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O general Augusto Heleno.
O general Augusto Heleno.| Foto: José Cruz/Agência Brasil.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro tem agendada uma audiência nesta terça-feira (26) com o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), em meio ao clima de tensão entre militares e membros governistas do colegiado. A sua convocação foi solicitada por vários parlamentares que apoiam o governo e, também, por representantes da oposição. A maioria governistas da CPMI espera que o depoimento do general esclareça o seu envolvimento, bem como o de outros militares próximos do ex-presidente, em relação a uma suposta tentativa de golpe de Estado durante os atos de vandalismo ocorridos na Praça dos Três Poderes.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão, acredita que o ex-chefe do GSI trará informações cruciais para a investigação. A senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), suplente do ministro Flávio Dino (Justiça), também afirma querer esclarecimentos de Heleno sobre um suposto plano golpista, no qual ele teria sido um dos organizadores. O general já negou veementemente essa acusação em diversas ocasiões, classificando-a como absurda e sem fundamento. Os governistas, no entanto, apontam como uma evidência contra ele o fato de o GSI ter abrigado reuniões, em novembro e dezembro de 2022, com pessoas que posteriormente foram presas em relação aos eventos de 8 de janeiro.

Para a quinta-feira (28), está agendada a presença de Alan Diego dos Santos Rodrigues, que foi detido no fim do ano passado por participação em uma tentativa de explosão de uma bomba em um caminhão-tanque de querosene estacionado próximo ao Aeroporto de Brasília.

O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), informou que a primeira parte da reunião de terça-feira será dedicada a deliberações e à votação de novos requerimentos. Ele quer que os pedidos sejam votados em conjunto, mediante acordo entre governo e oposição. No entanto, Maia já adiantou que não será acolhido requerimento de acareação de Bolsonaro e Mauro Cid, contrariando a insistência da relatora. Devido à limitação de tempo para ouvir todas as testemunhas propostas por governo e oposição, Maia espera que o plenário selecione os nomes a serem aprovados na terça-feira. Eliziane Gama afirmou que seu relatório pedirá o indiciamento de várias pessoas, mesmo que não tenham comparecido à comissão.

Na semana passada, vazamentos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, indicaram a existência de reuniões entre o ex-presidente e os comandantes das Forças Armadas para discutir a possibilidade de intervenção militar. A notícia gerou entusiasmo entre os parlamentares governistas e descontentamento entre o ministro da Defesa, José Múcio, e os líderes da Marinha, da Aeronáutica e, sobretudo, do Exército. Os vazamentos relatam que o suposto plano de golpe de Estado teria sido apoiado pelo então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, mas rejeitado pelos demais comandantes das Forças Armadas.

Segundo informações obtidas pela Gazeta do Povo, os sinais de apoio à intervenção não estavam restritos ao almirante Garnier e outros generais próximos a Bolsonaro, além de refletir um sentimento mais amplo no país após o resultado das urnas. A defesa do ex-presidente nega veementemente essas acusações.

O ministro José Múcio e o general Tomás Paiva, atual comandante do Exército, têm trabalhado nos bastidores para evitar que altos oficiais militares sejam ainda mais expostos na CPMI e têm enfatizado o compromisso da Força com a normalidade institucional. O general Paiva declarou em entrevista ao portal de notícias Metrópoles que o Exército cumpriu o seu dever constitucional ao garantir a posse de Lula em 1º de janeiro. A comissão de inquérito deve concluir seus trabalhos em 17 de outubro, com a apresentação do relatório final elaborado pela relatora.

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