STF teria de fechar se popularidade de Moro interferisse em julgamento, diz Mendes
| Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse que a corte não pode se curvar à popularidade do atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, quando for julgar o pedido de suspeição do ex-juiz, por suposta imparcialidade no processo do tríplex do Guarujá que resultou na condenação do ex-presidente Lula. “Se um tribunal passar a considerar esse fator, ele tem que fechar”, afirmou Mendes em entrevista à Folha de S. Paulo.

“Por sorte e a despeito de vir de uma fonte ilegal, houve essa revelação”, disse, referindo-se aos vazamentos de conversas pelo site Intersept. Mendes afirmou ainda que o “poder soberano” que a Operação Lava Jato tenta se atribuir é uma ameaça à democracia. “Quando se diz que não se pode contrariar a Lava Jato, que não se pode contrariar o Espírito da Lava Jato (...), nós estamos dizendo que há um poder soberano. Onde? Em Curitiba. Que poder incontrastável é esse? Aprendemos, vendo esse submundo, o que eles faziam: delações submetidas a contingência, ironizavam as pessoas, perseguiram os familiares para obter o resultado em relação ao investigado. Tudo isso nada tem a ver com o Estado de Direito”. “Se essa gente estivesse no Executivo”, disse Mendes, “certamente fechariam o Congresso, fechariam o Supremo”.