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O secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, foi o principal negociador do acordo Mercosul-UE.
O secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, foi o principal negociador do acordo Mercosul-UE.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, afirmou nesta segunda-feira (1º) que o acordo comercial fechado entre Mercosul e a União Europeia inaugura para o Brasil um “novo modelo de desenvolvimento econômico e inserção internacional”. Ele explica que o país abandona o modelo de substituição de importações pelo fomento à industrialização, que vigora desde a década de 1930, e parte para a abertura gradual da economia. E que mais acordos devem ser negociados, como com o Canadá, Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos.

“O Brasil exporta muito pouco e importa muito pouco”, diz Troyjo, secretário que liderou as negociações do acordo por parte do Ministério da Economia. “O fato é que se você estudar a história desses países que conseguiram mudar de patamar nesses últimos 70 anos (Japão, Alemanha, Chile, China, Espanha, Cingapura), eles têm um aspecto em comum: todos deram ênfase ao comércio exterior e à inserção internacional como trampolim para o crescimento sustentado”, explica.

O secretário diz que, apesar do acordo demorar até 15 anos para ser implementado, ele trará um efeito imediato na economia brasileira ao gerar expectativas positivas, o que deve atrair mais investimentos ao país. “Empresas que têm que fazer seu planejamento de longo prazo já vão colocar no radar que os países do Mercosul têm um acordo comercial com a maior economia do mundo no agregado.”

Reformas internas

Troyjo fez questão de destacar que, apesar de impulsionar a economia, “acordo internacionais não são uma panaceia” ou “uma cura para todos os males” e que o país precisa também fazer as reformas internas para alcançar o crescimento sustentável e poder fazer mais acordos. Citou como exemplo as reformas da Previdência, tributária e da máquina pública e também uma melhora do ambiente de negócios.

“Acordos externos são catalizadores de reformas internas. O grande acordo comercial que o Brasil precisa fazer é com ele mesmo”, destacou.

O secretário disse que o fechamento do acordo comercial só foi possível porque tanto o Brasil quanto a Argentina agora têm governos que buscam uma maior inserção internacional. E que, no caso brasileiro, agora a política comercial está alinhada à política econômica, com a junção dos antigos ministérios da Indústria e do Comércio (que atuava contra qualquer abertura comercial), do Planejamento e da Fazenda no atual Ministério da Economia.

“Política econômica e política comercial estão andando de mãos dadas. Às vezes tinha dificuldade de ter consonância na política econômica com a política comercial. Hoje, a política comercial foi para o centro da política econômica”, afirmou.

Percentual de tarifas zeradas

Segundo o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, 72% de tudo o que a União Europeia exporta para Mercosul terá tarifa zerada em até dez anos. No mesmo intervalo de tempo, 92% de tudo o que o Mercosul exporta para a UE terá tarifa zerada.

Entenda o que é o acordo Mercosul-UE

O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) foi anunciado na última sexta-feira (28), após cerca de 20 anos de negociação. O tratado abrange desde produtos e serviços a investimentos e compras governamentais. Ele prevê redução tarifárias e barreiras não-tarifárias para que os países dos blocos tenham acessos aos produtos e bens uns dos outros. No caso dos produtos, a grande maioria dos bens produzidos entre os países que compõem o bloco terão tarifa de importação e exportação zerada.

Com isso, o Brasil deve aumentar suas exportações, em especial do agronegócio, já que terá acesso facilitado a um amplo mercado e poderá vender seus produtos sem as tarifas existentes hoje, ou seja, mais baratos. E o consumidor brasileiro também vai ganhar, pois mais produtos europeus poderão entrar no mercado brasileiro a um custo mais barato, já que as tarifas de importação também devem ser zeradas.

Segundo estimativas do Ministério da Economia, o governo brasileiro espera um aumento de US$ 87,5 bilhões no PIB em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões com a redução das barreiras não-tarifárias e o incremento esperado na produtividade. A pasta também acredita o aumento de investimentos no país será de US$ 113 bilhões ao longo de 15 anos e que as exportações devem crescer até US$ 100 bilhões até 2035.

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