O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara novos acenos ao setor do agronegócio após ter tido um primeiro ano marcado por falas polêmicas contra empresários e vetado assuntos sensíveis e caros a eles, como o marco temporal de demarcação das terras indígenas. Embora o Plano Safra de 2023 tenha sido um dos maiores da história, a relação com o setor ainda carece de uma relação melhor.
O ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, diz que o governo está atento aos problemas vividos pelos produtores brasileiros, principalmente com relação às questões climáticas que provocaram perdas nas lavouras seja por chuva ou por seca demais. E este, diz, será um ponto de atenção a ser trabalhado neste ano, embora negue que haja uma crise no setor.
“Nós temos um momento difícil, um momento em que tivemos mudanças climáticas, intempéries climáticas e preços dos commodities achatados, mas é longe de crise. O setor, ao contrário, teve três ou quatro anos muito bons, que permitiu inclusive formar uma gordura. E agora temos um momento difícil, de atenção”, disse Fávaro em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta segunda (5).
Segundo o ministro, o governo está ciente de que a relação com os produtores não foi das melhores no ano passado – “iniciamos o governo com um ambiente muito hostil por parte do agro” – creditando ao pós-eleições, mas que “quem compreendeu encontrou um ambiente muito favorável”, analisa. Para ele, Lula conseguiu levar o agro ao mundo ao restabelecer relações diplomáticas e abrir 87 novos mercados.
Fávaro afirmou ainda que a questão das mudanças climáticas está no radar do governo, tanto que propôs a meta de zerar o desmatamento ilegal, mas que também terá de rever os valores colocados para acesso dos produtores. Entre eles o seguro rural, que está na faixa de R$ 1 bilhão ao ano.
“É necessária, durante a mudança climática, a ampliação, porque a produção está custando mais e as apólices também, diante das questões climáticas”, afirmou propondo uma modernização do sistema de seguro rural, incorporando algoritmos e inteligência artificial para oferecer apólices mais acessíveis e abranger um maior número de produtores.
O ministro afirmou, ainda, que o governo está pleiteando junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mais recursos em dólar e a prorrogação de dívidas, dependendo da avaliação do Ministério da Fazenda. Destacou a importância de um governo “parceiro e preventivo”, antecipando-se aos possíveis impactos econômicos para garantir medidas eficazes.
Ainda de acordo com ele, com a dificuldade de se fechar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia – que está ficando cada vez mais longe à medida em que produtores europeus aumentam os protestos por ajuda dos governos locais, o Brasil deve buscar mais mercados pelo mundo, como parcerias com os países do Brics, Oriente Médio, Ásia e África.
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