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Lula se prepara para discurso durante cerimônia de Abertura da 37º Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia.
Lula se prepara para discurso durante cerimônia de Abertura da 37º Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia.| Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de civis na Faixa de Gaza, afirmando ser desproporcional a resposta de Israel após os ataques do grupo terrorista Hamas em outubro do ano passado, e disse que a solução para a crise na região depende da criação de um Estado palestino livre. A declaração foi dada durante o discurso do presidente brasileiro neste sábado (17) na abertura da 37ª Cúpula Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), em Adis Abeba, capital da Etiópia.

Em sua fala, Lula insistiu que “não há solução militar” para o conflito. “É o momento da política e da diplomacia. A solução para esta crise deve avançar rapidamente através da criação de um Estado palestino livre e membro de pleno direito das Nações Unidas”, enfatizou.

E destacou ainda a necessidade de reformas na Organização das Nações Unidas (ONU) para garantir uma representação mais equitativa, incluindo países da África e América Latina no Conselho de Segurança.Lula chegou à Etiópia, onde revisou as relações bilaterais com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, na última quinta (15), após visita ao Egito. E neste sábado também se reuniu com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, para falar sobre a guerra na Faixa de Gaza.

O presidente brasileiro disse condenar a posição do Hamas no ataque de Israel e reforçou a atitude do governo brasileiro de ter nominado o ocorrido de “ato terrorista”, mas disse não haver explicações para o comportamento de Israel em matar mulheres e crianças a pretexto de derrotar o Hamas.

“Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses, e demandar a liberação imediata de todos os reféns. Ser humanista impõe igualmente o rechaço à resposta desproporcional de Israel, que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza – em sua ampla maioria mulheres e crianças – e provocou o deslocamento forçado de mais de 80% da população", disse em seu discurso.

Representatividade no G20

Durante a abertura da cúpula, Lula pediu ainda uma reorganização imediata das instituições multilaterais internacionais com mais presença e unidade dos países do sul global.

“A presença da UA como membro pleno do G20 é importante, mas ainda é necessário incluir mais países do continente nesse grupo”, enfatizou.

"Venho reafirmar a parceria e o vínculo de nosso país e de nosso povo com este continente irmão. As lutas da África têm muito em comum com os desafios do Brasil. Nós, africanos e brasileiros, devemos traçar nossos próprios caminhos na ordem internacional emergente", acrescentou.

O petista criticou ainda organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial - que, afirmou, “muitas vezes agravam as crises que afirmam estar resolvendo” e obrigam os países em desenvolvimento a pagar suas dívidas em vez de investir em programas de educação ou saúde.

“Essas instituições que foram criadas há muito tempo não nos ajudam mais. Pelo contrário: estão engolindo nossos países. É por isso que temos uma agenda comum para defender”, disse Lula.

Por conta disso, Lula propôs à UA mais cooperação em setores como investigação agrícola, educação, meio ambiente e ciência e tecnologia, bem como programas para frear o desmatamento e a crise climática na Amazônia ou na bacia do rio Congo.

"Tudo o que o Brasil tem para compartilhar, compartilharemos com o continente africano porque temos uma grande dívida histórica pelos longos anos de escravidão. E a única forma de pagar é com a solidariedade. Conte com o Brasil", disse o presidente no final do seu discurso.

A cúpula da UA vai até este domingo (18), reunindo dezenas de chefes de Estado e de Governo da África. (Com Agência Brasil e Agência EFE)

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