Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Reação

Motta entra com recurso para barrar decisão do STF sobre Ramagem

Motta entra com recurso para barrar decisão do STF sobre Ramagem
Ação anunciada por Motta cita que a decisão da Primeira Turma do STF sobre Ramagem “configura violação” à separação dos Poderes. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Ouça este conteúdo

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), acionou nesta terça-feira (13) o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar manter a decisão da Casa que suspendeu o processo contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) por suposta tentativa de golpe de Estado. Motta disse que pretende levar o caso ao plenário da Corte.

“Por meio de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), a ser julgada pelo plenário do STF, esperamos que os votos dos 315 deputados sejam respeitados”, afirmou em uma publicação no X. “A harmonia entre Poderes só ocorre quando todos usam o mesmo diapasão e estão na mesma sintonia”, accrescentou Motta.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) imputou cinco crimes ao deputado do PL. No último dia 7, os deputados travaram toda a ação penal contra Ramagem por 315 votos a favor e 143 contra. Em seguida, a Primeira Turma do STF restringiu a resolução da Câmara.

VEJA TAMBÉM:

Com isso, Ramagem seguirá respondendo pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Já os crimes relacionados aos danos materiais, vinculados aos atos de 8 de janeiro de 2023, ficarão suspensos até o fim do mandato do parlamentar. São eles: dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União; deterioração de patrimônio tombado.

Parte dos deputados consideraram a decisão do colegiado como interferência do Judiciário nas prerrogativas do Legislativo. Na ADPF, a Câmara argumentou que a decisão do colegiado "configura violação ao princípio estruturante da separação de Poderes".

"Ao restringir, de forma absoluta e desproporcional, o alcance da prerrogativa conferida constitucionalmente ao Parlamento, a decisão esvazia o papel do Poder Legislativo na contenção de eventuais abusos no exercício da persecução penal contra seus membros", diz a ação da Câmara.

Para a Câmara, a Primeira Turma “assumiu indevidamente a função de controle político-parlamentar, distorcendo o desenho institucional traçado pela Constituição”.

Entenda o embate entre STF e Câmara sobre Ramagem

Em 26 de março, a Primeira Turma do STF tornou réus Ramagem, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros seis denunciados pela suposta trama golpista. O PL pediu que a ação penal contra o deputado fosse barrada pela Câmara com base no artigo 53 da Constituição. A lei estabelece que, uma vez recebida a denúncia por crime ocorrido após a diplomação, o partido pode suspender o andamento do processo.

O presidente do colegiado, Cristiano Zanin, informou a Motta que somente os crimes relacionados ao 8 de janeiro de 2023 poderiam ser suspensos, pois foram supostamente cometidos após a diplomação de Ramagem, realizada em 19 de dezembro de 2022.

Contrariando o STF, a Câmara aprovou na quarta-feira (7) a resolução que sustava a íntegra do processo por 315 votos a favor, 143 contra e 4 abstenções.

O texto aprovado pelos deputados abria brecha para beneficiar Bolsonaro e os demais corréus do chamado “núcleo crucial”. A Primeira Turma limitou a decisão da Câmara e vetou a possibilidade de estender os benefícios aos demais acusados do grupo.

VEJA TAMBÉM:

Use este espaço apenas para a comunicação de erros