Centrão pressiona Bolsonaro a trocar o comando nos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A dança das cadeiras promovida pelo presidente Jair Bolsonaro em seis pastas da Esplanada dos Ministérios não agradou totalmente a base aliada do governo dentro do Congresso Nacional. Agora, integrantes do Centrão trabalham nos bastidores para que ao menos outros dois ministros sejam demitidos pelo Executivo.

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Como forma de aceno às legendas, Bolsonaro trocou no começo da semana passada o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e entregou ao Partido Liberal (PL) a pasta responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso. Na mesma reforma, promoveu trocas no Ministério da Defesa, na Advocacia-Geral da União, na Justiça e Segurança Pública, e na Casa Civil.

Mesmo assim, líderes partidários sinalizam que irão pressionar o governo para promover trocas também nos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação. Na primeira pasta a pressão vem com as alegações de que Ricardo Salles tem atrapalhado acordos comerciais. Já na Educação, a alegação é que Milton Ribeiro não tem feito grandes entregas.

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“O Salles atua como o ministro 'antiambiental' e o Ribeiro a gente nem sabe o que está fazendo nesse tempo todo que está lá na Educação”, alegou um líder partidário da base governista.

Na avaliação de líderes partidários, o ministro do Meio Ambiente ganhou “sobrevida” diante do desgaste maior que Ernesto Araújo causou aos senadores na véspera da sua demissão. Ambos são acusados pelo Congresso de prejudicar internacionalmente a imagem do Brasil ao colocar a “ideologia acima do pragmatismo”. Além disso, os congressistas alegam que a articulação para aquisição de insumos e vacinas para a Covid-19 vinha sendo prejudicada pela imagem dos dois ministros.

“A visão é muito negativa não só no Parlamento, mas no mundo inteiro, porque a política do Salles conflita com quem defende o meio ambiente. Ele é uma espécie de “antiministro” do meio ambiente”, alegou recentemente o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL), ao jornal O Globo.

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Ricardo Salles é visto como entrave à aproximação do Brasil com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que cobra maior empenho do país no combate ao desmatamento da Amazônia e chegou a oferecer um fundo bilionário em troca de contrapartidas ambientais. Apesar de Bolsonaro não ter incluído o ministro nesta primeira reforma ministerial, os congressistas acreditam que a “incompetência” irá derrubar Salles nos próximos meses.

“A seca está chegando e vamos ver qual será o plano para contenção das queimadas na Amazônia e no Pantanal. A gente sabe da incompetência dele nessa gestão. Aí não vai ter como o Bolsonaro manter o Salles no cargo”, alega um aliado bolsonarista no Congresso.

Centrão tem interesse em orçamento bilionário da Educação

Com um dos maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios, quase R$ 20 bilhões para este ano, a pasta da Educação virou alvo de cobiça por parte do Centrão. Por isso, a demissão do ministro Milton Ribeiro passou a ser defendida pelos congressistas.

A principal alegação desses parlamentares é de que o ministro não fez grandes entregas durante esse período em que esteve à frente da pasta. Ribeiro chegou ao ministério em julho do ano passado para substituir Abraham Weintraub, demitido em meio a tensões com o Supremo Tribunal Federal (STF), após ser gravado se referindo aos ministros da Corte como “vagabundos”.

“Tem ministro que você nem lembra que é ministro. O Ribeiro na Educação é um deles”, disse Marcelo Ramos ao Globo.

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Na última quarta-feira (31), Ribeiro esteve em uma audiência na Comissão da Educação da Câmara dos Deputados e, na ocasião, suas entregas na pasta foram alvos de questionamentos pelos parlamentares. "Quando cheguei, havia mais de 4 mil obras paradas em todo o Brasil, obras inacabadas do MEC. E no ano passado, com esforço e conscientização de muitos parlamentares, conseguimos praticamente concluir quase mil obras que estavam paradas", disse o ministro.

Outro fato aumentou a pressão sobre Ribeiro. No começo deste mês, o governo exonerou Renata D'aguiar do cargo de diretora do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ela havia chegado ao posto por indicação do Centrão e a demissão irritou os parlamentares.

Filiada ao PP, Renata foi alvo da quarta fase da Falso Negativo, uma operação do Ministério Público que apura casos de superfaturamento na Secretaria de Saúde do Distrito Federal. O marido dela, Fábio Gonçalves Campos, teria sido um dos empresários beneficiados pelo esquema. No carro de Fábio e Renata foram apreendidos R$ 280 mil, além de dólares e euros.

Bolsonaro resiste a novas trocas em ministérios

Apesar dos acenos que fez com as recentes trocas, o presidente Jair Bolsonaro tem sinalizado aos seus interlocutores que não pretende ceder à pressão dos aliados do Centrão. No Planalto, a avaliação é de que não haverá novas mais trocas em ministérios nos próximos meses.

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Outro fator que tem pesado na manutenção de Ricardo Salles e Milton Ribeiro na Esplanada é o desejo de não contrariar dois grupos de apoio à reeleição do presidente Bolsonaro. No Meio Ambiente, Salles tem o aval de agricultores e pecuaristas, base aliada do governo. Na Educação, Ribeiro conta com o apoio da bancada evangélica, outra base eleitoral tida como primordial para Bolsonaro.

Como a Gazeta do Povo mostrou, líderes evangélicos já sinalizaram que pretendem manter o apoio ao projeto de reeleição do presidente em 2022. Portanto, uma demissão do ministro da Educação poderia gerar um desgaste com o grupo.

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