José Carlos Bumlai foi condenado na Lava Jato por gestão fraudulenta e corrupção passiva em benefício do PT.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil / arquivo
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O filho do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e condenado na Lava Jato por gestão fraudulenta e corrupção passiva para quitar dívidas do PT, propôs ao governo petista um programa social que pretende distribuir vales para a compra de carne bovina pelos beneficiários do Bolsa Família. O chamado “Carne no Prato” foi proposto por Guilherme Bumlai, que preside a Associação dos Criadores do Mato Grosso do Sul (Acrissul), em meio à queda do preço da arroba do boi ao menor nível em quatro anos.

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A informação de que o programa está em estudo pelo governo foi apurada pelo Estadão e confirmada à Gazeta do Povo nesta quarta (6) pela Acrissul. O “Carne no Prato” é analisado pela Casa Civil e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, que afirmaram em nota que "a proposta foi protocolada, está em análise na área técnica do Ministério e será encaminhada para a primeira avaliação pelos demais órgãos competentes".

De acordo com a Acrissul, o programa “Carne no Prato” foi levado ao governo em setembro do ano passado e visa a “distribuição para as famílias em situação de extrema pobreza, pelo governo federal, de um cartão exclusivo para compra de carne em redes conveniadas”.

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“O valor seria de R$ 35 por família para a compra de dois quilos de carne bovina ao mês, beneficiando cerca de 19,5 milhões de pessoas”, diz o texto a que a Gazeta do Povo teve acesso.

A entidade afirma que o programa, se implantado, vai beneficiar “todos os elos da cadeia produtiva da pecuária bovina”, levando à melhora da produção, geração de empregos na indústria, arrecadação tributária e benefício à população carente – o consumo de carne bovina, diz a Acrissul, atingiu 24,2 quilos por habitante em 2023, o menor nível em 20 anos.

O programa “Carne no Prato” deve gerar uma demanda de 475 mil toneladas de carne bovina por ano, segundo a entidade, e demandaria o abate de 2,3 milhões animais no período – o que deve elevar os ganhos dos produtores em meio à oscilação do preço da arroba do boi desde janeiro.

A Acrissul afirma que o preço em fevereiro foi de R$ 216,21, o menor desde 2020, quando o gado era comercializado a R$ 168,20. “Nos cálculos da Acrissul, a demanda vai criar uma nova perspectiva no mercado bovino brasileiro, atraindo novos investimentos, empregos, aumentando o consumo e melhorando o preço do gado gordo para o produtor”, completa a entidade no resumo do projeto.

Por outro lado, o valor proposto pelo vale-carne pode ser insuficiente para cumprir a promessa de dois quilos por mês. O Procon de São Paulo apurou que, em janeiro, o quilo da carne de primeira foi de R$ 38,26, enquanto que o de segunda foi de R$ 28,61.

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O vale do programa “Carne no Prato”, se implantado, deve ser distribuído inicialmente apenas às famílias inscritas no Cadastro Único dos Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal, para a compra em supermercados e açougues conveniados.

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Pai de pecuarista foi condenado por Moro na Lava Jato

O presidente da associação que propôs o programa ao governo é filho de José Carlos Bumlai, condenado em 2016 pelo então juiz federal e atual senador Sergio Moro (União-PR) a 9 anos e 10 meses de prisão por crimes como gestão fraudulenta e corrupção passiva. Ele, no entanto, teve a liberdade concedida pelo STF no ano seguinte com votos de Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Celso de Mello.

A condenação de Bumlai está relacionada à obtenção e quitação fraudulenta de um empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin, em 2004, e participação em vantagens indevidas no contrato entre a Petrobras e o Grupo Schahin para a operação do Navio-Sonda Vitória 10.000.

Na sentença, Moro enfatizou a natureza fraudulenta do empréstimo de R$ 12 milhões, apontando o PT como beneficiário dos valores. “Não há divergência, nas confissões, quanto a isso e a prova documental e testemunhal já revela o fato”, declarou o juiz.

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Além disso, Moro destacou que o PT utilizou Bumlai como intermediário para realizar pagamentos a terceiros de seu interesse.

“Isso é afirmado não só por acusados que celebraram acordo de colaboração premiada, como Salim Taufic Schahin, como por acusados que não dispõem de qualquer acordo, como o próprio José Carlos Costa Marques Bumlai”, afirmou o ex-magistrado.

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