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O líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas (MA), decidiu nesta terça-feira (22) recusar o convite do presidente Lula (PT) para assumir o Ministério das Comunicações. O deputado chegou a aceitar o cargo e se reuniu com o petista no último dia 10.
Na ocasião, ele pediu que a posse só ocorresse após o feriado da Páscoa, mas agora voltou atrás. Segundo a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, Pedro Lucas alegou que precisava desse tempo para “encaminhar algumas questões pessoais” e outras relacionadas à liderança da bancada.
O motivo da rejeição seria o racha no partido que sua ida para o governo causaria. Em nota, o parlamentar agradeceu ao presidente, mas afirmou que vai "contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados".
"Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil", afirmou Pedro Lucas.
A rejeição do deputado impõe um constragimento a Lula em meio a incerteza de posicionamento da base do governo. O Planalto ainda não se manifestou sobre o anúncio. Além disso, a confusão do União Brasil pode diminuir o espaço do partido na gestão petista.
Uma nota assinada pelo presidente do União Brasil, Antônio Rueda, sobre a recusa de Pedro Lucas chegou a circular, mas o partido afirmou que encaminhará outro comunicado explicando a situação. A nota inicial teria sido divulgada por um erro de comunicação.
O líder do União na Câmara deveria substiruir o também deputado e ex-ministro Juscelino Filho (União-MA), que pediu demissão da pasta após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de desvio de emendas.
"Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá", disse Juscelino ao deixar o cargo.
Com a saída de Juscelino, o União Brasil tem como representantes na cúpula do governo o ministro do Turismo, Celso Sabino, e o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional do Brasil, Waldez Góes, que foi indicado ao cargo com o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), apesar de ser filiado ao PDT.
Veja a integra da nova nota assinada por Pedro Lucas
"Com espírito de responsabilidade e profundo respeito pela democracia brasileira, venho a público agradecer ao presidente Lula pelo honroso convite para assumir o Ministério das Comunicações. A confiança depositada em meu nome me tocou de maneira especial e jamais será esquecida.
Reflito diariamente sobre o papel que a política deve exercer: servir ao povo com compromisso, equilíbrio e coragem. Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil. Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados.
A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil. Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil.
Seguirei lutando pelo bem-estar de todos os brasileiros, especialmente daqueles que mais precisam. Continuarei atuando com firmeza no Parlamento, buscando consensos, defendendo a boa política e acreditando que o respeito às diferenças é o que fortalece nossa democracia."
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