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Janira Rocha
Janira Rocha levou a “dama do tráfico amazonense” para reuniões com dois secretários do Ministério da Justiça.| Foto: reprodução/Instagram Luciane Barbosa Farias

Política, advogada e ativista do feminismo e das causas carcerárias, a ex-deputada fluminense Janira Rocha voltou aos holofotes nesta semana após ser revelado que ela intermediou uma reunião da mulher conhecida como a “dama do tráfico amazonense” com assessores do ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública.

Foi Janira quem convidou Luciana Barbosa Farias para duas reuniões com os secretários de Assuntos Legislativos e de Políticas Penais do ministério, para levar demandas de supostas irregularidades no sistema prisional do Amazonas. Luciana preside a ONG Liberdade do Amazonas, que teria ligações com o Comando Vermelho, segundo investigação da Polícia Civil.

Documentos apontam que a ONG e a própria advogada receberam pagamentos da facção criminosa carioca, sendo R$ 23.654 para Janira dias antes da reunião de Luciane com o secretário de Assuntos Legislativos do MJ, Elias Vaz, em março.

Pelas redes sociais, Janira Rocha rebateu as acusações e disse que a “direita golpista” tenta criminalizar o movimento dos direitos fundamentais e humanos. A postagem foi precedida de fotos de protestos por melhores condições no sistema penitenciário.

Janira já é conhecida da Justiça, tendo sido condenada em 2021 após ser investigada pela prática da “rachadinha” quando era deputada estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), entre 2011 e 2015. A sentença, no entanto, foi anulada posteriormente.

Dois ex-assessores da então deputada procuraram a ex-parlamentar Cidinha Campos (PDT-RJ) para vender um dossiê contra Janira por R$ 1,5 milhão, com informações de ilícitos praticados por ela. Eles foram detidos pela polícia, negaram a acusação e foram liberados – mas, denunciaram a psolista.

Depois do caso, Janira deixou os cargos de presidente estadual do PSOL e de líder do partido na Alerj, e a suspeita de “rachadinha” passou a ser investigada pela Corregedoria da casa.

Também durante o mandato, Janira foi a única a votar contra a expulsão do então deputado federal Cabo Daciolo dos quadros do PSOL em 2015. Ele liderou uma greve de bombeiros no Rio e chegou a ser preso. Escutas autorizadas pela Justiça revelaram que os dois conversavam sobre as paralisações.

A ex-deputada federal se envolveu, ainda, em outra polêmica durante o mandato na Alerj. Em 2014, ela deu carona em um carro oficial a três acusados de atos violentos e que tiveram asilo negado pelo Consulado do Uruguai. Na época, ela admitiu a carona. No entanto, o caso não avançou.

Após sair da política, Janira voltou a atuar na profissão de advogada e defendeu a ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza, condenada a 50 anos de prisão pela morte do marido, Anderson do Carmo, baleado em 2019 na casa da família em Niterói (RJ).

Janira Rocha se apresenta como criminalista com atuação no Tribunal do Júri, socialista e ativista de direitos fundamentais e humanos. Ela também é ligada ao Instituto Anjos da Liberdade, onde atuou como diretora de relações institucionais. A entidade também é suspeita de ligações com o crime organizado.

Ela é, ainda, vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da subseção da Associação Nacional da Advocacia (Anacrim) no Rio de Janeiro. A entidade negou que tenha solicitado as reuniões no Ministério da Justiça, e que Janira marcou os encontros por conta de sua atuação em “diversos movimentos sociais”.

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