O consórcio de prefeituras que pretende negociar diretamente com laboratórios a compra de vacinas contra a Covid-19 já reúne mais de 1.700 municípios interessados. A população das cidades supera os 125 milhões de habitantes. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (5) pelo presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, ex-prefeito de Campinas (SP). A FNP coordena a criação do grupo.
Batizado de Conectar, o consórcio até o momento não estabeleceu metas de aquisição de doses. "A quantidade que vamos comprar é aquela que estiver disponível", declarou Donizette. O ex-prefeito disse também que o Conectar deve procurar todos os laboratórios com vacinas aprovadas internacionalmente. Os recursos para a aquisição dos imunizantes virão dos cofres das prefeituras, de apoio dos governos estaduais e federal e também de doações da iniciativa privada.
A distribuição das vacinas, segundo Donizette, seguirá a lógica das verbas: o dinheiro dos cofres de um município que entrará no consórcio servirá para a compra de imunizantes para a própria cidade, enquanto que as doses adquiridas com verbas federais, estaduais e de doadores particulares serão distribuídas de forma proporcional de acordo com a população dos locais.
A expectativa da FNP é de que o consórcio seja formalizado no próximo dia 22. Para entrar na entidade, cada município precisa aprovar uma lei em sua Câmara de Vereadores, o que está em curso no atual momento nas cidades que mostraram interesse em se juntar à iniciativa. Segundo Donizette, a FNP não procurou individualmente nenhum município, e a adesão das cidades é voluntária. Das 26 capitais estaduais, apenas não estão na relação inicial de participantes Natal (RN) e Vitória (ES).
"Não há problemas se governo federal requisitar vacinas"
Donizette disse repudiar a fala da quinta-feira (4) do presidente Jair Bolsonaro sobre as vacinas; na ocasião, o chefe do Executivo disse: "Tem idiota que diz 'vai comprar vacina'. Só se for na casa da tua mãe". "Parece briga de criança de escola", declarou o ex-prefeito.
Mas Donizette ponderou que reconhece as dificuldades para a aquisição dos imunizantes. Ele afirmou que o Conectar poderá ceder as vacinas ao Ministério da Saúde se houver requisição. "Não há problemas se governo federal requisitar vacinas", disse. Ele também afirmou ter concordado com o veto que Bolsonaro apresentou à lei recém-sancionada sobre vacinação — o presidente se opôs a um trecho da norma que determinava à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manifestação em cinco dias sobre a qualidade de imunizantes. "Ninguém vai aplicar a vacina sem ter o OK da Anvisa", disse.
O presidente da FNP também chamou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de "pessoa correta na relação com os prefeitos" e disse que ouviu dele uma promessa de apoio em relação à compra de imunizantes: "consiga a vacina que o governo federal paga".
Donizette citou também que entre os membros da FNP e interessados no Conectar há "bolsonaristas e críticos do presidente", e que, por isso, a frente e o consórcio não avançaram em outros temas, como discussões sobre lockdown e medidas de isolamento social. Mas o grupo poderá posteriormente fazer outras atividades conjuntas para a compra de medicamentos também relacionados ao combate à pandemia.
-
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis
-
Relatório americano divulga censura e escancara caso do Brasil ao mundo
-
Mais de 400 atingidos: entenda a dimensão do relatório com as decisões sigilosas de Moraes
-
Lula afaga o MST e agro reage no Congresso; ouça o podcast
Contra “sentença” de precariedade, estados do Sul buscam protagonismo em negociação sobre ferrovia
Câmara de São Paulo aprova privatização da Sabesp com apoio da base aliada de Nunes
Lula afaga o MST e agro reage no Congresso; ouça o podcast
Governo Tarcísio vê sucesso na privatização da Emae após receber três propostas
Deixe sua opinião