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Vereadora Marielle Franco foi assassinada em março de 2018
Vereadora Marielle Franco foi assassinada em março de 2018| Foto: Renan Olaz/CMRJ

O apontamento do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, na suposta delação do ex-policial Ronnie Lessa, reacendeu o debate sobre "quem mandou matar Marielle?" entre parlamentares da esquerda e da direita.

Brazão é um ex-político do MDB que apoiou a campanha de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República e foi preso em 2017 no âmbito da Operação Lava Jato acusado de corrupção. Entre as hipóteses para o crime contra Marielle estaria uma possível vingança de Brazão contra Marcelo Freixo (PT), atual presidente da Embratur, quando Freixo era deputado estadual pelo Psol. Após o assassinato da vereadora, o nome do conselheiro surgiu como um dos suspeitos em meio à federalização do caso Marielle em 2020 (saiba mais aqui).

Ativistas e políticos de esquerda, que há anos tentam vincular Jair Bolsonaro (PL) e pessoas do seu entorno à morte de Marielle aguardavam que a delação apontaria para alguém próximo ao ex-presidente. O próprio Bolsonaro se manifestou após a divulgação do nome de Brazão dizendo que "cessa a narrativa descomunal e proposital criada por grande parte da imprensa e pela militância da esquerda".

A divulgação da suposta delação de Lessa ocorreu nesta terça-feira (23) de forma extraoficial – seu conteúdo ainda não foi homologada pelo Poder Judiciário e não é confirmada pela Polícia Federal.

Esquerda pede provas de ligação de Brazão com o caso

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) enalteceu a delação, mas disse que prefere aguardar “informações concretas”. “Confiamos na seriedade do trabalho que a Polícia Federal vem conduzindo frente as [sic] investigações, avançando com fatos contundentes e provas na resolução desse brutal crime político que chocou o Brasil e o mundo, um ataque à democracia brasileira e uma violência a uma mulher negra eleita que sempre lutou na defesa dos direitos humanos", escreveu.

Já o vice-presidente nacional do PT, deputado Washington Quaquá, disse não acreditar que tenha sido Brazão quem ordenou a morte da ex-vereadora do Rio de Janeiro. “Conheço o Domingos Brazão de longa data, inclusive de campanhas eleitorais nacionais onde ele esteve do nosso lado. Sinceramente, não creio que ele tenha cometido tal brutalidade. Espero que as acusações que estão lhe fazendo não sejam validadas com base apenas na delação de um assassino ligado ao bolsonarismo”, disse o petista.

Um dia antes da revelação da delação de Lessa, o deputado André Janones (Avante-MG), aliado do presidente Lula (PT), publicou nas redes sociais que "o assassino confesso de Marielle Franco" tinha fechado acordo de delação premiada com a PF para entregar de vez "todos os mandantes do crime". E complementou dizendo que "uma certa familícia" - disse em referência à família Bolsonaro - estaria "morrendo de medo do que vai acontecer". Após a revelação do suposto mandante do crime, Janones evitou comentários na rede e apenas tentou desassociar Brazão do PT.

Direita reforça vínculo de Domingos Brazão com petistas

As publicações de Janones se deram em resposta ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que rebateu a narrativa tradicional da esquerda de tentar vincular Bolsonaro à morte de Marielle, e questionou nas redes "por que um petista mandou matar Marielle?".

"O cara que tem foto com adesivo no peito da Dilma e o vice presidente do PT diz que ele esteve em várias campanhas eleitorais juntos, não pode ser chamado de petista. Mas o Bolsonaro podia ser chamado de mandante da morte da Marielle durante anos. Aham, senta lá", escreveu o deputado mineiro.

O líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), criticou o "silêncio da esquerda" após a revelação do suposto mandante do assassinato de Marielle. "Quando não tinham prova alguma sobre o mandante do crime contra Marielle, culpavam Bolsonaro de forma escandalosa, leviana e irresponsável. Agora vemos pouquíssimos esquerdistas se manifestando sobre a delação contra o apoiador de Dilma em 2010, Domingos Brazão. Todos desanimados", escreveu Jordy.

Ao comentar sobre a delação, o senador Magno Malta (PL-ES) compartilhou uma frase de Brazão em que ele diz: "Ninguém tirou mais proveito da morte da Marielle que o Psol". "Até o suposto mandante do assassinato de Marielle sabe disso. E é algo que vemos a esquerda fazer repetidamente: usar a morte de alguém como palanque político. O fim último sempre vai ser mais poder e nunca uma homenagem sincera ou a vontade de elucidar o crime. Essa gente é capaz de tudo e sem nenhum remorso", escreveu Malta.

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