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Eletrolão seria a pá de cal do governo Dilma?
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O engenheiro Valter Cardeal, diretor da Eletrobras e braço-direito da presidente no setor elétrico: conluio com o tesoureiro João Vaccari Neto em Angra 3(Alan Marques/Folha Imagem/VEJA)

Dizer que Dilma vive seu inferno astral não é o mais adequado, pois o termo remete aos astros, e os problemas de Dilma foram quase todos plantados pela própria presidente. Mas a expressão captura uma coisa verdadeira: Dilma enfrenta sua pior fase no poder, envolta em escândalos que se aproximam cada vez mais do Planalto e de sua campanha eleitoral, com problemas no TCU por suas “pedaladas fiscais” que ferem a Lei de Responsabilidade Fiscal, sem apoio no Congresso e rejeitada por quase toda a população brasileira.

Como se tudo isso não bastasse, temos agora o surgimento do “eletrolão”, após o mensalão e o petrolão. Reportagem da VEJA mostra como a estatal do setor elétrico também teria abastecido os cofres da campanha de Dilma com propinas. Segundo a delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, a negociação do contrato de construção da Usina de Angra 3 serviu para que Valter Luiz Cardeal, diretor da Eletrobras que tem livre acesso ao gabinete da presidente, cobrasse do consórcio de construtoras “doação” à campanha petista do ano passado.

Para piorar o quadro, do ponto de vista do PT, naturalmente, a presidente Dilma reage a tudo isso de forma intempestiva, isolada e arrogante. Falta ao PT o mínimo de coordenação na defesa, e falta à presidente que possui míseros 9% de aprovação o mínimo de humildade para colocar os pés no chão e dialogar com sua base “aliada” e também a oposição. Dilma prefere chamar de golpistas aqueles que desejam aplicar as leis e repete que não vai cair, em vez de tentar articular de forma mais inteligente com o próprio PMDB.

O Brasil agradece a falta de tarimba da presidente. Por mais traumático que seja um processo de impeachment, como tem feito questão de lembrar o ex-presidente Fernando Henrique, o fato é que o povo não aguenta mais o governo petista. Não há chance, também, de a crise econômica aliviar enquanto o PT estiver no poder. Os petistas simplesmente não têm condições, capacidade e desejo de reverter de verdade os rumos da economia. Eles acreditam na nova matriz macroeconômica!

Juntando tudo no liquidificador, aumentam muito as chances de Dilma não completar seu segundo mandato. Segundo Lauro Jardim, em sua coluna Radar, já há banqueiro afoito fazendo planos para os próximos anos sem o PT no governo, e gente do PMDB também afoita e avaliando qual seria o ministério de Michel Temer como presidente. A política nacional está agitada, e não bastará a Dilma repetir que não vai cair para preservar sua cabeça. O eletrolão pode ser a pá de cal de seu governo, a cereja que faltava no bolo. Uma foto de VEJA desta semana captura com perfeição a situação de Dilma:

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O discurso pode ser o de tranquilidade, mas a linguagem corporal mostra algo bem diferente: Dilma está tensa, sabe que pode cair a qualquer momento. Mas não há uma saída de emergência à sua disposição. Ou, por outra: ela terá de simplesmente pular, sem paraquedas. Sua única saída com algum resquício de dignidade seria a renúncia. Mas quem acredita que Dilma possa ter tal ato nobre em prol do país?

Rodrigo Constantino

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