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Parlamentares da oposição elogiaram a caminhada humanitária pela anistia que ocorreu nesta quarta-feira (7), em Brasília, com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro. A Gazeta do Povo acompanhou toda a caminhada e conversou com alguns parlamentares no final do percurso.
O ato foi mobilizado pelo pastor Silas Malafaia e reuniu milhares de pessoas para pressionar pela aprovação do projeto que concede anistia aos presos do dia 8 de janeiro. A proposta está travada na Câmara dos Deputados aguardando que o requerimento de urgência seja pautado pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
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O presidente do PL, Valdemar Costa, avaliou a caminhada pela anistia como "importantíssima". "Foi um ato tranquilo, pacífico e muito prestigiado", disse.
Para o senador Izalci Lucas (PL-DF), o ato pela anistia surpreendeu pela quantidade de gente, no dia de semana e no meio da tarde.
"Isso demonstra que as pessoas não perderam a esperança. Essa demonstração reforça a urgência de votarmos a anistia. E nós vamos cobrar isso lá no Congresso. Eu acho que vai aprovar. Espero que seja irrestrita", declarou o senador.
Já o deputado federal Eli Borges (PL-TO) destacou que a caminhada serviu para reforçar "a maneira, a forma que a democracia aconteceu em 8 de janeiro". "Nós repetimos a mesma caminhada para provar que essa gente que estava aqui representa os que estão presos na defesa da brasilidade. É alguma minoria que fez bagunça, o governo que foi omisso e não cuidou do Palácio e do Supremo" disse Borges.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de Motta pautar ou não o PL da Anistia, o deputado declarou que ele "é fruto do voto popular". "E quem é fruto do voto popular, entende o clamor das ruas. E tem fé que ele vai pautar", acrescentou.
De acordo com o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), as pessoas estavam com receio de irem às ruas de Brasília e a caminhada mostrou um “povo pacífico e ordeiro”. “Nós fizemos uma caminhada pacífica e com certeza essa voz chegará aos ouvidos de Hugo Motta para que paute a anistia o mais rápido possível, com urgência. Anistia, já!”, disse.
O deputado Filipe Barros (PL-PR) ressaltou a “capacidade de mobilização de Bolsonaro” para reunir milhares de pessoas pela anistia.
“Foi uma manifestação na quarta-feira, no meio da tarde, convocada há poucos dias, que reuniu milhares de pessoas aqui, em Brasília. Mais uma vez, uma manifestação pacífica, que serve como pressão popular para que o Congresso Nacional vote finalmente a anistia humanitária aos presos políticos do dia 8 de janeiro, que estão presos injustamente”, disse Barros ao reforçar que nem os corruptos recebem penas de 17 ou 18 anos de cadeia.
Pressão ao Motta para pautar anistia
Nos discursos feitos na caminhada, os parlamentares cobraram uma atitude do presidente Hugo Motta para que ele paute com urgência o projeto da anistia.
À Gazeta do Povo, o vice-líder da Oposição, deputado Sanderson (PL-RS), afirmou que o Motta “está tentando fugir dessa pauta, mas ele não tem alternativa”. “Ou ele vai ter que colocar em pauta na semana que vem, ou no mês que vem, ou no semestres que vem, mas o fato é que ele tem que pautar, porque a maioria dos deputados querem que esse projeto de anistia seja votado”, disse.
Sanderson ainda reforçou que o andamento da CPI do INSS não deve atrapalhar a votação do projeto da anistia. “São duas frentes autônomas e independentes, CPI é uma coisa e o projeto da anistia é outra coisa bastante diferente. As duas coisas precisam ser levadas em consideração, porque ambos os projetos têm apoio popular, são pautas nacionais”, explicou.
O filho do ex-presidente Bolsonaro, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), defendeu que a proposta de anistia em discussão no Congresso deve ter como foco principal fazer justiça a pessoas que, segundo ele, estão sendo injustamente criminalizadas. Para o senador, há uma distorção na aplicação das leis, com a tipificação de crimes “inexistentes” e a imposição de penas desproporcionais. Ele critica especialmente casos em que atos como depredação de patrimônio público são enquadrados como atentados ao Estado Democrático de Direito.
Flávio afirmou que o projeto de anistia que tramita na Câmara, de autoria do deputado Capitão Alberto Neto, deve corrigir essas distorções, e rejeitou a ideia de negociar um texto que apenas reduza penas, sem reconhecer a inocência de pessoas que, na sua avaliação, não cometeram crimes. “A gente não pode concordar que pessoas que não fizeram nada tenham algum crime imputado injustamente e paguem por isso com pena menor. Isso não existe”, disse o senador.
Ele também classificou a atuação do Judiciário como uma “intervenção no Legislativo” e cobrou que a imprensa não normalize, segundo ele, esse tipo de interferência. Além disso, Flávio mencionou a importância da CPMI do INSS, destacando como prioridade a investigação de problemas no atendimento aos aposentados.