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Até Ciro Gomes percebeu que pauta “progressista” da esquerda caviar é derrota eleitoral certa
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Ciro Gomes pode ser destemperado, populista, nacional-desenvolvimentista, oportunista e arrogante, mas não é idiota. Em entrevista ao GLOBO, em que justificou suas reações mais “enérgicas” e aproveitou para alfinetar o tucano Alckmin (“Dependendo da natureza da provocação eu reajo. Eu tenho que me comportar agora como o futuro presidente do Brasil, que eu quero ser. E o futuro presidente do Brasil não tem que mostrar temperamento de lesma, de ameba. Se não vai ser chamado de picolé de chuchu”), Ciro demonstrou perspicácia quanto à casca de banana da pauta “progressista” da turma do Leblon:

O senhor disse que é contra a descriminalização das drogas.

Eu não disse que sou contra, eu disse que não sou candidato a guru de costumes. Esse é um assunto tabu para grupos importantes da sociedade brasileira por quem eu tenho muito respeito.

Mas a questão dos costumes, até pelo posicionamento do primeiro colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro, vem balizando os debates.

A esquerda velha criou e está aperfeiçoando o Bolsonaro, porque ela desconhece a vida real brasileira. Você acha que o (Marcelo) Crivella seria prefeito do Rio de Janeiro se não fosse a estreiteza do PSOL?

Por quê?

A pretexto de ser o déspota esclarecido, ultraesquerda, o intransigente, acaba se descomprometendo com a realidade do povo. Por se achar muito mais inteligente do que todo mundo, muito mais moralista, muito mais danadão, resultado: é o Crivella o prefeito, e não o (Marcelo) Freixo. Você acha que o Crivella se elegeria prefeito de Fortaleza alguma vez na vida? Nem a pau, Juvenal. E o Rio de Janeiro, maior concentração de artistas por quilômetro quadrado, de intelectuais, de engenheiros, uma elite exuberantemente linda, criativa e olha a situação de vocês. Isso por causa do gueto da Zona Sul. Eu vou para as reuniões aqui (no Rio) e as pessoas não querem falar de emprego, de salário. Completamente voando da agenda do povo, querem exigir de mim compromisso de descriminalização de droga, porque “eu gosto de fumar minha maconha’. Nenhum problema, meu patrão, mas eu quero ser presidente do Brasil, e não guru de costumes.

Quem me acompanha sabe que não nutro simpatia alguma por Ciro. Muito pelo contrário: acho que ele representa o que há de pior em nossa política, um típico coronelzinho nordestino com viés autoritário, doido para ser um “déspota esclarecido” (e como falta esclarecimento, seria apenas um déspota mesmo). Mas isso não me impede de reconhecer que, aqui, Ciro demonstrou muito mais faro político do que seus pares da extrema-esquerda.

O PSOL, por exemplo, virou o partido preferido dos “jornalistas”, dos artistas e “intelectuais”, mas costuma ir mal nas urnas. O fenômeno já foi apontado em exaustão aqui: a esquerda caviar se fechou numa bolha cognitiva e perdeu qualquer elo com o povo. A turma do Projaquistão acha que as pautas relevantes para a população são legalizar drogas e aborto, colocar homem no banheiro das mulheres e ensinar ideologia de gênero nas escolas.

Ciro, que não é trouxa, sabe que esse discurso é furada, e que ajuda a turbinar a campanha de Bolsonaro. Para cada “lacrada” em favor da turma de Jean Wyllys haverá uma “mitada” a favor do capitão. A galerinha do Greg quer ser “guru de costumes”, e fala somente para a GNT People, para a elite culpada e alienada, que quer ser descolada e “prafrentex”. Mas o povo tem outra agenda, uma que Bolsonaro tem endossado quase sozinho. Alguém surpreso com sua liderança nas pesquisas?

Já disse antes que a esquerda caviar pariu a candidatura competitiva de Bolsonaro. Agora até mesmo um membro da esquerda radical reconhece isso.

Rodrigo Constantino

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