão com bens bloqueados para ressarcimento dos cofres públicos. Inclusive, você foi secretário [da Educação] e nunca me alertou de qualquer desconfiança que pudesse haver na secretaria”, defendeu-se Richa.

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Um dos personagens mais importantes do escândalo, o engenheiro civil Maurício Fanini, cuja relação com a família Richa era estreita, tinha sido escolhido para comandar a Fundepar, mas como ela não saiu do papel, seguiu com um cargo comissionado na Sude, onde fazia a administração da rede escolar. Ele está preso desde o ano passado por causa das investigações e, recentemente, em delação premiada, acusou o ex-governador de ter sido beneficiado com o esquema. Sunye também foi condenado no âmbito da Quadro Negro.

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“Maurício foi minha indicação.Não tenho vergonha do que fiz, logicamente tenho decepção. Pela traição à minha confiança, tanto que nem ele foi poupado. Todas as medidas foram tomadas. Não varremos nada para baixo do tapete”, completou o ex-governador. Ele destacou ainda que Fanini era diretor, mas que Sunye era o superintendente e comandava a Sude. “Tudo que aconteceu ali tem a aquiescência, quando não a assinatura de Sunye. Não vou fazer insinuação se ele sabia, se participava de conluio com diretor ou fiscais ou não. Mas era o superintendente indicado pessoalmente pelo Arns”.

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Educação especial

Outro tema que gerou mal-estar entre os candidatos foi o tratamento dado à área de Educação nas gestões consecutivas de Beto Richa.

Durante quase todo o debate, Arns dirigiu seu discurso para a comunidade ligada à educação especial e aos professores – categoria com quem Beto Richa construiu relação muito frágil durante os oito anos em que esteve na chefia do Palácio Iguaçu. Na avaliação de Arns, foi a falta de diálogo com os docentes, inclusive, que levou a um dos episódios mais traumáticos da carreira de Richa à frente do governo: o 29 de abril, quando mais de 200 pessoas ficaram feridas em um protesto contido por forças policiais. “Existe um problema? Vamos discutir, explicar para as pessoas, achar soluções. E não aquilo que aconteceu em frente à Assembleia Legislativa e que a gente sabe que foi também um episódio vergonhoso para o estado”.

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Arns ainda criticou a situação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) e de outras entidades para pessoas com deficiência que enfraqueceram nos últimos anos. No ano passado, o Centro de Atendimento Epheta, voltado para crianças com deficiência auditiva foi fechado. Logo depois, outra entidade com o mesmo fim, a Associação de Educação Familiar e Social do Paraná, fechou as portas. No debate, Arns citou que as Apaes do Paraná estão sem receber merenda do governo há quase três anos.

Richa reagiu. Afirmou que os investimentos na área subiram de R$ 75 milhões em 2014 para R$ 155 milhões no ano passado. “Se faltou dinheiro na merenda, se faltou um pouco mais por professor, no conjunto total o investimento foi mais do que o dobro do final de 2014, quando você ainda era secretário da educação. Não tem como dizer que os investimentos não foram crescentes”, respondeu ele, que destacou ter investido 36% da receita do estado em educação.

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Confira o vídeo do debate:

 
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