Adversários nas eleições a presidente dos EUA, Trump e Biden têm visões opostas sobre a Amazônia brasileira.| Foto: Jim Watson e Saul Loeb/AFP
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A corrida eleitoral dos Estados Unidos se aproxima do fim e a preservação da Amazônia fez parte do discurso de campanha do candidato democrata Joe Biden por duas vezes. Da parte do presidente norte-americano, o republicano Donald Trump, o assunto não foi abordado publicamente no período eleitoral. Mas Trump já havia se posicionado anteriormente sobre o que pensa sobre a política brasileira para a floresta amazônica.

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Em 15 de outubro, na declaração mais recente, Biden fez menção à região amazônica ao defender a importância de sua preservação para conter mudanças climáticas. A declaração foi feita numa resposta a eleitores. “O maior sequestrador de carbono no mundo é a Amazônia. A cada ano, ela absorve mais carbono que as emissões inteiras dos Estados Unidos”, disse.

Antes, em setembro, Biden havia sido mais duro. Durante o primeiro debate presidencial com Trump, o democrata ameaçou o Brasil com "consequências econômicas significativas" se o país não implantar políticas para impedir o desflorestamento da Amazônia.

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Biden acusou o governo brasileiro de ser leniente com a destruição da Amazônia. “O Brasil, a floresta tropical do Brasil, está sendo demolida, está sendo destruída. Mais carbono é absorvido naquela floresta tropical do que cada pedacinho de carbono que é emitido nos Estados Unidos”, disse.

Como "solução" para conter o desmatamento da Amazônia, Biden disse que, se eleito, se reunirá com autoridades de outros países para propor uma ajuda ao Brasil. “Eu estaria me reunindo e garantindo que os países do mundo venham com US$ 20 bilhões e digam: 'Aqui estão US$ 20 bilhões. Pare! Pare de derrubar a floresta e, se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas’.”

A declaração de Biden provocou uma rápida reação do governo brasileiro. Pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro disse que seu governo realiza “ações sem precedentes” para proteger a Amazônia. “A cobiça de alguns países sobre a Amazônia é uma realidade. Contudo, a 'externação' [dessa cobiça], por alguém que disputa o comando de seu país, sinaliza claramente abrir mão de uma convivência cordial e profícua.”

Nesse mesmo dia, Bolsonaro fez um duro pronunciamento em defesa da soberania brasileira sobre a Amazônia, em discurso pré-gravado na Cúpula da Biodiversidade das Nações Unidas. O tom usado foi mais firme do que o que abriu a Assembleia-Geral da Organização da ONU, quando também defendeu as ações brasileiras na Amazônia. O presidente citou o “direito soberano” dos Estados membros de explorar seus recursos naturais e rechaçou a “cobiça internacional” sobre a região. “Vamos defendê-la de ações e narrativas que agridam os interesses nacionais.”

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O que Trump já falou sobre a Amazônia

Donald Trump não chegou a citar a Amazônia durante sua campanha de reeleição. Mas sua posição sobre a política brasileira para a floresta é conhecida: ele apoia a posição do governo Bolsonaro sobre a soberania nacional na região.

Em agosto de 2019, quando Bolsonaro era internacionalmente criticado por causa de queimadas na Amazônia, Trump informou em suas redes sociais ter conversado com o presidente brasileiro para demonstrar apoio. “Eu disse a ele que os Estados Unidos podem ajudar na questão dos incêndios da Floresta Amazônica. Estamos prontos para dar assistência”, disse.

O apoio foi comemorado por Bolsonaro, que levantava a bandeira de defesa da soberania brasileira na região amazônica. “Obrigado, presidente Donald Trump! Estamos tendo grande sucesso no combate aos incêndios. O Brasil é e seguirá sendo exemplo para o mundo em desenvolvimento sustentável. A campanha de fake news fabricada contra nossa soberania não prosperará. Os EUA podem contar sempre com o Brasil”, publicou, em resposta ao norte-americano.

Brasil e Amazônia estão em "3.º plano" nas preocupações dos EUA

A ausência de referências à Amazônia por parte de Trump durante a campanha eleitoral dos Estados Unidos não surpreende quem acompanha o assunto – bem como as poucas menções não apenas à floresta amazônica, mas também ao Brasil da parte dos dois candidatos.

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A especialista em sustentabilidade Verônica Prates, gerente da BMJ Consultores Associados, diz que o posicionamento do atual governo americano é semelhante ao de Bolsonaro nesse tema. “A postura de Trump é muito pró-soberania nacional. É uma postura até semelhante à do governo brasileiro, de que temos total soberania sobre a Amazônia”, diz Verônica.

Já as poucas citações à Amazônia na corrida eleitoral estão relacionadas à importância que tanto Trump quanto Biden dão ao Brasil em suas agendas de política externa.

“O Brasil não é o foco das discussões [nos EUA]. Na pauta de política externa [da campanha americana], tivemos um foco muito maior principalmente na relação com a China. E, em segundo plano, temos a relação e embates pessoais dos presidenciáveis com relação à Rússia e Ucrânia. O Brasil estaria em terceiro plano”, diz Verônica.

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Bolsonaro foi alvo da Câmara dos EUA

Apesar de não ter sido um tema recorrente na eleição americana, o governo Bolsonaro e as políticas ambientais do Brasil foram alvos recentes de deputados democratas na Câmara dos Estados Unidos.

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Em junho, democratas da Comissão de Orçamento e Tributos da Câmara americana informaram à Casa Branca ter “fortes objeções à busca de qualquer acordo comercial ou à expansão de parcerias comerciais com o Brasil do presidente Jair Bolsonaro”.

No documento, os deputados americanos afirmam que a gestão Bolsonaro representa riscos para a democracia, direitos humanos e meio ambiente. “Apesar de parecer haver considerável apoio no Congresso para formar uma parceria estratégica de longo prazo com o Brasil, muitos membros [do Senado e Câmara] podem relutar em fazer avançar grandes acordos comerciais bilaterais ou iniciativas de segurança no curto prazo”, diz um trecho do texto.

Já em julho, a Comissão de Relações Internacionais cobrou o afastamento da família Bolsonaro da eleição norte-americana. A Câmara dos Estados Unidos é controlada pelo Partido Democrata.