O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse no final da tarde desta terça (15) que vai aguardar a próxima reunião de líderes partidários da Câmara dos Deputados para diminuir a tensão com o presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL). O encontro dos parlamentares está marcado para a próxima segunda (21), segundo confirmou também o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), relator do projeto do novo arcabouço fiscal.
Haddad se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em que discutiu algumas das mudanças feitas pelos senadores na proposta, que tem pontos sensíveis ainda sem consenso, como os gastos com o Fundeb e com o Fundo Constitucional do Distrito Federal.
Outro ponto é o cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no ajuste das metas da regra fiscal. Haddad afirmou que “houve explicação sobre isso, e eu penso que dá para o orçamento uma clareza maior. A inflação no fim do ano vai se refletir na arrecadação do ano seguinte”, em registro da Agência Brasil.
Enquanto Haddad explicava o encontro no Senado, no gabinete de Pacheco, Lira concedia uma entrevista coletiva na Câmara dos Deputados, comprometendo-se com a votação do arcabouço fiscal na próxima terça-feira (22). Ao retornar ao ministério da Fazenda, Haddad mencionou que ainda não está agendado um encontro pessoal com Lira, apenas conversas por telefone.
Em relação às Medidas Provisórias (MPs), o ministro prometeu entrar em contato com Lira para informar sobre o encontro com Pacheco e disponibilizar os especialistas do Ministério da Fazenda para esclarecer questões sobre duas MPs aprovadas na semana anterior pela comissão especial do Senado e que agora serão votadas pelo plenário da Câmara.
As medidas provisórias são a MP 1.172, que atualiza a tabela do Imposto de Renda e eleva o salário mínimo, e a MP 1.171, que estabelece a tributação de offshores, empresas de investimento no exterior.
“Para que se tome conhecimento, inclusive, dos aperfeiçoamentos que foram feitos pela comissão especial, que não foram poucos. Foram 17 emendas acatadas, que deram mais clareza para o texto e mais justiça tributária”, declarou Haddad após a reunião com Pacheco.
Anteriormente programada para a segunda-feira (14), a reunião entre Haddad, Lira, líderes partidários, especialistas da equipe econômica e da Comissão Mista de Orçamento foi adiada por uma semana após uma declaração de Haddad ao jornalista Reinaldo Azevedo. Na entrevista, transmitida na segunda-feira, o ministro mencionou que a Câmara “possui um poder muito grande” e que a Casa não deveria usar esse poder para “humilhar” o Senado e o Poder Executivo.
No final da tarde do mesmo dia, Haddad corrigiu-se e explicou que estava se referindo à mudança do presidencialismo de coalizão nos últimos anos e que não tinha a intenção de criticar Lira.
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