Ex-ministro Sergio Moro participa de reuniões políticas de olho nas eleições do ano que vem.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro faz em Brasília, nesta semana, uma segunda rodada de conversas políticas para definir sua eventual candidatura ao Palácio do Planalto em 2022. Ele desembarcou no Brasil há mais de 10 dias e desde então vem se reunindo com potenciais aliados para a disputa eleitoral.

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Segundo envolvidos nas articulações, mesmo que não seja candidato, Moro já sinaliza que irá participar do processo eleitoral do ano que vem na construção de uma candidatura para fazer frente à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na primeira rodada de conversas, Moro se encontrou com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e com membros do Movimento Brasil Livre (MBL). Antes, o ex-ministro da Justiça se reuniu com a cúpula do Podemos, partido ao qual tem convite para se filiar, no Paraná.

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“Ele ainda não se decidiu, mas também não disse que não será candidato. Ele continua conversando com autoridades. Interessado na disputa ele está”, afirmou o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), anfitrião de Moro durante a reunião com pesos-pesados do Podemos.

O partido é o principal entusiasta da candidatura de Moro ao Palácio do Planalto em 2022. Nomes do Podemos já vinham trabalhando desde julho para que o ex-ministro construísse uma rede de apoio a sua candidatura. À época, integrantes da sigla afirmaram que Moro só seria candidato se tivesse com um grupo consolidado.

Agora, segundo aliados do ex-ministro, ele pretende conversar com os envolvidos na construção de uma candidatura da chamada terceira via para mensurar a receptividade ao seu nome. Uma definição sobre a candidatura só será feita em novembro, que é quando encerra seu contrato de consultoria com a empresa Alvarez & Marsal, nos Estados Unidos. “Ele não precisou o dia, mas o mês seria novembro”, completou Oriovisto.

Aos seus aliados, Moro tem afirmado que só irá compor com candidatos e legendas que se comprometam em priorizar o combate à corrupção. Além disso, terá como pauta a defesa da aprovação da prisão após a condenação em segunda instância pelo Congresso.

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Doria sugere candidatura do ex-ministro ao Senado

No jantar em que se reuniu com o governador João Doria, Moro foi aconselhado pelo tucano a concorrer como candidato ao Senado pelo estado de São Paulo. A estratégia, no entanto, não é consenso entre os demais envolvidos nas articulações.

Doria tem admitido que não pretende abrir mão de sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2022, caso seja vencedor das prévias do PSDB. A resistência do governador de São Paulo tem gerado controvérsias dentro dos articuladores da chamada terceira via.

Pré-candidato pelo DEM, Mandetta tem afirmado que “aquele que busca apoio precisa estar disposto a apoiar também”. A mesma sinalização já foi feita pelo senador e pré-candidato pelo Cidadania, Alessandro Vieira (SE), com quem Moro deve se reunir nos próximos dias. O encontro deve ter ainda a participação da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Nomes do PSDB afirmam nos bastidores que a manobra de Doria em defender uma candidatura de Moro ao Senado por São Paulo seria em benefício próprio. Nos cálculos do tucano, uma composição com o ex-ministro poderia atrair os eleitores “lava-jatistas” para sua candidatura ao Planalto, além de fortalecer o nome do vice-governador Rodrigo Garcia, candidato à sucessão do governo de São Paulo.

O ex-ministro da Justiça, no entanto, não estaria convencido da estratégia, segundo o senador Oriovisto. “Ele afirmou que se for [candidato], será à Presidência. Essa história de disputar o Senado não está nos planos dele. Não procede”, disse.

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Depois de tentar filiar Bolsonaro, Patriota pode apoiar candidatura de Moro

Além do Podemos, membros do MBL também defendem que Moro deve se lançar na disputa como candidato ao Palácio do Planalto. O movimento controla o diretório do Patriota em São Paulo, e deve lançar uma série de candidaturas ao Legislativo pelo partido em 2022.

O grupo recebeu o aval da nova direção do Patriota, depois que Adilson Barroso, que presidia o partido, foi afastado de todos os cargos que ocupava na executiva. Barroso foi acusado pelo seus correligionários de “fraudar” o estatuto do partido para negociar de forma “individual” a filiação do presidente Jair Bolsonaro. Na época, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) chegou a assinar ficha para entrar na legenda, mas agora deve migrar para o PTB, com quem negocia a filiação do seu pai.

Presidido por Ovasco Resende, o Patriota se aproximou de Sergio Moro. “O Patriota conversará com todos que procurarem o partido. O presidente Ovasco está acompanhando isso”, admitiu Jorcelino Braga, secretário-geral do partido.

Com a recomposição, o partido deve atrair o deputado Kim Kataguiri, líder do MBL e atualmente filiado ao DEM. A sigla pretende lançar o nome do deputado estadual Arthur do Val ao governo de São Paulo numa composição que garanta palanque para Sergio Moro no estado.

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Durante o encontro com o ex-ministro nesta semana, membros do MBL afirmaram que tentam atrair para o Patriota o ex-candidato à Presidência João Amoêdo, com quem Moro também pretende se reunir nos próximos dias.

Fundador do Novo, Amoêdo vive um desgaste dentro da legenda. Recentemente, foi derrotado na tentativa de voltar ao comando da executiva. Ao jornal O Estado de São Paulo, Amoêdo, no entanto, afirmou que no momento não pretende deixar o Novo, mas irá trabalhar pela “terceira via”.

“Eu me coloquei à disposição para ajudar no Novo, a partir do diagnóstico de que o partido não está bem. Por enquanto vou continuar filiado. Deu muito trabalho fazer um partido diferente. Foram dez anos de dedicação. Mas, como filiado, fico restrito em como ajudar. Pretendo trabalhar com pessoas como Mandetta, Moro e (o general Carlos Alberto dos) Santos Cruz para encontrar a terceira via. Já passou da hora”, disse.

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