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De acordo com registro da Força Aérea Brasileira (FAB), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, e o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, pegaram carona em voos solicitados pelo Ministério da Fazenda, que é comandado por Fernando Haddad.
As caronas dos dois nos voos da FAB solicitados por Haddad foram primeiro noticiadas pela Folha de São Paulo, no domingo (11), e confirmadas pela Gazeta do Povo nesta segunda-feira (12).
Segundo os registros, o voo que levou Galípolo tinha sete passageiros e saiu no dia 28 de maio de 2024 de Brasília para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Além de Galípolo e Haddad, estavam no voo o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, e assessores.
O voo aconteceu dias depois de Galípolo ter participado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que resultou em votação dividida.
Na reunião, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros quatro integrantes votaram pelo corte de 0,25% na taxa de juros e saíram vencedores. Os quatro diretores indicados pelo presidente Lula votaram por uma redução de 0,50%.
Galípolo tem sido apontado como um dos favoritos a ser indicado por Lula para ocupar o lugar de Campos Neto.
Já o voo que levou o ministro do STF e ex-advogado de Lula, Cristiano Zanin, partiu de Congonhas, em São Paulo, no dia 20 de maio, para Brasília.
Três dias antes, Zanin havia suspendido por 60 dias decisão assinada por ele mesmo que derrubava a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia e municípios até 156 mil habitantes.
Além de Zanin e Haddad, o voo também levou a ministra do Planejamento, Simone Tebet; o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy; o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa; a secretária de Informação e Saúde Digital, Ana Estela Haddad —casada com o ministro da Fazenda— e assessores de Haddad, da Presidência e do STF.
O que diz o Ministério da Fazenda sobre as caronas
A Gazeta do Povo questionou o Ministério da Fazenda se as caronas dadas a Galípolo e Zanin poderiam alimentar boatos de possível comunicação informal entre os dois e o governo sobre decisões que envolveram a política econômica do BC e o andamento da ação sobre a desoneração.
Em nota, a pasta disse que “as vagas remanescentes podem ser ocupadas por qualquer cidadão”.
“As solicitações para vagas ociosas são preenchidas de acordo com a disponibilidade, no caso do ministério não preencher todas as vagas. Neste caso, sendo dois funcionários públicos, o preenchimento da aeronave ainda repercute em economia aos cofres públicos”, diz a nota do Ministério da Fazenda.
A Gazeta do Povo também procurou o ministro do STF, Cristiano Zanin, e o diretor do BC, Gabriel Galípolo, para comentar sobre o caso, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
O jornal permanece aberto para quaisquer comentários dos dois referentes ao tema.