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O procurador federal Gilberto Waller Júnior foi nomeado nesta quarta-feira (30) como novo presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), substituindo Alessandro Stefanutto, exonerado após a revelação de um esquema bilionário de fraudes que causou prejuízo estimado de R$ 6,3 bilhões a aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. A nomeação foi assinada pela ministra-chefe substituta da Casa Civil, Miriam Belchior, e ocorreu em edição extra do Diário Oficial da União nesta quarta.
Natural do Rio Grande do Sul, Gilberto Waller Júnior é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e possui pós-graduação em Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro. Ingressou no serviço público como procurador do INSS em 1998, tendo ocupado os cargos de corregedor-geral do instituto entre 2001 e 2004, e de subprocurador-geral de 2007 a 2008.
Sua trajetória inclui ainda passagens por diversos órgãos federais. Na Controladoria-Geral da União (CGU), atuou como ouvidor-geral da União de 2016 a 2019, e de corregedor-geral da União de 2019 a 2023, além de ter sido corregedor setorial nos ministérios da Fazenda, dos Transportes e da Integração Nacional.
Antes de assumir o comando do INSS, exercia o cargo de corregedor da Procuradoria-Geral Federal, órgão ligado à Advocacia-Geral da União (AGU).
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Entenda o caso da fraude no INSS
As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal revelaram a existência de um sofisticado esquema criminoso que operava dentro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para fraudar a concessão de benefícios previdenciários. Segundo os investigadores, o grupo atuava com apoio de servidores públicos e fazia uso de documentos falsificados, laudos médicos adulterados e acessos indevidos aos sistemas do instituto para aprovar aposentadorias e pensões ilegítimas.
O esquema, que funcionava desde 2019, causou um rombo estimado em R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos. A operação da PF identificou que a estrutura criminosa estava espalhada por diversos estados do país e que parte dos envolvidos tinha ligação com organizações criminosas. Foram concedidos ilegalmente milhares de benefícios, muitos deles utilizando nomes de pessoas inexistentes ou com vínculos fictícios de trabalho.
Durante a deflagração da operação, batizada de Falso Egide, a Justiça determinou o afastamento de cinco servidores do alto escalão do INSS, além da prisão preventiva de seis suspeitos e o bloqueio de R$ 50 milhões em bens. Os investigadores também identificaram que o esquema contava com uma rede paralela de contadores, despachantes e até médicos cúmplices, responsáveis por produzir os documentos necessários para enganar os sistemas de controle da Previdência.
O que o governo diz sobre o escândalo
Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou que os responsáveis pelos desvios devem ser punidos com rigor. “Quem roubou dinheiro de aposentado tem que ir para a cadeia. Não pode ter complacência com nenhum tipo de desvio de recurso público”, declarou o ministro, em resposta aos questionamentos de parlamentares da oposição.
Lupi também reconheceu falhas na condução das apurações internas dentro do próprio governo. Segundo ele, o processo de investigação demorou mais do que o desejado, o que permitiu que o esquema criminoso operasse por anos sem ser desarticulado. “Essa apuração levou tempo demais. Isso nos incomoda profundamente. A estrutura do INSS precisa ser mais ágil e transparente”, admitiu.
A fala de Lupi também foi interpretada como uma tentativa de afastar o governo Lula das irregularidades, já que parte dos desvios também teria ocorrido entre 2019 e 2022, período em que o INSS estava sob a gestão do governo Bolsonaro.
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